A solicitação de reabertura da porta de atendimento de Urgência e Emergência no Hospital João Penido, localizado no Bairro Grama, continua sem uma resposta definitiva. Os moradores da Zona Nordeste que necessitam de atendimento médico precisam se deslocar até a Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Santa Luzia, na Zona Sul. Em outubro do ano passado, a demanda da população foi reapresentada em uma audiência pública na Câmara Municipal, quando a Prefeitura manifestou o interesse de retomar o serviço na unidade. A última proposta feita pelo Executivo levaria em consideração, conforme o Conselho Municipal de Saúde, um incentivo de R$ 100 mil, com mais R$ 50 mil por produção mensalmente, com valores detalhados em planilha. No entanto, a contraproposta da direção do João Penido teria levantado um valor muito mais alto. Para reabrir a Urgência e Emergência, a administradora do hospital, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), afirma ser preciso um investimento de R$ 1 milhão mensal.
Na ocasião da audiência, ficou acordado que comissões compostas por vereadores e membros da sociedade civil organizada acompanhariam as negociações entre a direção do hospital e a Prefeitura. A intenção é disponibilizar atendimento 24 horas de clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, que são as especialidades médicas mais necessitadas pela população, além da presença de leitos de descanso e uma sala laranja, que estariam previstos dentro do protocolo de Manchester. Para cobrar o atendimento de urgência para a região Nordeste, a população marcou uma manifestação para essa terça-feira (10), às 9h, em frente ao Hospital.
“Sentimos uma dificuldade grande por parte do hospital. Eles não explicaram onde esse valor (R$ 1 milhão) seria empregado. Depois, afirmaram que marcariam uma reunião com técnicos, mas não passaram ainda os resultados desse encontro. Aguardamos para ver como vai ficar essa situação. O que sabemos é que a população da Zona Nordeste precisa muito desse atendimento, mas há essa negativa por parte do hospital”, lamenta o presidente da comissão do Conselho Municipal de Saúde designada a acompanhar os trâmites, José Roberto da Silva.
De acordo com o vereador Marlon Siqueira (MDB), a contraproposta do Hospital João Penido inviabiliza o projeto. “Esse valor equivaleria ao de uma UPA. A regulamentação da Rede de Urgência e Emergência (RUE) diz que não caberia uma quarta UPA na cidade. Pelo nosso censo, de acordo com o nosso número de habitantes e de atendimentos, teríamos direito a duas Unidades, mas temos três em função do atendimento das cidades vizinhas. O município não teria repasse do Ministério para uma quarta UPA por essas regras. Então, essa é uma proposta incabível, por isso, continuamos debatendo o assunto.”
O vereador considera que a Zona Nordeste tem crescido muito e está geograficamente distante do Centro. “Ter o atendimento no João Penido, que tem ótima estrutura, ajudaria a desafogar a UPA de Santa Luzia. No passado tivemos essa porta aberta, gostaríamos muito que ela fosse reaberta e vamos batalhar por isso.” Há ainda, de acordo com o legislador, uma proposta de firmar uma parceria com a Faculdade de Economia e Administração da UFJF, para analisar as duas planilhas.
Em nota, a Fhemig disse que a proposta de repasse de recursos feita pela Prefeitura foi considerada inviável pelo corpo técnico do hospital, diante dos serviços que serão demandados. “Ressaltamos que Juiz de Fora tem a gestão plena do SUS e compete ao gestor municipal buscar outros meios para efetivação dos serviços de pleno atendimento às urgências e emergências, podendo, inclusive, utilizar espaço físico deste hospital, tal como já fora ofertado, desde que a prestação de serviço seja gerida pelo município, com pessoal e estrutura próprios.”
A Prefeitura também se manifestou sobre o assunto por nota, informando que a Secretaria de Saúde se reuniu com a equipe do Hospital João Penido para iniciar os estudos de redimensionamento das necessidades de pessoal, equipamentos, insumos e medicamentos.
Expectativa de avanços
Outra sugestão que surgiu na audiência realizada em outubro foi a possibilidade de manter uma ambulância do Samu nas dependências do João Penido. A ideia é agilizar o atendimento de urgência. “As viaturas saem de perto da rodoviária. Se alguém em Filgueiras sofre um acidente, a viatura precisa sair da base e ir até lá. Se o veículo já estiver na região, o tempo de resposta será muito maior”, destacou o vereador Marlon Siqueira. Ele ainda disse que a administração do hospital relutou no início. “O que precisamos é apenas do espaço físico, e eles responderam que há grandes chances de aprovação.”