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PJF homenageia mulheres por resistência à ditadura militar em solenidade

Adenilde Petrina Foto Leonardo Costa
Líder comunitária Adenilde Petrina é uma das agraciadas (Foto: Leonardo Costa)
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No próximo dia 10 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) realizará o evento “Mulheres de Luta”, uma homenagem a dez mulheres que se destacaram na luta contra a ditadura militar. A solenidade será às 19h30, no Teatro Paschoal Carlos Magno (Rua Gilberto de Alencar 1, Centro).

A iniciativa integra a “Semana Municipal dos Direitos Humanos Clodsmidt Riani”, que ocorre até 13 de dezembro. O evento foi idealizado a partir de uma emenda parlamentar da vereadora Tallia Sobral. O secretário especial de Direitos Humanos, Biel Rocha, destacou que o objetivo do evento é reconhecer a trajetória dessas mulheres como exemplos de coragem na defesa da democracia e dos direitos humanos durante o regime militar.

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“Essas mulheres dedicaram suas vidas a lutar contra a repressão, enfrentando riscos, violência e perseguições para garantir que a liberdade de expressão, os direitos políticos e a justiça social prevalecessem. Elas representam a força e a resiliência de todas as mulheres que, muitas vezes, tiveram seus papéis históricos ignorados, mas foram fundamentais na construção de um Brasil mais democrático. Ao reconhecer suas trajetórias, não estamos apenas honrando o passado, mas reforçando a importância de continuar trabalhando para que os direitos humanos sejam garantidos para todos e todas, sem exceção”.

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Conheça as homenageadas:

Maria do Céu (1902 – 2002)

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Educadora, destacou-se pela atuação em momentos políticos importantes. Lutou contra a ditadura militar, ajudando a soltar presos políticos, defendendo a liberdade de imprensa, oferecendo sua casa como sede do Comitê Brasileiro pela Anistia de Juiz de Fora e apoiou o movimento Diretas Já. Empenhou-se pela preservação do patrimônio arquitetônico da cidade, em especial o prédio dos Grupos Centrais e no movimento “Mascarenhas Meu Amor”.

Eny Raimundo Moreira (1946 – 2022)

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Advogada e militante dos direitos humanos. Atuou na defesa dos presos políticos durante o regime militar. Criou o Comitê Brasileiro pela Anistia e foi uma figura central do projeto ‘Brasil Nunca Mais’, a mais ampla pesquisa feita pela sociedade civil sobre a tortura política no país, que expôs a gravidade das violações aos direitos humanos promovidas pela repressão política durante a ditadura militar.

Helena de Mota Salles

Mestre e Doutora em Ciência Política. Durante a ditadura participou ativamente das atividades de contestação do regime de exceção no movimento estudantil ( DA do ICHL da UFJF e DCE). Os fundamentos de sua militância remontam à JEC – Juventude Estudantil Católica. Na vida profissional, manteve seu compromisso com a luta por um Brasil mais justo. Foi presidente da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora cujo objetivo foi elucidar os casos de graves violações dos direitos humanos em nosso município durante a ditadura civil- militar.

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Nair Guedes

Sua militância começou na Juventude Estudantil Católica. Em consequência do AI-5, foi presa no Recife, atuou no movimento camponês em Goiás e na década de 70. Refugiou-se retornando ao Brasil com a Lei da Anistia. Foi professora da Faculdade de Serviço Social e vereadora. Única mulher na Câmara Municipal de Juiz de Fora empenhou-se na luta dos direitos das mulheres.

Marilda Villela Iamamoto

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Doutora em Ciências Sociais, teve na profissão os reflexos da preocupação com a política, fruto da participação no movimento estudantil e na esquerda católica. No auge da ditadura, foi presa e submetida à tortura, condição oficialmente reconhecida pelo governo de Minas Gerais. É professora universitária e autora de livros na área de Serviço Social, publicados no Brasil e no exterior, e de artigos em revistas científicas.

Mariléa Venancio Porfirio

Foi presa e torturada durante a ditadura quando trabalhava no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Foi demitida por abandono de trabalho, mesmo com a ciência do INPS de que se encontrava presa. O julgamento foi marcado pela reafirmação de romper a cultura do silêncio. Posteriormente, foi absolvida pelo Supremo Tribunal Militar. Em 1974, recomeçou a trabalhar como pesquisadora até se tornar professora universitária.

Áurea Celeste Gouvea

Militante, filha de mãe costureira e pai carpinteiro, que traziam para o seu mundo o universo da arte e da cultura. Define-se de esquerda. Foi presa no período da ditadura. Sua realidade, consciência e a busca por justiça social a levaram para a militância política. Formada em Letras e Direito, foi professora em diversos colégios e cursos da cidade. Fundadora e coordenadora do Grupo Solidariedade Pró-Alimentação.

Thereza de Azevedo Leite (1934-2023)

A educadora foi conhecida pela atuação em temas ligados à educação e aos direitos das mulheres. Com princípios transformadores, foi responsável por inserir seus conhecimentos de educação popular à rede estadual de ensino. Exerceu o cargo de Secretária Municipal de Educação e foi uma das fundadoras do Colégio Magister. Contribuiu ativamente pela luta dos direitos civis através do seu olhar atento para a educação.

Adenilde Petrina Bispo

Uma das liderança comunitárias do bairro Santa Cândida juntou-se ainda na juventude a um grupo de mulheres no empenho por melhorias para a comunidade. Da “militância por necessidade”, não parou mais. Foi a primeira da família a ter acesso à universidade e empenhou-se pelos direitos da periferia. Trabalhou pela democratização da comunicação e ajudou a criar a Rádio Comunitária Mega FM. Dedica-se ao Coletivo Vozes da Rua (cultura afro-brasileira e Hip-Hop).

Marita Pimentel França Teixeira

Seu marido, Misael Teixeira, ex-diretor dos Correios em Juiz de Fora, foi um preso político, e a ex-telegrafista foi uma das primeiras a depor na Comissão Municipal da Verdade, criada em 2012 para apurar casos de graves violações contra os direitos humanos em Juiz de Fora. Marita teve papel essencial na busca pela liberdade de seu companheiro, assim como demonstrou coragem em seus depoimentos onde revelou as atrocidades vividas durante o regime militar.

A programação completa da Semana Municipal dos Direitos Humanos está disponível no site da PJF.

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