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Após nove mortes, motoristas e cobradores voltam a pedir vacinação

transporte coletivo fernando priamo
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Clamando por vacinação para todos os trabalhadores do transporte coletivo público de Juiz de Fora, motoristas e cobradores fazem novo ato na próxima quarta-feira (7). A manifestação acontece após nove mortes de integrantes da categoria por Covid-19, cinco delas registradas na última semana, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro). Conforme o vice-presidente da entidade, Claudinei Janeiro, a passeata está marcada para as 14h, com percurso entre o Manoel Honório e a Câmara Municipal, sempre pela faixa preferencial dos ônibus na Avenida Rio Branco.

De acordo com informações repassadas pela assessoria e pela diretoria do Sinttro à Tribuna, os óbitos mais recentes foram dos motoristas Daniel de Andrade Ribeiro, 45 anos, e Paulo Pereira, e dos cobradores Jorge da Silveira, 65, Geraldo Neves de Araújo, 53, e Dalmo Loures da Silva, 48. Antes deles já haviam falecido os condutores Luiz Heleno Pereira, 60, (28 de março), Douglas de Araújo Mendes, 37, (14 de março) e Sebastião Paulino da Silva (7 de março), além do cobrador Marco Antônio Silva Moura (14 de novembro). Algumas idades não foram divulgadas.

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“Infelizmente, já são vários óbitos de trabalhadores, e são muitos internados”, lamentou Claudinei à Tribuna. “Reivindicaremos a prioridade na vacina para todos os rodoviários. Inclusive para o pessoal da manutenção, de escritório e da Astransp, que lida com pessoas com deficiência e com comorbidades.”

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Segundo o sindicalista, o movimento não é uma paralisação das atividades, mas haverá retenções no trânsito e, consequentemente, atraso em horários dos coletivos. O objetivo também é chamar a atenção da população sobre a necessidade dos cuidados preventivos, como uso de máscaras e álcool gel, sobretudo nos ônibus, que são locais pouco arejados e com grande circulação de pessoas.

Alternativas

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Enquanto a vacina contra o coronavírus não chega, a classe pensa em outras alternativas que possam conferir mais segurança ao trabalho, como a instalação de barreiras protetoras (de plástico ou acrílico) junto aos assentos de motoristas e cobradores. “Não tivemos oportunidade de conversar com os empresários ainda, mas essa ideia surgiu no meio de nossa diretoria, tirada de exemplos de outras cidades. Toda ajuda é bem-vinda”, disse Claudinei.

O vice-presidente do Sinttro ressalta que o momento atual é de muita apreensão para o trabalhador em transporte coletivo rodoviário. “O pessoal está muito preocupado, não só de se infectar, mas também de levar (o vírus) para as famílias. Em muitas das vezes, o profissional está tendo que pegar dispensa até por questões psicológicas, por não ter condições de ver o próprio colega que contraiu a doença falecer. Já existem casos assim, do motorista não estar conseguindo dirigir e, logo em seguida, ser afastado.” A expectativa, segundo ele, é de que a manifestação cause efeito: a vacinação de todo rodoviário, incluindo o grupo de apoio. “A situação está tensa, por isso temos que tomar uma atitude.”

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PJF estuda medidas para garantir saúde dos trabalhadores

Questionada nesta segunda-feira (5) sobre alguma outra maneira de melhorar a segurança dos funcionários do transporte coletivo, como as barreiras de proteção transparentes para motoristas e cobradores, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) está estudando diversas medidas para encontrar mais formas de garantir a saúde desses trabalhadores e também dos usuários. “A ação mais significativa até o momento foi a publicação do Decreto Municipal nº 14.380, de 7 de março de 2021, que vedou o transporte de passageiros em pé, diminuindo a aglomeração dentro dos ônibus.” Conforme a PJF, até esta data, mais de quatro mil coletivos já foram fiscalizados para verificar o cumprimento da determinação.

Trabalhadores do transporte coletivo público de Juiz de Fora chegaram a paralisar as atividades na manhã do último dia 25, quando já reivindicavam a vacinação da categoria, após três óbitos. O ato teve início às 10h, com a parada dos ônibus nas avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas, e terminou por volta das 11h.

Matéria publicada pela Tribuna no dia 17 de março mostrou a preocupação da classe diante da pandemia e a dor da família do motorista Douglas de Araújo Mendes, 37 anos, ocorrida no dia 14 do mesmo mês. Mesmo sem ter comorbidades relatadas, ele não resistiu à Covid-19, deixando esposa e dois filhos – uma menina de 11 anos e um bebê de quase 1 ano.

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A Prefeitura reiterou que lamenta todas as vítimas da Covid-19, sendo solidária a famílias e amigos. Sobre a vacinação, enfatizou que a definição dos grupos prioritários para imunização contra o coronavírus é uma atribuição do Governo federal, por meio do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19. “Além disso, os imunizantes distribuídos ao município pelo Governo estadual chegam aos municípios com as indicações de quantitativo, tipo de vacina, e público a ser imunizado. Desse modo, não há autonomia para que a Prefeitura interfira sobre a ordem de vacinação ou estabeleça novas prioridades.”

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