Morreu, na tarde desta quarta-feira (7), a terceira vítima de disparos de arma de fogo efetuados em uma casa situada atrás de um posto de combustíveis às margens da Avenida Deusdedit Salgado, próximo ao Parque da Lajinha, no Bairro Salvaterra, Zona Sul de Juiz de Fora. Os óbitos de Walter Paes, 71 anos, e de Maria José de Oliveira, 61, foram confirmados no local pela manhã. Já Maria Cristina de Oliveira Paes, 57, foi socorrida até o HPS para atendimento médico, mas não resistiu ao ferimento e faleceu à tarde, de acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde.
A Polícia Militar teria sido acionada pelo próprio atirador, de 50 anos, que aguardou a chegada dos militares no local e foi preso em flagrante. A motivação do triplo homicídio ainda não foi esclarecida, mas estaria relacionada a desentendimento familiar, por motivo de herança, conforme o subcomandante da 32ª Companhia da PM, tenente Gilmar da Silva. O suspeito seria parente de pelo menos uma das vítimas e invadiu uma das três casas situada no mesmo terreno, abrindo fogo contra os moradores. Quando a polícia chegou ao local, o homem, que teria ligado para comunicar o próprio crime, estava sentado próximo à entrada da casa onde aconteceu os crimes. Segundo a PM, ele informou ter atirado contra três moradores da casa ao lado daquela onde ele mesmo reside.
Os militares entraram no imóvel e encontraram o idoso já sem vida, sentado no sofá e atingido por um disparo no peito. Maria Cristina também estava na sala, caída no chão e alvejada por um tiro na altura do seio esquerdo. Ela pedia socorro e foi levada pela própria equipe policial até o HPS, onde foi encaminhada imediatamente ao centro cirúrgico, para procedimentos médicos. Já Maria José estava no chão de um dos quartos, também baleada na região do seio esquerdo. Os óbitos dela e do idoso foram constatados por uma equipe do Samu por volta das 11h10.
Um revólver calibre 38 usado no crime foi apreendido. A perícia da Polícia Civil foi acionada para realizar os levantamentos no local. Em seguida, os corpos foram removidos para necropsia no Instituto Médico Legal (IML). O homem que ligou para a polícia recebeu voz de prisão em flagrante e foi levado para a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha. O caso será investigado pela Delegacia Especializada de Homicídios.
Atlas da Violência
O triplo homicídio aconteceu na mesma semana em que um estudo aponta Juiz de Fora como uma das 120 cidades brasileiras que concentram metade dos 65.602 homicídios ocorridos no país no ano de 2017. O levantamento consta no Atlas da Violência 2019, divulgado na última segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As 120 localidades correspondem a apenas 2,1% dos 5.570 municípios do Brasil, mas aglomeram 39,6% da população e somam sozinhas 32.801 óbitos em decorrência de ações criminosas. O Atlas da Violência contabiliza 137 homicídios registrados em 2017 em Juiz de Fora e também leva em conta 27,4 mortes violentas com causa indeterminada, resultando em um índice de 29,2 casos por cem mil habitantes naquele ano.
O titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, ponderou que a cidade já viveu uma epidemia de homicídios, mas que os números começaram a cair, principalmente a partir do ano passado. Antes das três mortes desta quarta, a Especializada havia instaurado 29 inquéritos de assassinatos em 2019, 25 deles no primeiro semestre.