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JF tem o maior número de mortes no bimestre em sete anos

cemiterio municipal by fernando priamo
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Juiz de Fora registrou 1.016 óbitos entre janeiro e fevereiro deste ano, conforme informações do Portal da Transparência do Registro Civil. O número é o maior verificado na série histórica dos últimos sete anos e representa aumento de 40% em comparação com as mortes registradas no primeiro bimestre do ano passado, quando ainda não havia casos de Covid-19 na cidade. A situação impactou no crescimento da demanda e no maior ritmo de trabalho dos profissionais, mas o sistema funerário local afirma que não está em colapso.
Na Funerária Filgueiras, a média de atendimentos mensais segue entre 110 e 115, o que é considerado “dentro da normalidade” pelo estabelecimento. De acordo com a administração, o aumento de mortes na cidade não implicou na necessidade de novas contratações ou na falta de insumos e equipamentos para a prestação do serviço.

Situação semelhante é observada na Funerária Santa Cruz, que manteve o mesmo quadro de funcionários de antes da pandemia, com um total de 12 trabalhadores, e não tem apresentado dificuldades para a realização dos atendimentos.

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A Tribuna entrou em contato com a Funerária Candelária, mas o responsável não estava no local. Já a assessoria da Funerária da Santa Casa de Misericórdia, também responsável pelas informações sobre o cemitério Parque da Saudade, informou que, até o momento “não houve aumento a da demanda e, por isso, não foi preciso contratar novos profissionais nem há falta de insumos.”

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Maior ritmo de trabalho e anseio por vacinação

Para os coveiros do Cemitério Municipal, o aumento de óbitos na cidade acarretou em maior ritmo de trabalho. “Estão todos exaustos no sentido de cansaço, como vem acontecendo com os profissionais da saúde”, compara o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana (Sinteac), entidade que representa a categoria, Sérgio Felix.

Segundo ele, o cansaço é físico e, também, psicológico. “Existe muito medo da contaminação, já que os trabalhadores ainda não foram vacinados. Nosso pedido é para que os funcionários do cemitério sejam imunizados o quanto antes.” No local trabalham 38 pessoas, sendo 14 coveiros.

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Afirmando que a cidade não vive um colapso no sistema funerário, como já vem ocorrendo em outros municípios brasileiros, Sérgio não descarta que a situação possa acontecer se não houver redução na contaminação da Covid-19. “Não há falta de covas, caixões, trabalhadores. Mas se as mortes continuarem aumentando, isto poderá acontecer.”

180 sepultamento por Covid-19 no Municipal

Em nota encaminhada à Tribuna, a assessoria da Secretaria Municipal de Obras (SO), responsável pela administração do Cemitério Municipal, informou que o aumento na quantidade de óbitos entre janeiro e fevereiro deste ano refletiu nos números de sepultamentos do Cemitério Municipal. “Comparando com começo dos quatro últimos anos pré-pandemia, o acréscimo no número de sepultamentos saltou de uma média de 360 enterros nos dois primeiros meses dos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 para 489 sepultamentos em janeiro e fevereiro de 2021, o que representa um aumento de 35,83% em relação ao mesmo período do quadriênio anterior”, detalha o texto.

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Ainda conforme a pasta municipal, dos 489 sepultamentos realizados no Cemitério Municipal nos dois primeiros meses deste ano, 180 foram de pessoas falecidas por conta do Covid-19, 36,81% do total. “O cemitério tem se preparado para momentos como estes, trabalhando para aumentar sua capacidade. Seis covas rasas extras estão sendo abertas por dia para suprir a demanda. Atualmente, o Cemitério Municipal tem capacidade para fazer todos os atendimentos, porém a atuação da Prefeitura de Juiz de Fora vem sendo de suma importância não só para evitar a exaustão do sistema funerário como, principalmente, para evitar maiores problemas no atendimento hospitalar aos contaminados.”

Realidade do sistema vira alvo de polêmica

No último domingo (7), durante entrevista coletiva à imprensa, a prefeita Margarida Salomão (PT) anunciou que a cidade passaria para a faixa roxa, a mais restritiva do programa “Juiz de Fora pela Vida”, sendo estabelecido o lockdown. Na ocasião, ela explicou que a decisão era motivada pela realidade observada nos leitos hospitalares e no sistema funerário, conforme noticiado pela Tribuna de Minas.

A prefeita relatou que pacientes que buscaram por internação precisaram ser transferidos para outras cidades.” A situação se agravou tanto nas últimas horas que estou sendo obrigada a tomar medidas extremas. Nesse momento, em Juiz de Fora, 100% dos leitos de UTI estão ocupados e estão exaustos também os recursos de saúde da região. A situação é tão grave que também começamos a ter uma exaustão do sistema funerário.”

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Na segunda-feira (8), o vereador Sargento Mello Casal (PTB) divulgou vídeos nas redes sociais rebatendo a afirmação sobre o sistema funerário. “Isso (a exaustão do sistema) me deixou muito preocupado, então saímos a campo”, diz em um dos vídeos. Ele informou que conversou com funcionários das quatro funerárias que atuam na cidade e com a administração do Cemitério Municipal, sendo constatado que não há o colapso do sistema.

Nesta terça (9), em entrevista à Tribuna, ele detalhou que teve acesso aos dados que indicavam a normalidade dos atendimentos em todos os locais visitados. Mello disse, ainda, que irá solicitar esclarecimento à Prefeitura sobre a declaração. “Queremos saber se foi uma informação que foi passada erroneamente à prefeita ou um terrorismo social. Dependendo do encaminhamento, poderemos acionar o Ministério Público.”

Ele também justificou que o fato de afirmar que “não faltam caixões na cidade” é apenas “o resultado de um trabalho de fiscalização” e não significa desrespeito à pandemia ou às famílias enlutadas. “Dizer que não há falta não significa que a população pode morrer.”
Em nota oficial emitida nesta terça, a Prefeitura lamentou o que considerou “insensibilidade” da parte do vereador, citando o aumento de 40% do número de mortes na cidade, conforme os dados do Portal da Transparência de Registro Civil. “Lamentamos a falta de sensibilidade do vereador diante da dor de tantas pessoas bem como manifestamos também nossa solidariedade às famílias dos 856 juiz-foranos e juiz-foranas que perderam seus entes queridos em função da Covid-19, tais como Hugo Borges, Zé Kodak, Monsenhor Miguel Falabella, entre tantos outros e outras.”

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O texto segue dizendo que “repudiamos que situação tão dolorida possa ser usada como oportunidade de disputa política quando, nesse momento, todas as forças da cidade devem se unir para derrotar a pandemia e retomar o progresso.

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