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Endometriose: saiba mais sobre os sintomas e o tratamento da doença

endometriose Freepik
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Neste domingo (7) é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a Endometriose. Esse distúrbio atinge entre 10% e 15% das mulheres, podendo representar um número ainda maior, já que o diagnóstico costuma ser difícil e demorado. Recentemente, famosas como Anitta, Larissa Manoela e Giovanna Ewbank foram às redes falar sobre o tema, já que também têm essa doença que, em muitos casos, leva a uma dor incapacitante. É também essa condição uma das maiores causas da infertilidade feminina, provocando ainda outros sintomas que podem prejudicar a qualidade de vida.

A endometriose é a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, e os sintomas dependem de cada paciente e da área de acometimento. Os mais comuns são dor na relação sexual, dor no período menstrual, no período ovulatório, dor pélvica crônica, sintomas urinários e sintomas intestinais (como mudanças no formato das fezes). É uma doença inflamatória benigna e crônica, e que pode afetar várias áreas do corpo.

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A estudante Ana Carolina Nascimento, de 23 anos, começou a ter os primeiros sintomas desse quadro aos 18 anos. “Sempre tive muita cólica, e uma cólica muito forte. Mas sempre falavam que era normal ter cólica, e eu não imaginava que poderia ser algum tipo de doença. Eu ficava de cama mesmo”, conta. Os sintomas, com o tempo, foram se agravando, e trouxeram também enjoo e um ciclo totalmente irregular, o que tornava difícil prever quando as dores mais intensas viriam. Em um dos episódios, Ana Carolina chegou a tomar remédio intravenoso no hospital para melhorar os sintomas, e foi aí que, pela primeira vez, soube que poderia ter endometriose. Até aquele momento, ela não tinha um médico ginecologista ao qual fosse com frequência para sinalizar que algo poderia estar além da normalidade. “Eu não tinha um médico pra falar que poderia ser um problema, algo que não fosse só menstruação normal”, explica.

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No caso de Ana, foi possível buscar um tratamento efetivo através do uso de anticoncepcional. Ela, que em alguns momentos da vida chegou a perder aula e ter prejuízos na sua vida pessoal, começou com o tempo a ter uma melhora. O tratamento hormonal, no entanto, não é sempre a opção que traz os melhores resultados para sanar as dores. No caso da jornalista Gabriella Weiss, de 26 anos, foi preciso buscar uma cirurgia. O problema começou quando ela teve uma mudança em seu ciclo menstrual, passando a ter um fluxo “muito mais intenso e cólicas absolutamente incapacitantes”. Foi assim que começou a investigar e viu o que poderia ser, já que em muitos casos os exames não são conclusivos. A primeira tentativa de tratamento foi com o uso de dispositivo intrauterino (DIU), mas ao longo do tempo o quadro foi se agravando consideravelmente. Ela teve distensão do abdômen, cólicas muito fortes, dores em relações sexuais e o intestino também foi afetado.

Além das dificuldades da doença, Gabriella também passou por desafios trazidos durante o diagnóstico, já que a dor que sentia era tratada como se fosse rotineira. Ela conta que, nesse processo, teve que mudar de médico, já que o primeiro profissional com quem se consultou não queria repetir os exames e achava que o caso dela não teria indicação para cirurgia. Com a mudança, ficou clara a piora, e ela foi encaminhada para cirurgia. “Eu tinha dor basicamente 20 dias por mês, com intensidades variadas, mas o tempo todo. É uma dor muito incapacitante, porque não é só uma cólica localizada, como normalmente é a cólica menstrual, mas uma dor que irradia para as costas e pernas. Cheguei a ter uma crise em que fiquei quatro dias na cama, sem conseguir me levantar nem para me alimentar”, conta. Assim como as duas, há diversas mulheres que têm a doença mas não sabem do que se trata, e que enfrentam obstáculos para continuar suas rotinas com os sintomas que apresentam.

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Principais sintomas e dificuldade no diagnóstico

Luzia Salomão, médica ginecologista, é responsável pelo Ambulatório de Endometriose do HU-UFJF (Foto: Rafaela Fernandes/Divulgação)

Como a endometriose se trata de uma doença inflamatória benigna e crônica, a ginecologista Luzia Salomão, médica responsável pelo Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF/Ebserh), explica que pode afetar várias áreas do corpo. Ela aponta, ainda, que os sintomas não são diretamente proporcionais à gravidade da doença, e que é preciso analisar cada caso individualmente. “Há pacientes que têm acometimento profundo de endometriose, mas são assintomáticos”, explica. Há ainda uma dificuldade de diagnóstico e um histórico de atraso no diagnóstico da endometriose. Para que o caso seja analisado de forma completa, Luzia explica que o diagnóstico deve ser feito através de uma anamnese detalhada, com perguntas sobre o que a paciente sente, as dificuldades para engravidar e também sobre as dores, além de ser preciso haver um exame físico no qual, através do toque, possam ser detectados focos de endometriose, além de exames de imagem e ressonância magnética.

Em sua experiência clínica, a médica destaca como o diagnóstico precoce é importante para a qualidade de vida das pacientes. “É preciso ir ao ginecologista, ficar atento a qualquer sintoma diferente que possa levar a pensar em endometriose, para que seja adotado um plano para a vida daquela paciente.” Além disso, como se trata de uma doença inflamatória e benigna crônica, é preciso haver também uma mudança no estilo de vida, com uso de alguns medicamentos e, em alguns casos, até cirurgia, “para que não chegue a um ponto que a paciente tenha impacto significativo na sua qualidade de vida, no trabalho, nos estudos e na sua vida afetiva”.

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Necessidade de equipe multidisciplinar

O pico de prevalência da doença é entre mulheres de 25 a 35 anos, mas a médica explica que a endometriose pode ser encontrada em adolescentes e mulheres pós-menopausa também. Para ela, o primeiro passo, na suspeita dos sintomas, é procurar um médico ginecologista e, caso a hipótese seja forte, garantir que se trata de um especialista, já que o problema no atraso do diagnóstico prejudica o quadro.

Além disso, ela destaca que uma equipe multidisciplinar que trate dos diferentes impactos que a doença pode gerar é muito importante para que os sintomas melhorem. Em Juiz de Fora, o HU-UFJF possui um Ambulatório de Endometriose, em que as pacientes podem ser atendidas por uma equipe assim, contando com várias especialidades médicas tais como fisioterapia, nutrição e psicologia. “É possível a paciente conviver com a endometriose, se bem acompanhada pelo seu médico”, diz.

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