A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) inicia, nesta terça-feira (8), a vacinação contra a meningite em jovens de 16 a 30 anos. Além deste público, trabalhadores da educação superior e de escolas técnicas acima dos 16 anos de idade, profissionais de saúde com 16 anos de idade ou mais e os estudantes universitários, sem limite de idade, também podem receber o imunizante. De acordo com a Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS/JF), o município já contava com 3 mil doses disponíveis para início das atividades, porém, recebe, nesta terça, a primeira remessa com cerca de 15.200 doses do imunizante Meningocócica C, referente a 12% da população incluída no público-alvo. Com a expansão do perfil de pessoas aptas a receber a vacina, cerca de 125 mil juiz-foranos podem ser imunizados.
De acordo com a Secretaria de Saúde (SS) da PJF, os imunizantes estão sendo entregues de forma escalonada. Há previsão de outro carregamento chegar na quinta-feira (10), bem como nas próximas semanas. Em Juiz de Fora, as vacinas serão aplicadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas pelo município de 8h a 10h30 e de 13h a 16h. No Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e Adolescente, somente adolescentes de 16 a 18 anos serão imunizados, de 8h a 16h.
Conforme a SS, a vacina contra a Covid-19, aplicada nas mesmas unidades de saúde, pode ser recebida por estes públicos conjuntamente com o imunizante contra a meningite sem qualquer tipo de problema. A aplicação para a faixa etária estendida segue até fevereiro de 2023, conforme orientação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Casos no município
Em 2022, foram registrados oito casos confirmados e dois óbitos por meningite até então, de acordo com a PJF. O número é o mesmo ocorrido em 2021, quando também foram confirmados oito casos e dois óbitos. Em 2020, foram 13 casos e um óbito e, em 2019, 22 casos e oito mortes.
Na região
No total, a Unidade Regional de Saúde de Juiz de Fora, que engloba 37 municípios da Zona da Mata, recebe 21.500 doses da vacina na primeira remessa. Na região, o público-alvo previsto, de acordo com a SES-MG, é de mais de 178 mil. Em todo o estado, a primeira remessa contabiliza mais de 587 mil doses do imunizante. A pasta prevê que quase 5 milhões de pessoas de 16 a 30 anos estão entre o público-alvo da campanha.
Vacina possui taxa alta de proteção, afirma especialista
A meningite é uma doença que provoca a inflamação das membranas que envolvem o cérebro. Ela pode ser causada por bactérias, fungos e vírus. A ampliação da vacinação visa a imunização contra a meningite meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis, que é o tipo mais comum, de acordo com o infectologista e responsável pelo setor de vigilância em saúde do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Daniel de Souza. “Ela pode ter quadros muito rápidos que vão começar, às vezes, com sonolência, dor de cabeça, febre alta. Quando ocorre em crianças pequenas, elas ficam irritadas. Se não tratada, em geral, a doença vai piorando e evoluindo para coma e morte.”
A meningite pode ser transmitida por meio de gotículas, ou seja, partículas liberadas por espirros, tosses ou mesmo durante a fala. A transmissão pode ser, inclusive, silenciosa, pois algumas pessoas carregam a bactéria na garganta, mas não desenvolvem a doença. Desta forma, o diagnóstico e tratamento com antibióticos devem ser realizados o quanto antes, conforme o especialista.
A vacina foi incluída em 2010 no Calendário Nacional de Vacinação da criança pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). De acordo com o infectologista, o imunizante coloca pequenas partes da bactéria no organismo das pessoas, ensinando-o a lidar e se defender contra o microrganismo. O imunizante é um método seguro contra a doença e de alta proteção, podendo ser aplicado, inclusive, em pessoas que têm imunodeficiência, como o HIV.
“Depois que começaram a vacinar em 2010, os casos desse tipo de meningite caíram pelo menos quatro vezes, e todas as outras meningites também tiveram uma redução de três vezes só por causa dessa vacina. Não é uma doença muito frequente no público adulto, mas ela pode acontecer. Então, justifica-se a ampliação por ser uma vacina muito segura e a doença ter um grau de adoecimento muito alto, podendo levar a óbito uma grande parcela das pessoas”, diz Souza.
Outros públicos
De acordo com o infectologista, fora do calendário de vacinação, o SUS oferece o imunizante para outros tipos de públicos, quando recomendado pelos médicos. Imunossuprimidos, transplantados de medula, pacientes com Hepatite C, com câncer e com doenças neurológicas crônicas incapacitantes são alguns dos perfis citados por Souza que têm direito a receber a vacina contra a meningite. Em Juiz de Fora, ela é disponibilizada através do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) do HU/UFJF.
“Se o médico assistente recomendar essa vacina e se a pessoa estiver dentro das indicações aprovadas, ela consegue se imunizar gratuitamente. Então, além dessa faixa etária, também temos essa vacina disponível para vários grupos”, reforça o médico. Como ainda lembrado por Souza, a vacina também está disponível na rede particular, para todos os públicos. Neste caso, é ofertada a vacina Meningocócica ACWY, que abrange outros tipos da doença.
Vacinação em crianças e adolescentes
Em crianças, a Meningocócica C é administrada em duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre elas. Depois, há um reforço quando a criança completa 1 ano. Já adolescentes de 11 e 12 anos recebem uma dose da vacina Meningocócica ACWY.
Recentemente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) passou a disponibilizar a vacina meningocócica C também para crianças de até 10 anos não vacinadas e para trabalhadores da saúde. A vacina meningocócica ACWY também já vinha sendo ofertada para adolescentes não vacinados de 11 a 14 anos.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, crianças menores de 1 ano têm maior risco de adoecer com a meningite. Entretanto, adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença.