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Tremor sentido em Juiz de Fora não era registrado há mais de 30 anos 

tremor santa luzia arquivo pessoal
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Após 34 anos, Juiz de Fora voltou a registrar um tremor de terra no último sábado (3). De acordo com informações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), a magnitude sentida pela população do Bairro Santa Luzia, na Zona Sul, às 12h23, foi de 1.7 na Escala Richter, considerada de baixa intensidade. Os moradores afirmam que vivenciaram um forte estrondo acompanhado de trepidações em portas e janelas das residências. A RSBR informou à Tribuna que o último evento do tipo presenciado em Juiz de Fora ocorreu em 1991 com magnitude 2.6, também considerada baixa.

O tremor foi registrado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) e analisado pelo Centro de Sismologia da USP. A RSBR é coordenada pelo Observatório Nacional (ON/MCTI) com apoio do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM). De acordo com o sismólogo do Centro de Sismologia da USP e da RSBR, Bruno Collaço, pequenos tremores de terra, como o sentido em Juiz de Fora, não são incomuns em Minas Gerais, muito pelo contrário, já que o estado é o com maior número de abalos sísmicos registrados. “Os tremores naturais, na sua grande maioria, se devem às grandes pressões geológicas que atuam na crosta terrestre”, explica o sismólogo.

O vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Santa Luzia, Ary Raposo, pensou que tudo iria desmoronar. Ele relata ter escutado um barulho ensurdecedor e sentido o tremor. “Só vi vídeo na rede social. A vizinhança toda foi pra rua, mas não conseguíamos saber de onde vinha o barulho. Cada um olhava para um lado e encontrava um vazio. Todo mundo desnorteado. É só o que posso falar. Aliás, o que todos podem falar.”

Segundo o especialista da RSBR, apesar do susto, o abalo dessa magnitude não teria força suficiente para causar algum dano mais sério nas construções. “O que acontece é que o Brasil está no centro da placa sul-americana e essa placa está sendo apertada por outras duas placas, do lado leste tem a placa da África e do lado oeste tem a placa de Nazca. Então, essas pressões se espalham por rochas do substrato terrestre embaixo do Brasil e em algum momento essas pressões são muito grandes, as rochas não conseguem suportar e acabam quebrando e quando ocorre essa quebra aí temos o que chamamos de terremoto. As ondas se espalham em todas as direções e essa passagem dessa onda é o tremor que as pessoas sentem.”

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O último tremor registrado no estado de Minas Gerais, anterior a esse evento na cidade, havia ocorrido no dia 17 de setembro, em Contagem, com magnitude 2.5 mR. No sábado, o Corpo de Bombeiros recebeu cerca de 20 ligações informando o ocorrido. Segundo a corporação, não houve registro de danos estruturais ou vítimas. “Recebemos relatos de um estrondo intenso, com vibração perceptível em imóveis, mas ninguém soube precisar a origem ou localização do evento”, informou a assessoria dos Bombeiros à época.

Defesa Civil afirma que tremor não causou danos

A Defesa Civil de Juiz de Fora disse que realizou uma série de vistorias em imóveis na Região Sul após o acionamento da população, mas que nenhum dano estrutural foi encontrado nos imóveis vistoriados. Segundo o órgão, geralmente, tremores dessa magnitude não são percebidos pela maioria da população devido a baixa intensidade, não gerando riscos estruturais, como foi verificado na ocorrência de sábado. “Em situações como essa, não há impacto sobre edificações, mesmo aquelas mais suscetíveis. Esses eventos são naturais e relativamente comuns em Minas Gerais, não representando, neste caso, qualquer ameaça”, informa.

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A Defesa Civil ainda afirmou que segue acompanhando as informações repassadas pelos órgãos competentes e orientou a população a, em caso de percepção de novos tremores, entrar em contato pelo número 199.

Moradores do Santa Luzia relatam susto

“Era por volta de meio-dia e meia, mais ou menos. Eu estava atendendo um cliente, estávamos conversando, quando, de repente, teve um movimento da rua, deu para escutar o estrondo. O cliente estava sentado, não percebeu, mas eu senti o tremor no pé”, conta o barbeiro Rafael Sabino Alves, de 37 anos, que mora no bairro há 20 anos. Até o último sábado, o trabalhador não havia presenciado um fenômeno como este anteriormente, experiência que deixou assustados tanto ele, quanto seus vizinhos.

Do outro lado da rua, o proprietário da padaria Mister Pão, José Eduardo Alves Pinto, 59 anos, que vive há três décadas no Bairro Santa Luiza, contou que na hora do tremor estava tirando um cochilo em sua casa, após o almoço, quando ouviu o barulho. “Pensei: aconteceu alguma coisa na padaria. Quando desci, estava normal, não tinha nada. Mas levei muito susto”. Assim como os demais vizinhos, ele conta que só ficou sabendo do que aconteceu no bairro posteriormente, pelas redes sociais e por aplicativo de mensagens. Também afirmou que ninguém prestou esclarecimentos àqueles que vivem no entorno.

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A moradora do bairro Monica Aparecida Vilani Alvarenga, atendente da Padaria Sabor da Praça, também sentiu o abalo, considerado por ela como um “barulho bem intenso”: “Eu estava em casa. Senti muito tremor. As janelas balançaram, os copos balançaram, mas foi muito rápido também. Ninguém sabe o que aconteceu, né? Todo mundo ficou assustado”.

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