Asuperlotação do Ceresp volta a chamar a atenção. Projetada para abrigar 332 detentos, a unidade prisional tem hoje 990 acautelados, segundo dados da assessoria de comunicação da Secretaria de Estado e Defesa Social (Seds). A preocupação é que o quadro seja o estopim para novos motins,como o ocorrido em agosto passado, quando a unidade tinha a mesma lotação. A situação alertou a Subseção da Ordem do Advogados do Brasil (OAB) da cidade, que irá encaminhar ofício hoje ao Tribunal de Justiça da Minas Gerais (TJMG), pedindo inspeção e interdição do cadeião.
De acordo com o presidente da Subseção Juiz de Fora da OAB, Denilson Clozato, estimativas extraoficiais dão conta de que o Ceresp da cidade teria hoje cerca de 1.100 presos. “O quadro é preocupante e vem chamando nossa atenção, inclusive com denúncias de agressões físicas a presos. Como ocorreu a interdição do Ceresp da Gameleira, em Belo Horizonte, vamos interpelar as câmeras do TJMG para que a mesma decisão aconteça em Juiz de Fora”, afirmou. Segundo Denilson, o ofício será enviado hoje a Belo Horizonte, com uma cópia para a Vara de Execuções Criminais da cidade. O Ceresp da Gameleira não poderá receber novos detentos por decisão da Justiça. De acordo com a nota divulgada pela Seds, atualmente, o local tem 1.500 presos no espaço destinado a 404 pessoas.
De acordo com o juiz da Vara de Execuções Criminais, Daniel Raché, após o motim do ano passado, com a transferência de presos já condenados, na virada deste ano, a unidade esteve com 750 detentos. “Apesar deste ainda ser um número alto, pretendemos voltar a esta lotação ou menos em breve. As transferências dos condenados, que hoje são cerca de 200, estão acontecendo em um ritmo razoável, o que ajuda a desafogar a unidade.”
Familiares de detentos ouvidos pela Tribuna denunciam que o clima na unidade de Juiz de Fora é tenso. A mãe de um preso afirmou que há celas com mais de 20 presos. Isto inflama os ânimos, é um barril de pólvora que pode estourar a qualquer hora”.
Droga em garrafa
Esta semana um episódio também chamou atenção no Ceresp. Agentes penitenciários flagraram a entrada de uma garrafa térmica com mais de meio quilo de maconha.O vasilhame seria entregue pela empresa que fornece os alimentos na unidade. Segundo o delegado regional Luciano Vidal, filmagens de uma câmera interna da empresa flagrou um funcionário, que era encarregado para fazer o carregamento do caminhão, pegando uma garrafa e levando até o veículo. “Isto nos leva a crer que ele tenha sido o responsável pelo fato, mas a investigação será passada para a delegacia Antidrogas.”