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Uma rua para brincar

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A contadora de histórias Flávia Nascimento poderia ter vivido uma cena de novela se o que se passou com ela não fosse incrivelmente real. Há poucos dias, a professora da Escola Municipal Olinda de Paula Magalhães foi visitar a mãe no Bairro Santa Luzia, mas um barulho ensurdecedor acabou atraindo Flávia para fora da casa. “Era um helicóptero voando baixo. Quando saí, o policial me viu, e fiquei na mira do fuzil. Minha mãe gritava: pelo amor de Deus, sai da frente. Respondi que não. Acho que ele foi chamado no rádio e deu a volta”, comenta. Flávia só sentiu o efeito da experiência dias depois.

Impactada, acabou levando para a sala de aula aquele episódio que foi contado a alunos do terceiro ano do ensino fundamental. “Eles não se impressionaram. Poucos acharam aquilo de ordem fantástica, porque era um evento comum para eles”, afirma Flávia, que pediu para outra turma desenhar a sua rua. Ela queria que eles descrevessem como a rua era e como as crianças gostariam que fosse. O resultado foi surpreendente. Alguns desenharam carros de polícia, armas, sangue. Sobre a rua que sonhavam, tinha árvores e brinquedos. “Um deles me disse: eu gostaria que minha rua não tivesse tanta violência. Já outro, que gostaria de poder brincar na rua”, revelou, Flávia, admitindo que os alunos têm medo de brincar na praça do Jardim Esperança, onde está a escola que é referência em projetos culturais.

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A tranquilidade na escola contrasta com o entorno de violência provocada por disputas de tráfico e desavenças entre jovens. O pior é constatar que crianças de 8 anos já percebem o perigo. “O medo deles é real”, lamenta Flávia, que só tem uma arma contra a violência: “Instrumentalizar esses meninos para que eles almejem coisa melhor e saibam que poderão ter a chance de estudar. Procuro conscientizá-los como cidadãos sobre os direitos e o respeito ao outro”.

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