Atualizada às 20h44
Passageiros de um ônibus da Viação Santa Luzia linha 103-Filgueiras viveram momentos de pânico durante o esfaqueamento do motorista, 42 anos, seguido de sequestro do coletivo, na manhã de domingo (8), na Avenida Juiz de Fora, na altura do Bairro Parque Guarani, Zona Nordeste. De acordo com a Polícia Militar, por volta das 9h, um homem de 40 anos entrou no veículo e teria perguntado ao condutor se o ônibus iria para determinado destino. Diante da resposta negativa, o criminoso desferiu três facadas contra o motorista, sendo uma delas profunda no tórax e as outras nos braços. Ele assumiu a direção no sentido Grama, dirigindo de forma perigosa, inclusive em zigue-zague, colocando em risco várias vidas. Apesar da gravidade do fato, o suspeito, que foi preso pela PM, não teve o flagrante confirmado e está solto.
Conforme o documento policial, a vítima esfaqueada disse aos militares que não conhece o homem e nunca teve qualquer contato com ele. A companheira do suspeito, 45, estava com ele antes do crime em um ponto de ônibus da Avenida Juiz de Fora e contou à PM que ele a havia chamado naquele dia para ir embora para a cidade dele. Após fazer sinal para o coletivo, o homem entrou no veículo solicitando que o motorista o levasse até o município, o qual a mulher não soube informar o nome. Ao ser informado de que o veículo não fazia o trajeto desejado, ele sacou uma faca da cintura e desferiu os três golpes na vítima.
A vítima conseguiu desembarcar antes de o bandido seguir pela avenida. Ela foi socorrida por populares e encaminhada ao Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, onde, segundo a PM, passou por cirurgia. O motorista permaneceu internado na enfermaria nesta segunda, conforme a assessoria da unidade.
Uma mulher, que estaria acompanhando o suspeito, e outros passageiros também conseguiram deixar o veículo, mas a maioria dos ocupantes ficou refém do sequestrador. A ocorrência inusitada e de extrema periculosidade mobilizou várias viaturas da Polícia Militar, com apoio do helicóptero Pégasus, que sobrevoou a região chamando a atenção de moradores. O coletivo foi interceptado pelo cerco já na altura de Grama. Os militares deram ordens para que o condutor saísse do veículo, porém ele permaneceu imóvel. Diante do iminente perigo, já que o homem estaria armado com faca, e o coletivo estava com passageiros, os policiais decidiram entrar no ônibus e conseguiram deter o criminoso por meio de técnicas de imobilização. A faca usada na ação criminosa, com cerca de 15cm de lâmina, estava caída próxima ao assento do motorista e foi apreendida.
Conforme a PM, nenhum passageiro ficou ferido. O suspeito recebeu voz de prisão em flagrante e foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) para avaliação psicológica. Segundo o registro policial, o homem apresentava fala desconexa e não informou o motivo da atitude tomada. Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, exames constataram que ele possui problemas psiquiátricos. Diante disso, ele ficou internado na enfermaria para ser acompanhado por um especialista.
No entanto, nesta segunda, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde informou que o suspeito chegou ao HPS sem escolta, foi atendido pelo setor de psiquiatria, estabilizado, e, à noite, disse não querer mais ficar no hospital. Ele assinou termo de compromisso e foi liberado. De acordo com a titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil, Bianca Mondaini, que começou a investigar o caso ontem, como o suspeito não teve o flagrante de lesão corporal ratificado pelo delegado de plantão, ele não precisava ficar sob escolta na unidade de saúde.
Conforme a delegada, um dos pontos que precisam ser esclarecidos é se o homem realmente é paciente psiquiátrico. Além disso, ela pretende modificar a natureza da ocorrência para tentativa de homicídio, por conta da gravidade dos ferimentos do motorista do coletivo. “Vou ouvir novamente todas as partes envolvidas, já que ficaram muitos pontos a serem esclarecidos. Dependendo do que a investigação apontar, irei pedir a prisão preventiva do autor, que pode representar perigo real para a sociedade. Este inquérito é prioridade na 4ª Delegacia”, comentou.
Demora no plantão
A ocorrência envolvendo a prisão em flagrante do suspeito de esfaquear o motorista e sequestrar o ônibus causou indignação em alguns policiais militares, que reclamaram, em redes sociais, sobre a lentidão no atendimento do plantão da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha. A delegada regional, Sheila Oliveira, informou que a ocorrência foi entregue às 14h, mas que havia outros dois flagrantes na fila e, devido à demora dos procedimentos, o caso acabou sendo atendido pelo próximo delegado de plantão, que assumiu às 19h. “A atividade do plantão foi regular”, afirmou a delegada, reconhecendo que a falta de efetivo leva à demora no atendimento quando há acúmulo de ocorrências. A situação foi mostrada pela Tribuna em matéria publicada no dia 26 de fevereiro. Na ocasião, a Polícia Civil informou que há projeto em andamento para a criação de uma segunda delegacia regional no município.