Proprietários e gestores de autoescolas de Juiz de Fora participam de uma carreata, na tarde desta quarta-feira (8), para questionar a falta de perspectiva para a retomada das atividades do setor em meio à paralisação imposta como prevenção à pandemia do coronavírus. Inseridos na onda branca do programa Minas Consciente, que regula a retomada econômica no estado, os centros de formação ainda não têm previsão de reabertura em Juiz de Fora, que encontra-se na onda verde.
A carreata teve concentração na Praça Agassis, no Bairro Mariano Procópio, Zona Nordeste. De lá, os manifestantes seguiram até a sede da Prefeitura de Juiz de Fora, na Avenida Brasil. Por volta das 14h20, os carros que participavam do protesto encontraram-se com os ônibus urbanos parados na Avenida Barão do Rio Branco em protesto contra a falta de pagamento. Segundo a organização do ato, ao menos 21 dos 29 centros de formação de condutores do município participaram da manifestação, que teve o apoio do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores (SIPROCFC), entidade que representa a categoria em âmbito estadual e é sediada em Belo Horizonte.
Conforme um dos representantes da categoria, Gabriel Alves, que também é proprietário de uma autoescola do município, a paralisação dos estabelecimentos, que precisam de concessão pública para funcionamento, pode causar fechamentos em massa. “Uma vez que se fecha uma autoescola, ela não abre mais, porque o processo de concessão é muito trabalhoso. Os centros de formação não resistem mais dois meses com portas fechadas. Eu posso assegurar que mais da metade pode encerrar as atividades definitivamente”, afirma Alves.
A categoria defende que a segurança sanitária em caso de reabertura estaria garantida por meio de adequação às medidas de prevenção ao coronavírus elaboradas pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Segundo os manifestantes, os estabelecimentos juiz-foranos já estão preparados para o retorno. “Todos os centros de formação já estão preparados dentro de um planejamento que o Detran determinou para que a gente pudesse retomar as atividades”, salienta Gabriel Alves.
Como outros municípios mineiros já liberaram o funcionamento dos centros de formação, segundo o organizador da manifestação, as autoescolas juiz-foranas convivem com a migração de alunos para estabelecimentos de outras cidades. Além disso, há a preocupação de que candidatos que já custearam todo o processo de formação, futuramente, peçam a devolução do investimento, sufocando ainda mais empresas, que já estão fragilizadas economicamente. “Uma vez que a gente não consiga concretizar nosso serviço, eles vão migrar para outras localidades e vão pedir restituição dos valores. A situação vai agravar quanto mais demorar para a gente voltar”, argumenta o empresário.
Representantes de salões de beleza também protestaram
Na manhã desta quarta, representantes dos centros de beleza também fizeram um protesto pela reabertura desses estabelecimentos. Organizado pelo Sindicato Intermunicipal da Classe Econômica do Setor de Beleza e Similares (Sinterbel), o ato reuniu manifestantes no Parque Halfeld, no Centro, para pedir a inclusão dos salões de beleza no grupo de atividades essenciais. O ato teve início às 10h e durou até por volta do meio-dia, conforme o sindicato.
Na Câmara Municipal, o grupo entregou um projeto de lei elaborado pelo Sinterbel em conjunto com os vereadores Vagner de Oliveira (PSC) e Júlio Obama Júnior (PHS), que visa a declarar “as atividades prestadas pelos profissionais cabeleireiro, barbeiro, eletricista, manicure, pedicure, depilador, maquiador e similares” como atividades essenciais. Durante reunião ordinária na Câmara nessa quarta-feira (8), Vagner de Oliveira apresentou o texto para que os demais legisladores pudessem assinar. O documento foi lido e encaminhado para avaliação das comissões permanentes da Câmara para avaliação.
Atualmente, os centros de beleza estão incluídos na onda amarela do Minas Consciente, ou seja, a terceira onda na ordem de abertura.
PJF apoia decisões em estudos
À Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) destacou o aumento do número de casos confirmados e de mortes associadas ao coronavírus para explicar a cautela na reabertura do comércio. No entendimento da PJF, ratificado pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19, “os estudos epidemiológicos realizados diariamente pela Administração municipal indicam que não há possibilidade de avançar de onda no Minas Consciente e, por isso, não há previsão de abertura de outros serviços na cidade que não sejam considerados essenciais”.
Ressaltando o aumento percentual de 36% no número de juiz-foranos com suspeita de coronavírus, observado nas duas últimas semanas, a Prefeitura assegurou que “o momento é de alerta máximo”.