Somente no mês de janeiro de 2022, 388 ocorrências de acessos indevidos em perfis do Instagram seguidos de golpes para obtenção de valores foram registradas em Minas Gerais. Os dados são da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público de Minas Gerais (Coeciber). A invasão de perfis na rede social Instagram entrou no radar do Ministério Público mineiro depois que os casos desse crime cibernético cresceram quatro vez mais, ou 273%, em comparação à média do segundo semestre de 2021, quando foram somados 104 casos por mês.
O alerta do Ministério Público (MP) aconteceu nesta terça-feira (8), quando é celebrado o Dia da Internet Segura, data que marca a conscientização das pessoas quanto ao bom uso e à segurança dos meios digitais. De acordo com o promotor de Justiça e coordenador da Coeciber, Mauro Ellovitch, alertar a população neste momento é fundamental, uma vez que o crime vem aumentando e causando prejuízos para as pessoas. Conforme aponta o MP, existem casos de vítimas que recebem até mesmo ameaças e chantagens dos criminosos. O promotor ressalta que o MP está agindo de forma intensa na prevenção deste tipo de golpe e na punição dos autores.
Segundo o coordenador da Coeciber, a maneira mais comum de apropriação de perfis alheios no Instagram se dá por meio de “phishing”, ou engenharia social. Por esse método, os criminosos enviam uma mensagem pelo “direct” do Instagram, por Whatsapp, por SMS ou por e-mail, geralmente com ofertas ou prêmios. As mensagens mais usuais se referem a descontos em restaurantes ou hospedagem e ofertas de milhas em passagens aéreas, oferecimento de verificação de conta para “influencers” e outros tipos de promoções. “Às vezes, a falsa oferta de hospedagem se refere, por exemplo, a um hotel que a própria vítima marcou no seu perfil do Instagram”, explica.
Junto com a mensagem ou na sequência do diálogo, os criminosos enviam um link. Quando a vítima clica no link, um programa malicioso tem acesso aos dados do titular da conta. Se os golpistas não possuem esses programas, eles pedem que a própria vítima forneça dados sobre sua conta no Instagram em uma mensagem que ela receberá por SMS. Essa mensagem, na verdade, é o código de recuperação de senha da conta do Instagram.
Com os dados obtidos por “hackeamento” ou fornecidos pela vítima, os criminosos acessam o perfil da rede social, mudam a senha e os dados de verificação. Assim, o verdadeiro titular perde o acesso à sua conta. No controle da conta da vítima, os infratores passam a postar ofertas de telefones celulares, geladeiras, videogames, móveis, tratamentos e outros produtos e serviços, por valor abaixo do preço de mercado. Nas postagens, eles se passam pelo titular da conta e escrevem que estão vendendo mais barato porque precisam se desfazer dos bens ou que se trata de uma grande liquidação. Os seguidores do titular da conta que se interessam acabam se comunicando com os criminosos por mensagens e fazem a transferência de valores para chaves Pix que os golpistas fornecem. Em outros casos, os criminosos passam a exigir valores para que o titular da conta possa recuperá-la, especialmente quando se trata de perfil profissional na rede social.
Cuidados para não ser vítima
No intuito de colaborar para que mais pessoas não sejam vítimas, a Coeciber compilou algumas orientações básicas, como não clicar em links de ofertas, prêmios ou cadastros recebidos por Instagram, por Whatsapp, por SMS ou por e-mail. Esses links, como alerta o MP, podem conter programas maliciosos para obter dados e senhas de quem clicou. Dados pessoais também não devem ser fornecidos em conversas com desconhecidos por redes sociais ou SMS.
Deve-se ativar a verificação em duas etapas em sua conta no Instagram, optando, preferencialmente, pelo uso de aplicativos de autenticação (como Google Authenticator, Microsoft Authenticator ou Lass Pass Authenticator) ao invés do envio de SMS. O MP também recomenda não deixar o número de telefone vinculado ao aplicativo Instagram, preferindo deixar e-mail ou data de aniversário nas informações de cadastro.
É preciso desconfiar de ofertas extremamente atrativas no Instagram, especialmente se feitas em perfis que não costumavam vender nada antes. Se o valor da oferta é bem abaixo do preço de mercado ou é veiculada em perfis de pessoas físicas ou que não tinham histórico de vendas no Instagram, há grandes chances de tratar-se de golpe. Não se deve fazer pagamento do produto ofertado mediante depósito ou Pix para terceiros e, por último, alertar parentes e familiares, especialmente os mais idosos, sobre como esse tipo de crime ocorre, orientando-os a adotar os cuidados acima.