As represas que abastecem Juiz de Fora conseguiram passar pelos meses de estiagem em situação um pouco melhor do que a observada em 2014, quando a crise hídrica já assustava. De acordo com a Cesama, o manancial João Penido, ainda o principal em atividade na cidade, teve índice mínimo de 19%, sendo que, no ano passado, chegou a alcançar 18% em novembro, e agora está com 21%. São Pedro, que chegou a ficar completamente seca, agora está com 36,9% de água acumulada, conforme atualização da companhia divulgada na última sexta-feira. Na avaliação do diretor técnico-operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo, as últimas pancadas de chuvas, típicas do período, mostram tendência de subida nos níveis das represas a partir de agora. No entanto, a situação ainda é crítica e, mesmo que chova dentro do esperado ao longo do próximo ano, João Penido, ainda assim, não terá uma recuperação plena em 2016. Por esta razão, a empresa pública ainda não pensa na hipótese de suspender o rodízio do abastecimento, em vigor desde outubro do ano passado.
A preocupação da Cesama, no início do ano, era garantir abastecimento para toda a população sem grandes transtornos, de forma que sobrasse água até a nova temporada de chuvas. As estimativas, porém, mostravam que João Penido poderia chegar a apenas 13% de acumulação, índice nunca alcançado. No caso de São Pedro, o planejamento foi feito para que, embora com nível baixo, ela não secasse, fato que não ocorreu. Para chegar a patamares superiores ao esperado, a Cesama enumera uma série de fatores. Entre eles, a entrada das águas de Chapéu D’Uvas no sistema, manobras operacionais na rede, o rodízio do abastecimento, que gerou economia média em torno dos 6%, otimização no tratamento das águas e chuvas não previstas, como as observadas no mês de setembro. Segundo o diretor de Desenvolvimento e Expansão da companhia, Marcelo Mello do Amaral, em janeiro de 2015, João Penido tinha 60,45% menos água do que em janeiro de 2014, quando as chuvas já estavam abaixo da média. Esta diferença foi caindo ao longo do ano, gradativamente, até praticamente zerar no fim de outubro, quando chegou a 3,96%, ou seja, no final de outubro deste ano estava com 22% de sua capacidade, enquanto, em igual período do ano anterior, estava com 25,96%.
Aposta para 2016
Para evitar outros transtornos em 2016, os diretores da companhia apostam na maior utilização de Chapéu D’Uvas para poupar João Penido, 11 vezes menor. “O braço da adutora, que vai levar água de Chapéu D’Uvas para a ETA (Estação de Tratamento de Água) Marechal Castelo Branco, em João Penido, já teve a obra iniciada. A previsão é concluir em março. Nossa ideia, a partir de então, é distribuir água tanto para a Marechal Castelo Branco como para a ETA-CDI, no Distrito Industrial”, explicou Marcelo. Desta forma, João Penido que deveria liberar cerca de 800 litros de água por segundo na rede e atualmente trabalha com 550, pode ter sua demanda reduzida à metade. “Não consigo esconder minha satisfação quando analiso os números atuais. A verdade é que estamos em situação totalmente sob controle, diferente de outros municípios”, avalia Márcio Pessoa, reiterando que, no entanto, o quadro ainda não é de tranquilidade.
Rodízio ainda não pode ser suspenso
Os diretores da Cesama dizem que ainda é precoce dar qualquer previsão para suspender o rodízio do abastecimento de água, em vigor desde outubro do ano passado. Para que isso aconteça, segundo eles, é preciso que os mananciais se recuperem para que haja um fôlego para o sistema. Além do regime de chuvas normalizado, é preciso que as obras de construção do braço da adutora de Chapéu D’Uvas sejam concluídas, e a manobra entre em operação.
Ao longo deste ano, a economia média do juiz-forano girou em torno de 6%, e uma consequência deste feito foi a redução pela demanda de água. Se antes era preciso cerca de 1.500 litros de água por segundo, em média, para não haver desabastecimento aos consumidores, agora são necessários aproximadamente 1.400 litros de água por segundo. Apesar de positiva, no ponto de vista ambiental, esta queda é negativa para o equilíbrio econômico da empresa pública. “Afetou nossa arrecadação, e isso atrapalha nossos investimentos. Para voltar ao patamar antigo (1.500 litros de água por segundo), talvez seja necessário um período de mais de dez anos”, disse o diretor técnico-operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo. O diretor de Desenvolvimento e Expansão da companhia, Marcelo Mello do Amaral, acrescentou que a mesma consequência foi observada em 2001, durante a crise energética. “Isso porque as pessoas tomavam banho mais curtos, para economizar água. Só chegamos ao consumo per capita que havia em 2001 no ano passado.”