Duas estradas estaduais, a MG-353 e a AMG-3085, são alvos de reclamações constantes por parte de quem transita por elas. Ambas as rodovias, que registram acidentes com frequência e causam problemas a veículos, são trajetos diretos de quem sai de Juiz de Fora e tem como destino o Aeroporto Regional da Zona da Mata e outras cidades da região.
Inclusive, a segunda estrada (cujas obras tiveram início em 2013 e custaram R$ 66 milhões aos cofres públicos) tem o objetivo de aproximar a malha federal (BR-040) do terminal, entre Rio Novo e Goianá. Em Juiz de Fora, a expectativa era que o novo acesso reduzisse o fluxo de veículos pesados que entram na cidade por meio do Bairro Grama e utilizam o trânsito local apenas como passagem em direção à rodovia.
Conforme o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG), está em fase final o processo licitatório do novo contrato de manutenção das rodovias estaduais sob a responsabilidade da Coordenadoria Regional do DER-MG em Juiz de Fora. Além disso, foi ressaltado que após a ordem de início, serviços como tapa-buracos, roçada e limpeza dos dispositivos de drenagem serão executados em toda a malha rodoviária da referida Coordenadoria, o que inclui a MG-353 e a AMG-3085.
O processo licitatório citado tem por objetivo a “execução, em regime de empreitada, por preços unitários, dos serviços de manutenção rodoviária, conservação rotineira e periódica, serviços de urgência e pequenos melhoramentos, bem como reparações do corpo estradal e seus dispositivos distribuídos em nove lotes”. Um deles, o sétimo, se refere à circunscrição da 30ª Unidade Regional de Juiz de Fora. A concorrência eletrônica foi homologada pelo DER-MG, que concedeu o objeto ao Consórcio CTC/Differencial, composto pelas empresas Construtora CTC LTDA e Differencial Engenharia LTDA. O valor vencido na licitação foi de R$ 53.356.791,72 referente a outubro de 2024, na modalidade de menor preço.
Reportagem transitou pelas rodovias
No último mês, a equipe de reportagem da Tribuna percorreu trechos das duas rodovias, mais especificamente entre os municípios de Juiz de Fora e Goianá. Parte do trajeto que chama atenção é justamente entre os quilômetros 0 e 1 da AMG-3085. Há anos, os problemas de deterioração do trecho persistem. Além da alta quantidade de poeira e terra, levantados a cada passagem de veículo, o afundamento e o desnível no asfalto dificultam o trânsito, sobretudo, de caminhões e outros veículos pesados, que precisam reduzir consideravelmente a velocidade e contornar os obstáculos para não causar danos.
A situação continua no entroncamento com a MG-353. Além do asfalto esburacado e desgastado no início da rodovia estadual, o acostamento curto e com mato alto pode causar acidentes em diferentes trechos. Um agravante nesse caso é a passagem de caminhões, o que gera retenções em momentos de maior tráfego. A terra e a poeira no chão persistem ainda ao longo do trajeto. Outro ponto de atenção é a necessidade de reforçar a sinalização vertical e horizontal. As condições continuam também a partir de Coronel Pacheco e até o Aeroporto Regional da Zona da Mata, em Goianá.
O trajeto de volta, passando pelo acesso da MG-353 até alcançar a Avenida Juiz de Fora, possui melhores condições em relação ao de ida. Mesmo passando pelo trecho à noite, a equipe de reportagem notou que a probabilidade de acidentes proporcionada pela situação da estrada é menor, devido ao número inferior de buracos, principalmente.
Motoristas vivenciam problemas na estrada e sofrem prejuízos
A taxista Rita Ladeira faz o trajeto de Guarani a Rio Novo quase todos os dias. Consequentemente, transita pela rodovia. Ela conta à reportagem que a má conservação da estrada já causou prejuízos, como pneus furados e até trincas no vidro da frente do carro. Inclusive, no momento da entrevista, a parte do automóvel estava trincada, devido a uma pedra que se soltou do asfalto pela passagem de um caminhão próximo ao veículo. “A estrada está suja, com diversos problemas e muito ruim de trafegar”, avalia.
Trabalhadores de um posto de combustível de Coronel Pacheco, que preferiram não ter o nome publicado, relataram que um número considerável de veículos chega ao estabelecimento com pneu rasgado e outros problemas no carro – sempre com a justificativa de ter passado por um buraco não sinalizado ou outro problema relacionado às condições da estrada.
Uma moradora de Goianá, que estava no Aeroporto Regional e também optou por ter a identidade preservada, fez relatos negativos em relação à rodovia. “Durante os seis anos que moro na cidade, nunca vi uma obra na estrada, mesmo com as diversas reclamações e com a condição atual. Nas épocas de chuvas mais frequentes, é ainda pior. A estrada está horrível”, comenta. O acesso via AMG-3085 é um ponto citado pela mulher dentre os piores. Ela também conta que vai com certa recorrência ao Aeroporto e dialoga com outras pessoas. Consequentemente, acaba ouvindo diferentes histórias sobre quem transita pela via.
“Ouço diversos relatos de gente que teve problemas com seus respectivos veículos. Outro dia fui até Mariana a trabalho e passei, só nesse trajeto, por três carros na estrada trocando os pneus, provavelmente após passar pelos buracos – que, dependendo, nem são buracos: são crateras. Por isso, é difícil andar na velocidade permitida na pista. Precisamos dirigir mais devagar para não provocar problemas no automóvel”, lamenta.
Ela ainda conta que conversou com pessoas que não queriam descer no Aeroporto Regional pelas condições da estrada. “Moradores de São Paulo já me relataram que é perceptível o momento em que chegamos às rodovias de Minas Gerais, pois as condições são muito piores.” Conforme noticiado pela Tribuna no fim de julho, o estabelecimento registrou queda de 38% no fluxo de passageiros no primeiro semestre de 2025, em comparação ao ano anterior, e teve mais da metade de suas operações comerciais suspensas em um ano. Foram registrados 69.572 embarques e desembarques no período, contra 112.961 no mesmo intervalo de 2024.
A retração também pode ser observada na quantidade de voos operados. De janeiro a junho deste ano, foram realizadas 880 operações comerciais. No ano anterior, foram 1.875, uma redução superior a 54%. A concessionária que administra o terminal afirma que a queda está relacionada à suspensão das atividades da VoePass na região, em março, determinada pela agência reguladora – mas a estrada por ser um fator que interfere.