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‘Sociedade apoia extermínio’

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Para Paulo Fraga, vice-coordenador da Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFJF, a violência é um problema de saúde pública, embora pouca gente se dê conta disso. “Esse é um lado pouco explorado: a violência não letal, aquela que causa morbidade. Se uma parcela da sociedade não se mobilizar pelas vidas perdidas, deveria se mobilizar diante dos gastos de recursos públicos. Além dos anos de vida perdidos, estamos falando de pessoas jovens que perdem a sua capacidade produtiva.”

Pedro Lagatta, psicólogo do Margens Clínicas – grupo que trabalha com os impactos subjetivos da violência de Estado em São Paulo -, diz que uma parte da sociedade não só tolera como apoia a violência praticada contra os “inimigos” da paz social. “Não é possível explicitar claramente esses desejos de extermínio de certos grupos sociais, mas é certo que uma parcela significativa da sociedade deseja que determinados conflitos, principalmente aqueles envolvendo criminalidade e pessoas pobres e pretas, sejam resolvidos a partir de soluções finais. Basta analisarmos alguns indicadores, como a máxima popular ‘bandido bom é bandido morto’. Também não é desprezível o apoio à pena de morte no Brasil, nem o desejo de intervenção militar, visto que, na ditadura, o modus operandi mais específico do regime civil-militar era justamente a autorização do uso da violência letal para lidar com a dissidência política.”

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O fato é que a indiferença diante da violência que se aceita contra os considerados menos humanos do que outros tem trazido para cada vez mais perto aquilo que as pessoas se recusam a ver. “Não é possível continuar a pensar que o bom é deixar que esses jovens se matem. É necessário reconhecer que há o problema na cidade. Depois, é fundamental haver mediadores que promovam a paz. Que sociedade é esta que legitima práticas de extermínio em vez de enfrentá-las? A juventude tem que ser prioridade. Há uma lacuna nas políticas públicas para jovens.”

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