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Calma Nesta Hora leva cuidado em saúde mental durante a pandemia

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Há cerca de um mês e meio, um grupo voluntário formado por 70 estudantes e profissionais da área da saúde mental se uniu para oferecer acolhimento on-line gratuito. O projeto leva o nome Calma nesta hora e se dedica a ser uma porta de entrada, um acesso, para ajudar as pessoas a lidarem com condições difíceis, como solidão, ansiedade e medo diante da necessidade de enfrentar distanciamento social, aprender etiqueta respiratória e entender doenças como síndrome respiratória aguda grave.

O site pode ser acessado por qualquer pessoa no mundo. Por meio dele, os interessados podem conversar anonimamente com algum dos profissionais capacitados para oferecer esse atendimento. Há 40 voluntários no Brasil e 30 na Argentina, das instituições: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Universidade Católica de Petrópolis e Universidad Nacional de Tucumán.

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“Se a pessoa estiver com dificuldade de se organizar para o trabalho, se sente alguma ansiedade ou até medo em função de tudo o que está acontecendo, ou qualquer outra situação, vai encontrar alguém para entender melhor essa queixa, ou a causa desse mal estar”, explica o professor da UFJF, Telmo Ronzani, um dos organizadores do projeto. Os profissionais avaliam o grau de ansiedade ou gravidade daquele caso e orientam as pessoas . “Há casos mais graves, que precisam de psicoterapia ou outro tipo de atendimento especializado. Contamos com uma rede, para a qual podemos encaminhar, seja ela física, que esteja próxima de onde a pessoa vive, ou por atendimento on-line.”

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Site pode ser acessado por qualquer pessoa. Por meio dele, os interessados podem conversar de forma anônima com algum dos profissionais capacitados (Foto: Fernando Priamo)

Desconstruir preconceitos

O acesso ao atendimento em saúde mental ainda enfrenta barreiras. Algumas de ordem prática, que incluem a falta de serviço na região em que a pessoa vive, mas também persistem as dificuldades em função do preconceito. “Às vezes, as pessoas têm vergonha de procurar um profissional, porque demonstrar algum tipo de sofrimento mental ou angústia poderia ser sinal de fraqueza. Tentamos mostrar justamente o contrário. É normal apresentar algum tipo de sofrimento ante aquilo que não faz bem”, diz o professor.

A vivência desse trabalho tem mostrado que muitas pessoas buscam o serviço porque não tinham acesso de outras formas. “ Como é um atendimento anônimo, que não tem um contato direto, isso facilita muito para além da pandemia. O serviço ajuda a aproximar de um cuidado mais profissionalizado, mais adequado, e ter esse primeiro atendimento, para analisar melhor o caso”.

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Mais de 20 mil atendimentos

Segundo Telmo Ronzani, profissionais avaliam o grau de ansiedade ou a gravidade do caso e orientam as pessoas (Foto: Arquivo TM)

Mesmo com poucas semanas desde o início da iniciativa, os voluntários do Calma Nesta Hora já realizaram mais de 20 mil atendimentos. Segundo Telmo Ronzani, esse número tão expressivo indica que, além da contaminação, todo o cenário de incertezas tem um impacto significativo na saúde mental das pessoas. “Temos visto muitos casos em que as pessoas estão sofrendo muito seja pelo medo da doença ou pelos impactos indiretos do isolamento social, intensificando as coisas que já existiam antes. Isso reforça essa necessidade de cuidar da saúde mental, para que tenhamos uma saída mais saudável também.”

A grande procura ao mesmo tempo que traz uma sensação de realização pelo trabalho, conforme o professor, também é um alerta e preocupa os profissionais e traz uma indicação importante para novos caminhos no pós- pandemia. “A maior parte do grupo é formada por profissionais, formados por universidades públicas, e isso indica que não estamos parado. Estamos sendo úteis, esse é um retorno que damos para a sociedade que é nossa obrigação. Esse trabalho também qualifica, porque é uma nova modalidade. Intervenções em saúde mediadas por tecnologias vão ser cada vez mais discutidas”, considera o professor.

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