O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou, nessa semana, a coleta de dados por telefone da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Covid). O levantamento leva em consideração informações sobre emprego relacionadas à situação da pandemia do novo coronavírus. Os trabalhadores responsáveis pela tarefa, no entanto, encontram resistência da população na hora de responder ao questionário.
“Não estamos indo à campo, em função da epidemia. Estamos ligando e tentando convencer as pessoas a responder por telefone. Tem sido muito difícil, porque elas desconfiam de que seja, de fato, o IBGE falando e acham que é golpe”, explica o supervisor da Pnad Covid em Juiz de Fora, Lucas Scombatti Martins. Ele espera, no entanto, que as pessoas, pelo menos, ouçam o que os entrevistadores têm a dizer.
“Antes de começar a fazer a pesquisa, explicamos tudo a respeito dela. Só o IBGE divulga oficialmente os dados sobre o desemprego, porque é o principal órgão de produção de estatísticas oficiais. As pessoas devem saber que, pelo fato de ser uma resposta amostral, elas são multiplicadas e expandidas, por isso uma resposta é tão importante”, explica Lucas. A ideia inicial, comenta, era que a pesquisa fosse um complemento da Pnad contínua, mas foi decidido que ela seria independente.
A parceria entre o IBGE e o Ministério da Saúde nessa empreitada se dedica a retratar de maneira mais profunda o impacto da pandemia no mercado de trabalho, investigando também as informações sobre sintomas da doença. Para isso, os órgãos pedem que as pessoas se sensibilizem, atendam as ligações e respondam as perguntas do questionário. A entrevista completa, segundo o IBGE, dura cerca de dez minutos.
O levantamento procura identificar, por exemplo, se o trabalhador está em teletrabalho, se ele perdeu o emprego, se teve o contrato suspenso ou teve redução na carga horária. “É rápido, simples, não pede número de nenhum documento. Existe a confidencialidade e, por isso, todos esses dados são sigilosos. Quando eles se tornam estatísticas, não existe a identificação de nenhum indivíduo.”
Ao todo, dois mil agentes trabalham por todo o país para os 193,6 mil domicílios que compõem a amostragem necessária para a pesquisa, sendo que esse total é distribuído entre 3.364 municípios. A expectativa é de que a pesquisa seja divulgada mensalmente, inicialmente, durante quatro meses. Em Juiz de Fora, a expectativa é a de que as questões sejam respondidas em uma amostra de 400 domicílios.
As ligações são feitas para telefones celulares, e o IBGE disponibiliza dois canais para a verificação da identidade dos agentes de coleta: o site Respondendo ao IBGE (https://respondendo.ibge.gov.br) ou por meio do telefone 08007218181, com a verificação da matrícula, do RG ou CPF do entrevistador. Os primeiros resultados da pesquisa devem ser divulgados ainda em maio.