Imagine sair de carro à noite para trabalhar ou se divertir e ter a desagradável surpresa de ter roda e pneu furtados ao querer voltar para casa? Apesar de a modalidade criminosa não ser novidade, casos assim têm se espalhado pelo Brasil e também têm acontecido em Juiz de Fora. Só no último fim de semana de junho, dois casos ocorridos nas imediações de casas noturnas repercutiram nas redes sociais. Questionada se há uma quadrilha especializada agindo no município, a Polícia Civil informou que pelo menos duas situações semelhantes são investigadas pelas 1ª e 2ª Delegacias de Polícia Civil, responsáveis pelas ocorrências da Zona Sul e Cidade Alta. As regiões são as mesmas onde aconteceram os crimes divulgados virtualmente.
O número de casos, no entanto, pode ser bem maior, já que há muita subnotificação. Um músico e fotógrafo, de 32 anos, por exemplo, foi vítima do crime no dia 25 de junho e não chegou a registrar boletim de ocorrência. “Eu estava com o carro cheio de equipamentos. Saí de um show que fiz no sábado à tarde e fui direto para um festival”, relata ele sobre o dia do furto, praticado enquanto ele estava em uma casa noturna na Avenida Deusdedit Salgado, no Bairro Salvaterra, Zona Sul. “Como o estacionamento do local estava ocupado com o evento, pessoas estavam usando alguns terrenos (baldios) no entorno para estacionar. Eu estava com o carro cheio de equipamentos e achei mais seguro parar lá (do que na rua).”
A esposa dele, uma revisora e fotógrafa, 36, chegou logo depois e deixou o veículo que ela conduzia, de um familiar, no mesmo lugar, ao custo de R$ 30 cada. “Ficamos várias horas no evento produzindo material. Minha mulher foi embora antes, com um casal de amigos, e pedi para darem uma olhada no meu carro, porque tinha muita coisa dentro, e eu estava preocupado.” Segundo o músico, quando retornaram ao estacionamento, por volta das 3h da madrugada, o amigo percebeu que o veículo estava “meio torto” e viu que estava sem uma roda. “Ele me ligou, e eu desci correndo. Quando cheguei, já observei que não tinha mais nenhuma daquelas pessoas lá. Aquela operação de estacionamento que estava acontecendo quando chegamos, com cones, três (responsáveis) recebendo o dinheiro, organizando e direcionando para o pátio, já não existia mais.”
O automóvel não chegou a ser arrombado, então os equipamentos do profissional foram preservados. “A minha sorte foi que roubaram a roda, mas deixaram os parafusos, o que me possibilitou colocar o step. Tive que descarregar para pegá-lo e o coloquei no lugar da roda que foi retirada. Quando saí, achei o carro estranho. Parei e vi que também tinham tentado tirar a outra roda traseira. Por algum motivo não conseguiram, mas bambearam os parafusos dela. Reapertei, segui viagem e fiquei no prejuízo de uns R$ 500, da roda e do pneu, que estava novinho, recém-trocado.”
O músico contou que, para sua surpresa, ao acessar as redes sociais no dia seguinte, percebeu que não era a única vítima. “Vi uma postagem igual à minha: o relato do carro de alguém que teve a roda furtada, se não me engano, no mesmo dia.” O caso em questão aconteceu no estacionamento próximo a outra boate, situada na Cidade Alta.
‘Ficamos muito chocados e nervosos’
A esposa do músico acrescentou que não chegaram a fazer boletim de ocorrência por terem ficado muito chocados e nervosos com o ocorrido. “Não era um estacionamento formal. Pessoas pegaram um terreno baldio e fizeram um estacionamento para o show, mas não ficaram até o final. Ficamos muito transtornados na hora, nem nos lembramos de registrar BO.” Sem esperar o gasto extra de última hora, o casal rodou com o step por mais de uma semana. “A gente já precisava trocar os pneus da frente, e roubaram um dos novos. Ao invés de trocar dois, precisamos trocar três. Alguns amigos até se mobilizaram para ajudar.”
O delegado Sergio Luis Lamas Moreira, que responde interinamente pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil em Juiz de Fora, destacou a importância de registrar a ocorrência para permitir a ciência da existência do crime e a apuração dos fatos por parte da Polícia Civil. Ele também ressaltou a relevância da presença da vítima, posteriormente, para dar mais detalhes e informações sobre os fatos na delegacia.
Casos se espalham por várias partes do país
Matéria publicada pelo site UOL neste mês de agosto mostrou que, embora os furtos de rodas não sejam novidade, a prática desse crime tem assustado motoristas em todo o país. “Diversos vídeos que viralizaram mostram carros erguidos por tijolos ou cavaletes após terem sofrido com as ações dos ladrões”, destacou a reportagem. A matéria cita casos ocorridos em estacionamento de shopping no Rio de Janeiro e outros em Pernambuco e no Distrito Federal.
Os proprietários de veículos devem ficar atentos se os seguros cobrem esse tipo de furto. Na hora de comprar uma roda ou pneu, o motorista também deve ter o cuidado de adquirir equipamentos com nota fiscal para comprovar a origem e não acabar sendo receptador de itens furtados e roubados, o que só alimenta o crime, adverte a polícia.