Ícone do site Tribuna de Minas

‘A fase de mitigação já passou’: professores da UFJF alertam para a emergência climática na Zona da Mata

‘A fase de mitigação já passou’: Professores da UFJF alertam para a emergência climática na Zona da Mata
PUBLICIDADE

“Um grupo de cientistas descobre que um meteoro vinha em rota de colisão com a Terra. Eles começam a discussão política e na mídia sobre a chegada do meteoro e a destruição do planeta. Basicamente começou uma política em torno disso, algumas pessoas diziam para não olhar em direção ao meteoro, e outras pediam que olhassem”. Esta foi a rápida sinopse do filme de ficção científica “Não Olhe Para Cima”, de 2021, lembrada pelo professor de Biologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nathan Oliveira Barros, na abertura de sua fala no seminário sobre crise climática em Minas Gerais.

No evento, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Câmara Municipal de Juiz de Fora, o professor pediu para que a a população “olhe para cima”. “É exatamente isso que está acontecendo hoje. A gente está cansado de dizer que tem ‘um meteoro vindo em rota de colisão com a Terra’, e já estamos começando a perceber os sintomas dessa colisão que ainda nem aconteceu.”

PUBLICIDADE

Os alertas são graves. Segundo Nathan, a mitigação das mudanças climáticas, como o corte de gases do efeito estufa, não existe mais, pois já estamos na fase emergencial. Ele também explica que a mudança nas chuvas em Juiz de Fora, começando cada vez mais tarde e terminando cada vez mais cedo, faz com que todo o volume caia de uma vez, de forma concentrada, gerando alagamentos, deslizamentos e doenças de veiculação hídrica. Ele afirma que o os dias secos estão aumentando, e a tendência é que assim continue.

PUBLICIDADE

A professora do Departamento de Economia da UFJF, Flávia Lúcia Chein Feres, reforçou os alertas, por um aspecto quantitativo. De acordo com dados de 2019, os prejuízos e danos causados por eventos climáticos extremos na Zona da Mata representam 3% de todo o PIB da região. Mas o prejuízo se torna muito maior com o tempo, graças aos danos em todas as infraestruturas envolvidas.

De todas as 143 cidades da região, 95% foram atingidas por pelo menos um tipo de desastre natural nos últimos 25 anos, totalizando 1.088 ocorrências. O que aumenta a preocupação com a atualidade é que 62% desses registros foram feitos a partir de 2019.

PUBLICIDADE

Quase 65% dos eventos extremos catalogados tiveram causas meteorológicas, seguido por hidrológicas (16,5%) – que envolvem as enchentes e inundações. Entre outras, as climatológicas (3,5%) são questões relacionadas às secas. 

O professor Nathan aponta como solução que todos mudem três coisas: a forma de interação com o planeta, o questionamento do que se consome (e não só do preço), e a integração do debate à política, sem a politização de que seja uma pauta de esquerda ou de direita.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile