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Abaixo-assinado pede maior presença feminina em comenda

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Atualizada às 21h55

O mérito Comendador Henrique Halfeld entregue no dia do aniversário de Juiz de Fora, 31 de maio, chamou a atenção pela baixa representatividade feminina entre os homenageados. Apenas a servidora e secretária de Saúde Elizabeth Jucá Mello Jacometti foi homenageada nominalmente e a outra homenageada representava uma instituição. Na foto que reúne os integrantes da lista, indicados por um conselho formado pelas secretarias de Governo e Educação, Câmara Municipal, UFJF, Funalfa e o Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, além de descendentes do engenheiro que dá o nome à medalha, as duas se destacam entre os 25 homenageados. Além da foto, as histórias de importantes mulheres da cidade também ficaram de fora. O incômodo da falta delas motivou a arquiteta e urbanista Isadora Monteiro a fazer um abaixo-assinado. No documento virtual, pede que 50% do quadro de homenageados seja composto por mulheres, assim como a comissão responsável por indicar os nomes. Verificando as listas anteriores, os nomes das mulheres aparecem, em quase a totalidade das edições, em menor número que o dos homens.

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“Meu avô teve um convite dizendo que ele receberia a medalha e foi pedido que a minha prima escrevesse um parágrafo de biografia, com dados. Ela ficou chateada com o fato de que apenas meu avô receberia um reconhecimento, que também tem muito do trabalho da minha avó. Ela a citou várias vezes no texto, dizendo que foi companheira em todas as etapas. Mas na hora da cerimônia, o texto foi muito editado. Não mantiveram os dados todos sobre a importância dela. Quando cheguei lá fiquei ainda mais chateada, foi um baque ver que havia apenas duas mulheres entre os homenageados.” Naquele momento, ela decidiu que alguma coisa precisava ser feita. A primeira ideia foi fazer o relato, com uma homenagem direcionada à avó. Mas ela decidiu ir além. “Percebi que poderia mobilizar as pessoas por uma causa que não fosse apenas a da minha avó, mas de todas as mulheres da cidade.” A ideia é abrir diálogo com a Prefeitura após recolher as assinaturas. Em resposta, a Prefeitura  informou que a edição do texto contemplou fielmente as informações referentes ao homenageado e sua esposa, que foram enviadas pela família.

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A falta de reconhecimento para a mulher, segundo a integrante do coletivo Maria Maria, Isadora de Araújo Pontes, remonta a histórias como a da cientista Marie Curie que recebeu dois prêmios nobel, o primeiro endereçado apenas para o marido dela, Pierre Curie. Ele disse que não aceitaria se não fosse dos dois, porque foi um trabalho conjunto. É uma situação distante, mas com pontos semelhantes ao que ainda acontece. “Sempre caminhamos e evoluímos, mas é curioso que, quando se trata do reconhecimento da mulher, ainda estamos muito atrasados. Existem muitas mulheres na nossa sociedade que têm anos de luta, seja pelas comunidades em que estão inseridas, no mercado de trabalho e não são reconhecidas. É como se o nosso trabalho fosse dispensável.”

Em nota, a Prefeitura afirmou que os agraciados da homenagem Mérito Comendador Henrique Halfeld são selecionados com base em critérios básicos que são atuar na defesa dos interesses e desenvolvimento da cidade e não ter recebido a medalha em anos anteriores. “Anualmente, nas comemorações do aniversário da cidade, homens e mulheres, sem distinção de credo, raça e gênero, são agraciados e os mesmos são definidos por uma comissão. Após o ato de escolha, os homenageados são contatados pela PJF, que sempre se coloca à disposição para discutir alterações necessárias nas indicações.”

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