Era noite do dia 21 de outubro de 2020 quando um acidente de moto mudou a vida da estudante Gabriela Ambrósio, de 22 anos. Foi também nesta noite que ela renasceu. Com metade da perna esquerda amputada e dois meses de internação, ela precisou reaprender não só a andar, mas a viver, passo a passo. Hoje, nove meses depois, a jovem busca ajuda financeira para conseguir uma prótese mais adequada ao seu caso e que vai ajudá-la a ter mais mobilidade. A campanha vem mobilizando dezenas de pessoas nas redes sociais, que começaram a usar a #pernocadagabi para arrecadar o valor de R$ 48 mil, voltado para a compra da prótese.
A estudante de engenharia civil conta que ter uma moto sempre foi seu sonho. Morando na Zona Norte, trabalhando em dois empregos e fazendo faculdade, Gabriela sentiu ainda mais vontade de ter a carteira de habilitação e a moto para facilitar sua rotina. Depois de passar de primeira no exame de rua, no dia 31 de julho do ano passado, os pais deram a moto a ela de aniversário, como era o combinado caso ela tivesse a aprovação na primeira tentativa.
“Comprei a moto no dia 15 de agosto, meu aniversário é dia 20. Ali era meu sonho realizado, porém, um mês depois aconteceu o acidente e tudo mudou. Eu estava descendo a Estrada Engenheiro Gentil Forn quando aconteceu o acidente. Eu bati em um guard rail e rolei em uma ladeira de 42 metros. O fêmur da minha perna esquerda quebrou no meio. Fui socorrida pelos Bombeiros e levada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde a amputação ocorreu durante toda a madrugada”, contou.
Depois da cirurgia, a estudante foi levada para a UTI, onde ficou por três dias. Ao acordar na manhã seguinte ao acidente, ela foi informada pelo médico sobre o procedimento. “Nos 15 primeiros dias, parecia que era mentira, que eu tinha só um arranhão. Foi quando eu comecei a querer a levantar que a ficha caiu de que estava faltando alguma coisa. E aí comecei e me perguntar o que seria da minha vida e a pensar que a minha vida tinha acabado”, disse.
Os primeiros novos passos
Depois de sete dias no HPS, a jovem foi levada para a Santa Casa. Foi lá que ela ficou em pé pela primeira vez, que deu os primeiros passos com a ajuda de um andador e que começou a se desafiar e fazer progressos maiores.
Ela teve alta nas vésperas do Natal do ano passado e, aos poucos, foi retomando sua rotina. Porém, a prótese que ela usa atualmente, com encaixe na virilha, é muito pesada. Por isso, ela sentiu a necessidade de comprar uma prótese feita de um material mais leve e que permite mais mobilidade e qualidade de vida, mas não tinha o valor necessário.
Foi aí que entrou o empresário Carlos Henrique Guedes Reis. Responsável por dar início e idealizar a campanha “#pernocadabgabi”, que vem ajudando a jovem a conseguir sua meta por meio da vaquinha virtual, ele conheceu a história de Gabriela pelas redes sociais e ficou comovido.
Em seguida, ele foi conhecer Gabriela pessoalmente. Carlos fez um vídeo com ela, e a campanha começou. “Eu havia perdido meu tio naquela semana, quem havia ajudado muito na minha construção de caráter, e achei que isso seria uma forma de homenageá-lo e de fazer a diferença na vida da Gabi. A adesão foi acima da expectativa. Hoje estamos bem perto de conseguir o valor”, contou.
A vaquinha teve início em abril e já bateu metade da meta. A expectativa é conseguir o valor total até o aniversário da Gabriela, em 20 de agosto. Assim, a data simbólica em que ela ganhou a moto que a tirou a parte da perna seria também a data em que ela poderia voltar à sua rotina.
Segundo Gabriela, a prótese está sendo paga conforme o dinheiro vai sendo arrecadado. As doações podem ser feitas pela vaquinha virtual pelo endereço https://www.vakinha.com.br/vaquinha/protese-da-gabi ou pelo pix gabiambrosio15@hotmailcom.
Trabalho com redes sociais
Os sonhos da futura engenheira não param na aquisição da prótese. Gabriela conta que sempre sonhou em ser blogueira e trabalhar por meio das redes sociais. Segundo a jovem, um dos seus maiores questionamentos quando fez a cirurgia era, justamente, como ser uma blogueira com uma perna amputada.
“Eu sempre gostei da rede social ‘sem maquiagem’, mostrando a realidade. Na internet tudo é perfeito, as pessoas mostram vidas perfeitas, mas eu sempre falo que todo mundo tem dias bons e ruins. E eu quero mostrar a realidade.” Pensando nisso, ela passou a usar sua experiência como forma de ajudar outras pessoas na internet. “São pouquíssimas pessoas amputadas na internet, e eu comecei a pensar em como usar a internet para falar sobre isso. Comecei a postar tudo voltado para a amputação, e hoje já penso mais para frente: como mostrar uma blogueira amputada na engenharia”, finalizou.