Pelo menos três juiz-foranos conseguiram, nesta terça-feira (6), antecipar, em algumas semanas, a data em que receberiam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Popularmente conhecida como “xepa” da vacinação, a aplicação das doses que sobram dos imunizantes na população ainda não contemplada pela campanha é uma das estratégias para se evitar a perda de vacinas. O Ministério da Saúde recomenda que, ao final do expediente dos postos de vacinação, as doses sejam disponibilizadas às pessoas dos grupos prioritários ou aplicadas naqueles cujas idades se aproximam à faixa etária contemplada pela imunização no momento.
Nesta terça, a Tribuna esteve no Departamento de Saúde do Idoso (DSI) e acompanhou como se deu a prática no local. Ao fim do expediente de vacinação, às 16h, a sobra do imunizante em um frasco aberto da Coronavac renderia mais três doses, que foram disponibilizadas para a “xepa”. Na ocasião, as vacinas foram oferecidas seguindo o critério de faixa etária. Foram contempladas duas pessoas de 35 anos e uma de 38 – idades mais próximas a de 44 anos, contemplada nesta terça. Na fila, no entanto, pelo menos mais 15 pessoas “tentavam a sorte”.
Conforme um funcionário do posto de vacinação, não é todo dia que sobram doses, e a quantidade também varia bastante. “Quando há doses remanescentes, após às 16h, nós vemos se há pessoas na fila e disponibilizamos a vacina para que não haja perda. Mas não é por ordem de chegada, nós seguimos o Ministério da Saúde, conferimos os documentos e aplicamos nos grupos prioritários”, explicou.
No local, estão sendo aplicadas doses remanescentes da Coronavac, já que esse imunizante tem um intervalo determinado de até oito horas de validade após a abertura dos vidros. Por outro lado, a vacina Astrazeneca, que também tem sido disponibilizada no DSI, tem um prazo de validade de até 48 horas. O frasco deste imunizante, portanto, pode ser guardado de um dia para o outro.
“Xepa” não é garantia de aplicação
Procurada pela Tribuna, a Secretaria de Saúde confirmou que a aplicação de doses que sobram dentro dos frascos já abertos de vacina contra a Covid-19 é feita respeitando os critérios dos grupos prioritários e idades. “Essa é uma ação comum em todas as campanhas de vacinação no Brasil. É uma prática utilizada em último caso apenas para evitar o desperdício de vacinas. Portanto, não é uma garantia de aplicação”, pontuou a pasta em nota.
Em junho, a secretaria havia informado que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) não realiza cadastro para esse tipo de vacinação. Ainda em nota, a pasta municipal destacou que tem reforçado um calendário de vacinação por faixa etária, “a fim de garantir uma maior diversificação no processo de vacina contra o coronavírus”.
“Alívio”
Entre os que conseguiram se vacinar com as doses remanescentes da Coronavac no DSI está o bancário Gabriel Cortez. Com 38 anos, ele era o primeiro da fila da “xepa”. “Essa é a primeira vez que tento a xepa e já tive a sorte de conseguir me vacinar. Mas eu procurei entender antes como estava funcionando para saber se conseguiria de primeira. Dois amigos meus também vieram e conseguiram e eu resolvi tentar, mas já sabendo mais ou menos como funcionava. Como hoje (terça) eu não trabalhei, e sabia que estavam vacinando idade mais ou menos próxima à minha, eu resolvi tentar e deu certo”, relatou à Tribuna.
Após receber a dose, a sensação é de alívio, conforme descreveu o bancário.
“É um alívio porque posso começar a me sentir mais seguro. Eu trabalho diariamente com o público e penso que certas classes de trabalhadores já deveriam ter sido vacinadas. Esse fator também contribuiu para que eu tentasse antecipar minha vacinação.”
Um servidor público de 35 anos, que preferiu não ter sua identidade revelada, também relatou ao jornal ter procurado a imunização pela xepa depois de um primo ter conseguido se vacinar com a estratégia. “Meu primo veio na segunda e conseguiu se vacinar. Essa é a primeira vez que tentei a xepa e vim preparado, já com a documentação necessária impressa. A sensação é de muito alívio, estou feliz por ter conseguido me vacinar”, disse.