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Acessibilidade é desafio para eleitorado de Juiz de Fora

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Silveiro Gomes tem 91 anos e conta, com orgulho, que nunca deixou de votar. Assim ele fez na manhã deste domingo (3), quando foi até a Escola Municipal Manoel Bandeira, localizada no Bairro Nossa Senhora Aparecida, na Zona Leste da cidade. Amparado por muletas, a escada com cerca de 20 degraus que separam a fachada do colégio da primeira seção eleitoral do local, significaram um desafio, um esforço e, também, um risco à pessoas com deficiência (PCD) e idosos.

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“Eu acho isso um absurdo para nós, depois de 60 anos não dá mais para nós essa escada. A minha filha ainda me traz, mas isso é um absurdo. Não é lugar para nós isso mais”, disse Silveiro, sobre a falta de acessibilidade simbolizar uma segregação quanto a determinados grupos de eleitorado, como idosos e pessoas com deficientes que afetam a mobilidade. 

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A Tribuna esteve no local e flagrou várias situações semelhantes, como idosos com mobilidade reduzida subindo a escada de costas, pois era o único meio de conseguir realizar a trajetória rumo às urnas. Segundo André Luis de Oliveira, coordenador de acessibilidade, possíveis demandas serão recebidas no local e posteriormente encaminhadas ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas. Mas, enquanto isso, os idosos que saíram de casa para votar tiveram que se desdobrar para conseguir participar dessa festa da democracia.

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Joaquim Batista, 62 anos, está com a perna amputada e faz uso de duas muletas. Para subir e descer as escadas da escola, ele teve que se amparar em apenas uma, enquanto com a outra mão ele se apoiava no corrimão. “Foi bem difícil, chegar lá em cima com uma perna só, é complicado”, diz ele. Conforme contou à Tribuna, nem sempre ele votou naquele local, mas mudou a sua seção para lá devido a proximidade com sua casa. “Eu votava no Bairro Vitorino Braga, mas como eu moro aqui perto, a transferência de zona foi melhor”.

Para Adão Gonçalves, 72 anos, “quem não vota não tem direito nem de reclamar”. Por isso, ele considera importante exercer o direito de escolha e ir às urnas, mesmo que em sua faixa etária o voto já seja facultativo. No caso de outro idoso, 80 anos, não votar foi uma questão para além da escolha, se deu como uma imposição pela falta de acessibilidade estrutural do local. A Tribuna encontrou com a filha dele, em Benfica, enquanto ela ia votar na Escola Estadual Presidente Costa e Silva. Ela contou que o pai tem interesse em continuar votando, mas a falta de acessibilidade faz com que ele desista, uma vez que não é mais obrigatório e que, nessa altura, pedir transferência já não faz sentido para sua realidade.

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O pai votaria na Escola Municipal Manoel Bandeira, escola onde a reportagem flagrou essas situações desafiantes para pessoas com mobilidade reduzida. A filha elencou alguns dos principais pontos de alerta sobre o local. “É uma escola que tem vários lances de escada, não tem rampa, não tem elevador”, ela observa e também acrescenta que isso precisa ser ponderado pelo TRE. “Tem que ver as pessoasque já estão ficando envelhecidas e procurar um outro local com mais acessibilidade. Porque essa escola, por exemplo, não tem nada, não tem uma outra alternativa. Então, ou as pessoas vão votar com muita dificuldade ou não vão votar”, finaliza. 

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