O número crescente de casos de febre amarela tem feito com que a população busque formas de se proteger da doença. Em Juiz de Fora, unidades de saúde e clínicas particulares ficaram sem doses da vacina devido à alta procura por imunização. No entanto, essa não é a única maneira de se prevenir contra a doença, que é transmitida da mesma forma que a dengue, a zika e a chikungunya: por meio do mosquito infectado. Especialistas alertam para a importância de se combater a presença do inseto e do uso do repelente.
“No Brasil, a febre amarela é transmitida pelos mosquitos das espécies Haemagogus, Sabethes e Aedes aegypti. Os dois primeiros estão presentes em regiões de mata, e o Aedes, que também transmite a dengue, é urbano”, explica o infectologista chefe do setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente do Hospital Universitário da UFJF, Rodrigo Daniel de Souza. Para ele, a melhor forma de se prevenir é impedir a existência dos transmissores. “Deve-se combater os focos, evitando a proliferação dos mosquitos. Aqueles dez minutos gastos no entorno da casa são pouco perto da periculosidade da doença. Deve-se denunciar possíveis focos de Aedes na vizinhança, o que evita a dengue e também a febre amarela”.
O especialista pontua que nem sempre é possível evitar o contato com o mosquito infectado. Nesses casos, o ideal é se proteger das picadas. “As pessoas estão preocupadas com a vacina, porque imuniza durante muito tempo e faz efeito em poucos dias. Mas a população deve se utilizar de telas, cortinas e, principalmente, repelentes. A substância tem cheiro ruim e deixa uma camada na pele, que serve de proteção para todas as espécies de mosquito. O ideal é usar o produto nas regiões mais expostas, principalmente por cima das roupas, na região do tronco”. No entanto, Souza destaca que a utilização de perfumes e outros produtos na pele pode atrair os transmissores. Por isso, é preciso aplicar o repelente por último para que o produto faça efeito.
Repelentes
Apesar de os repelentes serem mais uma arma para a prevenção da doença, não tem havido procura específica nas farmácias. Segundo a farmacêutica da Pague Menos, Lupércia de Castro Carvalho, o estabelecimento aumentou o estoque em 150% por conta da dengue. Com isso, há produtos disponíveis nas prateleiras. “Temos diversos produtos, e nos preparamos porque as pessoas têm cuidado maior com picadas de insetos depois do surto de dengue”.
Na Droga Lessa, a procura por repelentes aumentou cerca de 20%, conforme o gerente Carlos Roberto de Resende. “Desde janeiro, a procura aumentou, mas não se compara ao ano passado. Como ainda não houve casos confirmados da doença na nossa região, a população não tem questionado muito sobre a febre amarela, mas temos orientado os clientes com relação às especificidades de cada produto”.
Como se dá a transmissão
A população ainda tem dúvidas sobre como ocorre a transmissão da doença. A relação dos macacos com a febre amarela também causa questionamentos, mas o infectologista explica que os macacos não devem ser culpados e ressalta que o “vilão” é o mosquito. “O mosquito é capaz de transmitir o vírus em duas semanas e não morre depois que é infectado. Já o macaco atua como um intermediário: se ele tiver o vírus, o mosquito adquire e passa para o humano. Se uma pessoa pega o vírus pela picada, durante sete dias ela tem uma quantidade de vírus suficiente para infectar outros mosquitos e espalhar a doença”. Por isso, de acordo com Souza, não é preciso exterminar os macacos, mas é importante investigar as causas da morte desses animais em momentos de surto, pois eles podem demonstrar a existência da doença.