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Polícia Civil apreende materiais em casa de suspeito de injúria racial e de homofobia

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Um rapaz, de 22 anos, foi alvo de cumprimento de mandado de busca e apreensão pela Polícia Civil de Juiz de Fora, na terça-feira (5), durante investigação que apura casos de injúria racial e de homofobia envolvendo cinco vítimas de ataques, entre elas a estudante Graziele Campos, de 24 anos, que foi alvo de agressões realizadas nas redes sociais por meio de um perfil falso. O caso da estudante foi tema de reportagem da Tribuna em janeiro deste ano.

A ação policial foi deflagrada na Cidade Alta, em desfavor do suspeito de cometer as práticas criminosas. Na ocasião, os policiais civis apreenderam aparelhos eletrônicos e documentações na residência dele e na casa dos pais do jovem. De acordo com a titular da 4ª Delegacia, Ione Barbosa, que está à frente da investigação, uma das vítimas procurou a Polícia Civil no início do ano e fez a denúncia. Segundo Ione, após trabalhos investigativos, foi possível identificar o suspeito. “Deflagramos a operação que resultou na apreensão de computador, notebook, celular, tablet e documentações”, ressaltou, complementando que a apreensão visa a auxiliar nos trabalhos investigativos.

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Entre o material apreendido, Ione destaca um manuscrito feito pelo rapaz, no qual ele aponta pessoas das quais ele gostaria de se vingar. “O manuscrito tem 24 quadradinhos, que representam pessoas que ele diz que gostaria de se vingar”, afirma a policial, acrescentando que, entre pessoas anotadas em cada quadrinho, há moradores em situação de rua, pessoas negras e pobres, garotos de programa e travestis. “Para cada uma delas, há uma descrição sobre a motivação para a vingança”, explicou.

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Conforme a delegada, foi solicitada junto à Justiça a prisão do suspeito. “O juiz concedeu medida cautelar diversa da prisão preventiva, prevista no artigo 319, inciso III, do Código de Processo Penal, proibindo o suspeito de manter qualquer contato com toda e qualquer vítima e, caso ele não cumpra, a medida pode ser convertida em prisão”, afirmou, orientando que outras possíveis vítimas procurem a 4ª Delegacia, situada em Santa Terezinha, para fazer a denúncia, pois elas também serão beneficiadas com essa medida.

Montagem ofensiva no Instagram

Em janeiro deste ano, a estudante Graziele, uma das vítimas no caso investigado, foi surpreendida e ofendida, quando se deparou com uma foto sua em uma montagem no Instagram ao lado da imagem de uma mulher branca, com os seguintes dizeres: “Suja, cabelo duro bombril. Macaca, preta, suja, pobre da favela, rouba, mata, usa drogas e só serve pra sexo.” Já na foto da mulher branca, o mesmo autor escreveu: “Limpa, cabelo liso e loiro. Mulher branca privilegiada, rica trabalhadora, estudiosa e mulher de família para casar.”

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Essa não foi a primeira vez que Graziele foi ofendida pelo mesmo falso perfil. O autor das agressões já tinha atacado a estudante em 28 de outubro de 2021. Em mensagem privada pelo Instagram, ele disse: “Você, sua macaca! Preta suja! Os pretos fedem, roubam e são sujos! Você merece ser estuprada. Eu sou superior a você.”

Em entrevista à Tribuna, em janeiro, Graziele contou que a agressão a deixou transtornada. “Já passei por outros tipos de preconceito, mas sempre de forma velada. Mas, desta vez, como era tão explícito, eu fiquei em choque. Meu coração acelerou muito e fiquei muito abalada.”

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Na época, a Polícia Civil também trabalhava, no mesmo inquérito, com a denúncia de outro rapaz vitimado pela mesma pessoa, dona do perfil falso que ofendeu a estudante. A delegada Ione Barbosa chegou a dizer que mais vítimas, possivelmente, deveriam surgir ao longo da investigação e, atualmente, já são cinco, sendo duas mulheres e três homens. Conforme a delegada, as apurações seguem em andamento.

Ao final do inquérito, o responsável pelas ofensas deverá responder pelo crime de injúria racial, cuja pena é de um a três anos, podendo ser aumentada, uma vez que a divulgação foi realizada em local de ampla divulgação, como a rede social. “É importante destacar que o crime de injúria racial foi equiparado ao racismo, tornando-se inafiançável e imprescritível, conforme novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF)”, ressaltou a delegada.

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