Para sensibilizar a comunidade sobre a paralisação dos atendimentos, nesta semana, do Banco de Leite Humano, um grupo de mulheres, acompanhadas de seus bebês, irá promover uma manifestação na próxima terça-feira (11). O ato público está marcado para ocorrer às 15h, em frente à sede da unidade, na Rua São Sebastião 772, e é apoiado pela Aliança de Mulheres pela Maternidade Ativa (Amma).
A interrupção dos atendimentos, na última segunda-feira (3), três dias depois do encerramento das comemorações do Agosto Dourado, mês destinado à conscientização sobre a importância do aleitamento materno, mobilizou o grupo. A paralisação dos serviços teria ocorrido devido a um imbróglio envolvendo a falta de repasses, por parte da Prefeitura, à Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac), responsável pelo Banco de Leite.
O problema teria tido origem com a transferência da responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Social para a Secretaria de Saúde desde junho, , devido a um chamamento público. Com a mudança, o encaminhamento da verba deveria ocorrer através da Saúde, por conta de o Banco de Leite oferecer atendimento de saúde. No entanto, desde a realização do chamamento, as verbas não são enviadas à Amac, que continua à frente da unidade. “Nós já havíamos comunicado à Prefeitura (sobre a falta de repasses) e, mesmo assim, nenhuma medida foi tomada. Caso a situação não seja normalizada até o fim deste mês, iremos suspender novamente o serviço”, disse o superintendente da Amac, Alexandre Andrade.
Uma das organizadoras da manifestação, Lívia Nascimento, afirmou que o pagamento dos funcionários não é depositado há algum tempo. “Há dois meses os funcionários estão sem receber. Na segunda, o local abriu apenas com a presença de um funcionário ligado à Secretaria de Saúde. No entanto, essa pessoa não seria capacitada para realizar os serviços na unidade”, afirmou ela, fazendo referência aos trabalhos de ordenha, coleta, pasteurização, armazenamento e distribuição do leite materno.
A reportagem fez contato com a Secretaria de Saúde, mas foi informada, pela assessoria de comunicação, não haver riscos quanto ao fechamento da unidade. Sobre os problemas envolvendo o repasse de verbas, a pasta não havia se posicionado até o fechamento desta edição.
Preocupação
Para Malu Machado, membro da coordenação da Amma, o temor de algumas mães é que o banco tenha os serviços afetados, ou, ainda, deixe de prestar atendimentos, não só aos bebês prematuros de Juiz de Fora, mas também às crianças das cidades de Barbacena, Barroso, São João Del Rei, São João Nepomuceno e Leopoldina, que também recebem as doações de leite materno. “Esse serviço é essencial e não poderia ter sido paralisado, sequer, um único dia. Um serviço burocrático não pode estar acima de um serviço humanitário”, asseverou.
Em Juiz de Fora, o leite é distribuído na Santa Casa de Misericórdia, no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus e no Hospital João Penido. O Banco de Leite da cidade integra a Rede Global de Bancos de Leite e, conforme a unidade, somente em agosto, atendeu 61 bebês prematuros em Unidades de Tratamento Intensivas (UTIs). No período, foram coletados 80 litros de leite humano.