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a agua que sai do cano cai na garrafa pet e ajuda a encher a piscina em casa no sao pedro

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A água que sai do cano cai na garrafa pet e ajuda a encher a piscina em casa no São Pedro
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A água que sai do cano cai na garrafa pet e ajuda a encher a piscina em casa no São Pedro

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Três galões armazenam a água da chuva na casa de Miron Soares

A crise hídrica vivenciada na região Sudeste do Brasil nos últimos meses despertou um espírito entre os consumidores: o de economizar água. Mesmo com as chuvas vivenciadas neste mês, a situação é muito crítica devido ao baixo nível dos mananciais e represas. Com a ameaça de falta d’água e o racionamento que há meses é realidade em Juiz de Fora e em outras cidades do país, a Tribuna convidou os internautas a compartilharem experiências de economia e reaproveitamento do líquido. Como resultado, ao longo da última semana, foram divulgadas várias ideias em nosso site, enviadas de diferentes municípios. A intenção é alertar sobre os riscos do desperdício e criar um canal de compartilhamento de iniciativas para o uso mais consciente deste bem.

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E a campanha já deu resultado. No decorrer dos dias, foram centenas de comentários e manifestações de pessoas que adotaram práticas econômicas e de outras que se inspiraram nas ações divulgadas. Na maioria dos casos, propostas criativas para a captação da água da chuva. É o que fez uma família que vive a 100 km de Juiz de Fora. O ubaense Miron Soares, de 79 anos, montou um aparato em casa para não desperdiçar nada que cai do céu. Três galões e outros dois reservas fazem o armazenamento da água da chuva, que é utilizada para limpeza e outros serviços.

Segundo o aposentado, a ideia de montar o sistema surgiu quando a situação começou a ficar mais crítica, há cerca de três meses. “Eu acompanhava a falta d’água em várias cidades e fiquei preocupado, já que poderia ter racionamento aqui também. O investimento valeu a pena porque não ficamos nenhum dia sem água, e a conta baixou cerca de R$ 50”, afirma. Ele diz que a cidade toda está vivenciando a falta d’água, e sua casa ficou três dias sem que o líquido caísse pela rede convencional. “O que salvou foi o sistema”, garante.

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O funcionamento da rede é simples: a água que cai no telhado vai para as calhas e deságua dentro dos barris. Dali, ela é levada por outros canos para algumas torneiras, incluindo a da pia da lavanderia. O valor desembolsado foi de cerca de R$ 2 mil. São três barris de 200 litros e outros dois de cem litros. Com as chuvas constantes dos últimos dias, ele garante que o sistema tem funcionado perfeitamente, garantindo um bom estoque.

Da máquina de lavar

Com uma dose de criatividade e R$ 120, o aposentado Antônio Carlos Carnout, 54, criou um sistema de aproveitamento de água. O juiz-forano, que mora no Rio de Janeiro, contou à Tribuna que armazena o líquido que seria jogado fora da máquina de lavar e o reutiliza para a limpeza da casa. Para isto, ele utiliza um galão de 200 litros e uma torneira. A mangueira da máquina é colocada dentro do barril, onde a água é despejada após o uso. Para utilizá-la, basta abrir a torneira, instalada na parte baixa do recipiente.

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Segundo o aposentado, a iniciativa foi desenvolvida após ele verificar outras ideias semelhantes. “Eu adaptei à minha necessidade. Temos cachorro em casa e, por isso, lavamos o quintal duas vezes ao dia. Levando-se em conta que, a cada vez, gastamos uns dois baldes de água, com o reaproveitamento podemos economizar entre 60 e 70 litros por dia. No fim do mês, poderemos baixar nossa conta, que hoje é de uns R$ 250, e ainda ajudar o meio ambiente”, calcula.

Reserva para a limpeza de áreas externas e carros

Outro que decidiu tomar uma atitude consciente em prol da economia de água e deu seu depoimento para a Tribuna foi o funcionário público Wagner Oliveira. “Temos dois carros na garagem, e meu tio possui uma empresa que aluga brinquedos para festas infantis. Gastávamos muita água com este tipo de limpeza, e resolvi inventar essa ‘geringonça’ para aproveitar a chuva”, conta ele, morador de Guarará, a 35 km de Juiz de Fora. Em apenas um dia de chuva da semana passada, Wagner conseguiu captar 550 litros de água com o artefato, feito com um pedaço de calha, um cano e uma caixa d’água. “Comprei a caixa especialmente para isso, mas vale a pena, porque a economia é muito grande. Precisamos que as pessoas se sensibilizem para a escassez de água. É muito fácil de fazer, qualquer pessoa pode fabricar algo parecido em casa”, incentiva Wagner.

