*Atualizada às 16h22
Mais de 22 mil pontos de LSD, 3.450 comprimidos de ecstasy e 1,6 kg do princípio ativo desta droga conhecido como MD foram apreendidos pela Polícia Civil em um apartamento na Avenida dos Andradas, no Morro da Glória, na região central. A maior apreensão de drogas sintéticas da história de Juiz de Fora aconteceu na noite de quarta-feira durante a operação “Bomboniere”, deflagrada pela Delegacia Especializada Antidrogas. A investida divulgada nesta quinta (9) resultou na prisão em flagrante por tráfico de um jovem de 22 anos, que comercializaria os entorpecentes por meio de redes sociais, como Facebook e WhatsApp. Natural de Rio Novo, ele morava há cerca de dois anos no imóvel alugado e trabalhava como auxiliar de xerox em uma faculdade particular. As drogas avaliadas entre R$ 1,2 e R$ 1,5 milhão vinham de Porto Velho, em Rondônia, via Correios.
As embalagens e o próprio comércio não chamariam a atenção, já que esse tipo de entorpecente tem pouco volume e odor. As correspondências estavam endereçadas a outro nome, possivelmente para disfarçar no caso de uma interceptação. O remetente ainda será investigado, mas o delegado responsável pelo caso, Rafael Gomes, acredita que possa se tratar de um laranja. O titular da Antidrogas informou que o suspeito detido faria a distribuição dos produtos a outros traficantes menores e também diretamente a usuários do município e de cidades vizinhas. Segundo ele, as drogas sintéticas já teriam se disseminado na noite, sendo consumidas por pessoas de todas as classes sociais e não só em festas raves, mas também em boates e eventos particulares. “Esse tipo de droga acabou se espalhando pela noite de Juiz de Fora, então esse combate se faz necessário.”
Ele acrescentou que apesar das investigações, iniciadas há dois meses, já apontarem o rapaz como o maior fornecedor da região, a quantidade de entorpecentes encontrada no apartamento dele surpreendeu. O trabalho continua para identificar outros envolvidos e a origem das drogas sintéticas. O tráfico internacional não está descartado. “As drogas vinham prontas, e ele as embalava para serem vendidas”, explicou o delegado, acrescentando que já existiriam laboratórios dessas substâncias no Brasil.
Também foram apreendidos materiais de embalagem, balança de precisão, R$ 400 e celular. “O MD vem embalado à vácuo. Ele é pesado e comercializado em saquinhos de um grama”, disse Rafael, estimando o valor da venda de cada unidade entre R$ 100 e R$ 400. “Essa droga conhecida como MD causa euforia, perda do sono e se espalhou pela noite do Brasil inteiro.” Já cada um dos 22.100 pontos de LSD seriam vendidos entre R$ 50 e R$ 60, enquanto os comprimidos de ecstasy seriam repassados entre R$ 30 e R$ 50. “Não se tem registro de uma apreensão pretérita na cidade maior do que essa. Ele distribuía para diversas pessoas, que por sua vez revendiam para usuários, formando uma cadeia. Nessa operação, fomos direto no traficante principal”, enfatizou o policial. O notebook do suspeito foi apreendido para ser analisado.
Ainda segundo o delegado, a abordagem aconteceu em uma lanchonete na Andradas. O jovem teria marcado encontro com um usuário no estabelecimento e foi conduzido até seu apartamento. As drogas estavam em várias partes do quarto, inclusive em uma espécie de fundo falso no colchão. O usuário foi levado para prestar depoimento na delegacia, sendo ouvido e liberado. Já o morador, teve o flagrante confirmado por tráfico, sendo encaminhado ao Ceresp. Conforme Rafael, a pena prevista é de cinco a 15 anos de reclusão, mas a punição pode ser aumentada se ficar comprovada a transnacionalidade da atividade criminosa.
Tráfico levou baque de R$ 3 milhões
Para a delegada regional, Patrícia Ribeiro, com mais essa operação da Delegacia Antidrogas, o tráfico local levou um prejuízo aproximado de R$ 3 milhões. Além da maior apreensão de substâncias sintéticas realizada na quarta-feira, no dia 1º a especializada já havia recolhido 23kg de pasta base de cocaína, avaliados em R$ 1,5 milhão, em uma casa entre os bairros Alto dos Passos e Mundo Novo, na Zona Sul. Na ocasião, dois jovens cearenses de 22 anos foram presos quando chegavam à residência alugada na Rua Onofre Mendes em um Fiat Palio. Outro homem, 29, apontado como um dos possíveis proprietários da pasta base acabou capturado pela PM na Zona Norte e flagrado com mais de R$ 22 mil. Conforme as investigações, a droga teria entrado no Brasil pela fronteira da Bolívia com o Mato Grosso e teria chegado a Juiz de Fora no fundo falso de um caminhão de transporte de cestas básicas.
“Esse foi mais um serviço de inteligência da nossa Delegacia Regional. Foi feita a maior apreensão de drogas sintéticas da cidade, com um valor estimado bem alto. Somando à operação feita recentemente, acreditamos que o tráfico teve um prejuízo de R$ 3 milhões”, analisou Patrícia. Ela falou sobre a importância da população contribuir com denúncias anônimas por meio do telefone 181, do Disque-Denúncia Unificado (DDU). “Pedimos que as pessoas façam uso do DDU para auxiliar as nossas investigações. É muito importante a participação da sociedade no nosso trabalho.” O novo chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira Costa, afirmou que as ações contra o tráfico continuam. “Vamos intensificar esse tipo de trabalho. O objetivo é prender os autores e tirar essas drogas de circulação.”
As valiosas apreensões recentes de drogas em Juiz de Fora reforçam que a cidade continua sendo rota do tráfico e ponto estratégico de distribuição de entorpecentes. No dia 3, outro grande carregamento foi interceptado, desta vez pela Polícia Militar Rodoviária (PMR), no posto de fiscalização de Grama, no km 70 da MG-353. Os 300kg de drogas, entre tabletes de maconha e de pasta base de cocaína, estavam no bagageiro de um ônibus sem passageiros. O motorista, 30, tentou fugir, mas acabou preso. Ele revelou que teria pego a encomenda na favela de Paraisópolis, em São Paulo, para entregá-la em um posto de combustíveis na entrada de Viçosa (MG). O homem receberia R$ 15 mil pelo transporte.