Ícone do site Tribuna de Minas

Mulheres de JF buscam proteção no Krav Maga

Técnica se baseia em aplicar golpes em pontos frágeis do corpo, com o objetivo de anular uma agressão (Foto: Guilherme Arêas)
Técnica se baseia em aplicar golpes em pontos frágeis do corpo, com o objetivo de anular uma agressão (Foto: Guilherme Arêas)
PUBLICIDADE

Já faz tempo que as mulheres lutam pelo fim do rótulo de “sexo frágil”. Mas elas ainda são o alvo principal de agressores, estupradores e assaltantes. Na última terça-feira, uma adolescente de 15 anos foi raptada, agredida e estuprada pelo motorista de um carro, enquanto transitava pela Avenida JK, na Barreira do Triunfo, Zona Norte de Juiz de Fora. E é por serem alvos, em uma sociedade violenta e ainda bastante machista, que muitas delas têm buscado na defesa pessoal uma forma de se resguardarem e se sentirem mais seguras. No próximo sábado (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, a Federação Sul-Americana de Krav Maga (lê-se magá) vai realizar, em todo o Brasil, Argentina e Peru, treinamentos gratuitos da defesa pessoal israelense, especialmente voltados para mulheres, praticantes ou não dessa modalidade. Em Juiz de Fora, a palestra/aula acontece das 8h30 às 12h30, na Academia Vida e Saúde (Avenida Presidente Itamar Franco, 2123, São Mateus). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas na hora.

Conforme a Tribuna mostrou em reportagem essa semana, a Polícia Militar registrou, em 2014, 94 estupros em Juiz de Fora. Na maior parte dos casos (39), a vítima tinha entre 12 e 17 anos. Conforme o instrutor Daniel Dellias, representante da Federação Sul-Americana de Krav Maga em Juiz de Fora, a modalidade desenvolvida na década de 1940 pelo Exército de Israel tem o objetivo de igualar as diferenças físicas entre homens e mulheres de diferentes idades, força muscular e aptidão física. “Atualmente, 30% das mulheres que procuram o Karv Maga infelizmente sofreram alguma agressão ou tortura física ou mental, ou seja, um assédio.”

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

A técnica se baseia em entender a anatomia do corpo humano e seus principais pontos frágeis, para anular uma agressão física por meio de golpes. O instrutor deixa claro que ninguém deve reagir a assaltos e que, nesses casos, é melhor deixar que levem seus bens pessoais. “Mas, se sua vida foi colocada em perigo, a Constituição nos preserva o direito de defesa. Trabalhamos muito a parte psicológica para que os alunos não excedam a legítima defesa”, explica Daniel.

O Krav Maga é uma modalidade que não organiza campeonatos, torneios ou competições. Não é uma arte marcial. O foco é neutralizar a ação de um agressor real e não de um oponente, como ocorre em modalidades esportivas. Por isso, existem várias respostas para cada tipo de agressão, com um número sem fim de possibilidade de golpes. A melhor técnica sempre deverá ser escolhida pelo praticante, dependendo da situação em que estiver envolvido. Isso permite que pessoas de várias idades, estaturas, pesos e até portadores de alguma limitação física se adaptem às técnicas.

PUBLICIDADE

‘Qualquer homem é um agressor em potencial’

“Muito baixinha”, como ela própria se define, a estudante do ensino médio Lara Feitosa, 16 anos, há dois pratica o Krav Maga. Ela buscou os treinamentos depois de ser alvo de brincadeiras de amigos na escola, o que a deixava insegura e tensa. “Acho importante todo mundo saber se defender e se sentir segura.”

A estudante Lara Feitosa, de 16 anos, pratica o Krav Maga há dois anos (Foto: Guilherme Arêas)

A estudante de direito Maria Eduarda Pereira dos Santos, 19, buscou na defesa pessoal, há três anos, uma forma de ganhar mais segurança nas ruas. “Como mulher, sempre precisei me sentir mais à vontade. Para nós, qualquer homem é um agressor em potencial. Depois que comecei a fazer, senti uma mudança muito positiva na minha vida. Me sinto muito mais confortável, até nas relações com as outras pessoas. Deixei de sentir tanto medo dos outros.”

PUBLICIDADE

Já a jornalista Tatiane Hilgemberg, 30, decidiu aderir à modalidade há pouco mais de um ano, depois que foi vítima de duas tentativas de assalto e presenciou um tiroteio no Rio, onde cursa doutorado. “Já queria fazer alguma defesa pessoal por causa do stress do Rio. Fiquei pensando: e se a minha vida for colocada em risco? Se um cara colocar uma faca no meu pescoço e quiser mais do que meu dinheiro ou celular?”, se questionou. Em conversa com um amigo faixa marrom na modalidade, ela foi convencida a experimentar o Krav Maga, e, desde então, não parou mais.

 

Mestre Kobi

PUBLICIDADE

No dia 12 de junho, o CCBM vai receber um evento sobre o Krav Maga. Para o encontro é esperado o mestre israelense Kobi Lichtenstein, 8º Dan, instrutor e maior autoridade do Krav Maga na América Latina, responsável também por trazer a técnica para o Brasil, na década de 1990.

Sair da versão mobile