Com R$ 90, o advogado Guilherme Rubiolle, 42, comprou uma bombona plástica de 200 litros para que também haja reaproveitamento em sua casa, no Bairro São Mateus, Zona Sul. Segundo ele, o próprio vendedor ajudou na criação da “engenhoca” e instalou a torneirinha na parte inferior do recipiente. A água da chuva que cai sobre o telhado da casa dele é direcionada para calha e depois, por meio de um tubo, para o barril. Guilherme tem usado a água para limpar o quintal e regar as plantas. “Ainda vou ligar a máquina de alta pressão e tentar lavar o carro com essa água”, disse. Para evitar a proliferação do mosquito da dengue na água que vai ficar parada, o advogado tampou a abertura do galão com uma tela.

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A dona de casa Margarette Menezes, 54, moradora do Nova Benfica, Zona Norte, também enviou sua ideia para a Tribuna. Com a ajuda do filho, ela está há duas semanas captando a água da chuva. A iniciativa está dando tão certo que a família pretende instalar em breve a quarta bombona para captar a água que desce do telhado. O sistema é semelhante aos demais: por meio de uma tubulação, a água da chuva desce pela calha e cai em um reservatório. Uma torneira instalada na parte inferior da bombona permite que a água seja reutilizada. A peculiaridade deste dispositivo é que, depois que a água ocupa totalmente o reservatório, ela é direcionada por um tubo e pode encher outros recipientes. Na casa da Margarette, a engenhoca ganhou até decoração, com um bonsai. “A moça que trabalha aqui em casa pediu para fazermos um para ela. Como postei foto no Facebook, várias pessoas já vieram perguntar como nós fizemos e estão com a ideia de fazer também”, garante.

De graça para a piscina

Para não ficar sem aproveitar a piscina durante o verão, e pensando ao mesmo tempo na economia de água, a família da estudante Paula Campos, 21 anos, resolveu criar uma “engenhoca” muito útil. Sem gastar nenhum centavo, os moradores do São Pedro estão aproveitando a água da chuva para manter a piscina cheia. “Existem muitas árvores em volta da minha casa e acaba caindo muita sujeira dentro da piscina. Temos um filtro na máquina que reaproveita a água retirada com a limpeza. Porém, quando ela está muito suja, ele não é capaz de segurar as impurezas, e a água não pode retornar à piscina, tem que ser jogada fora. Essa operação realizada semanalmente acaba deixando a piscina vazia”, explica Paula.

A piscina fica na parte mais baixa da residência. Com isso, a família criou a seguinte sequência: a água da chuva que cai na rampa da garagem é escoada para um cano e deságua em uma escada inferior. Neste cano, foi colocada uma garrafa pet. “Cortamos a garrafa para que ela ficasse encaixada no cano.” Na boca do recipiente, foi colocada uma mangueira que leva a água até a piscina. “Antes, porém, ela passa por uma peneira que coa a sujeira. Fazemos, ainda, o tratamento normal para água de piscina”, esclarece a estudante.

Líquido precisa ser analisado conforme uso

Na maioria dos casos retratados pelos leitores da Tribuna, a água captada não é devidamente tratada e usada apenas para limpeza em geral. Entretanto, alguns moradores questionaram a possibilidade de usá-la para banho, na cozinha e para lavar a roupa, principalmente em período de seca. Para o professor do departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFJF, Celso Bandeira, o ideal é fazer uma análise de qualquer água que não seja da rede pública de abastecimento, como a de poços e da chuva. O resultado irá ditar qual uso poderá ser dado. “O fato de o líquido entrar em contato com o telhado ou cobertura pode trazer impurezas, como fezes de animais. Com isso, a água pode ficar contaminada por protozoário ou bactéria, que impede um uso de contato mais direto”, explica.

Além disso, Celso, que é especialista em recursos hídricos, lembra de métodos caseiros de limpeza da água que podem ser aplicados, como filtragem, fervura e adição de cloro. “Um cuidado fundamental para quem vai utilizar a água da chuva é não misturar a tubulação na rede de água tratada, para que não haja perda da confiabilidade daquela água potável. Se tiver uma torneira em um jardim com água impura, por exemplo, é interessante identificá-la como forma de alerta para quem for utilizá-la”, orienta. O especialista garante que, para que haja maior certeza, é interessante seguir a norma que trata sobre a reutilização de água da chuva (nº 15.527) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Lá estão os parâmetros a serem analisados e a frequência que aquela água precisa ser analisada, por exemplo.”

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