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HU realiza primeiro transplante haploidêntico

Conforme o hematologista Abrahão Hallack, a nova técnica tem sido realizada apenas em casos muito graves. (Foto: Olavo Prazeres/28-07-15)
Conforme o hematologista Abrahão Hallack, a nova técnica tem sido realizada apenas em casos muito graves. (Foto: Olavo Prazeres/28-07-15)
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Um novo horizonte começa a despontar para os pacientes que aguardam por doadores compatíveis, para realizar um transplante de medula óssea. Isso porque uma nova técnica, ainda em caráter experimental, vem sendo realizada no Brasil: o chamado transplante haploidêntico, ou seja, quando a compatibilidade é de apenas 50%. Na busca por encontrar um caminho para por fim à angustia da espera por um doador, o Hospital Universitário (HU) da UFJF realizou, no dia 13 de abril deste ano, o primeiro transplante haploidêntico.

Conforme o hematologista do HU Abrahão Hallack, a nova técnica tem sido realizada apenas em casos muito graves, em que todas as possibilidades de tratamento já foram usadas sem sucesso, não há doador compatível e não se tem tempo para esperar que surja um. “A gente fez o transplante em um rapaz de 18 anos, que tinha linfoma de Hodgkin (uma forma de câncer). Ele já tinha feito um transplante autólogo (quando são usadas as próprias células-tronco do paciente) com a gente, e a doença tinha se refratado (quando não responde ao tratamento). Ele não tinha doador no banco, e tinha uma doença que estava muito descontrolada.”

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Infelizmente, após três meses do transplante, o rapaz veio a óbito. “O transplante em si deu certo, mas o paciente acabou falecendo de infecção. O grau de imunossupressão que é necessário em um transplante como esse, para que o organismo do paciente não rejeite a medula do doador, é tão intenso, que o risco infeccioso fica muito alto. Essa imunossupressão também ocorre quando o doador é 100% compatível, mas ela é menos intensa.”

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Segundo Hallack, há duas complicações que podem ocorrer: o sistema imunológico do paciente rejeitar a medula do doador ou os linfócitos (celular de defesa) do doador, que são transplantados misturadas às células-tronco, atacar o organismo – o que é conhecido como doença do enxerto contra o hospedeiro.

Avanços

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Apesar do desfecho do primeiro transplante haploidêntico do HU não ter sido o melhor, o hematologista está confiante que, no futuro, a técnica irá salvar milhares de vidas. “Esse transplante já vem se amadurecendo. Ele era extremamente caro. O grande lance atual é que foram desenvolvidos protocolos que foram testados no mundo e deixaram o transplante factível em termos de custos.”

O primeiro transplante haploidêntico foi realizado no Brasil em 2008. As instituições que realizam o procedimento há mais tempo, como o Hospital Sírio-Libanês e Hospital Israelita Albert Einstein, afirmam que os resultados são promissores. “De qualquer forma, o transplante haploidêntico veio aumentar as possibilidades de tratamento nas pessoas que não conseguem encontrar um doador 100% compatível. São novas esperanças que surgem”, afirma coordenadora da área de onco-hematologia do Sírio-Libanês, Yana Novis.

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“À medida que vamos tendo maior necessidade de utilizá-lo, vamos aprendendo a fazê-lo melhor. A gente vai conseguir dar um impulso grande quando vier o novo hospital, porque aí vai ter uma estrutura hospitalar melhor”, finaliza Hallack. O HU realiza transplante de medula óssea autólogo desde 2004, contabilizando mais de 250 procedimentos. O transplante alogênico aparentado (aquele que envolve um doador da família) é feito desde 2012, atingindo 12 pacientes. A instituição ainda não realiza o transplante alogênico com pessoas não-aparentadas.

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