Dos 26 casos prováveis de chikungunya notificados em Juiz de Fora, dois já tiveram resultados positivos para a doença. A informação foi confirmada nesta terça-feira (5) pela gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica (PJF), Cecília Kosmann. Segundo ela, os pacientes, que são moradores do Bairro Granjas Bethânia, na Região Nordeste, foram atendidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) local e passam bem.
Conforme boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta segunda-feira (4), Juiz de Fora é a cidade mineira com o maior número absoluto de casos prováveis de chikungunya – quando há notificações de possíveis casos, mas ainda não há confirmação. Somente neste ano foram registradas 26 notificações da doença no município. No ano passado, no mesmo período, a cidade registrava quatro. Em todo o estado de Minas Gerais, foram registrados 214 casos prováveis da doença em 2019. Há dois óbitos em investigação, notificados em 2018. Até o momento, não houve registros de óbitos suspeitos da doença, neste ano.
Questionada a respeito de um possível surto, a gerente do departamento afirmou que não há motivos para a população se alarmar. “O número é em relação às notificações. Não quer dizer que haja risco de surto. Nós somos notificados, as ações são intensificadas no local e a equipe está sempre em alerta”, frisou Cecília. A titular afirmou ainda que os dois diagnósticos positivos são pontuais e, conforme monitoramento do setor, não há comprovação da doença em outros locais do município.
Apesar de as duas confirmações serem relacionadas a moradores do Granjas Bethânia, de acordo com o resultado do último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Liraa), o bairro não está entre os apontados com maior índice de infestação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. “Para que haja a transmissão da doença não basta ter somente alto índice de infestação, mas a combinação entre o hospedeiro, o local e o vírus”, explicou Cecília. Portanto, conforme ela, mesmo com estes dois casos confirmados no local, não há alto índice de infestação no bairro. “O Aedes pode transmitir a doença em um curto período do tempo para várias pessoas. Então alguém infectado pode ter visitado a cidade, um mosquito pode ter picado essa pessoa e, depois, transmitido para outras”, exemplificou.
Sintomas
Os principais sintomas da doença, de acordo com o médico infectologista Rodrigo Daniel de Souza, são febre súbita, surgimento de poliartralgia (dores na articulações), acompanhada de dor nas costas e manchas na pele – o que acontece em mais de 50% dos casos.
“O quadro, a princípio, se confunde muito com uma gripe forte, porque o paciente apresenta dor de cabeça e desânimo. Clinicamente é muito difícil ter certeza de qual doença se trata, no entanto, o que faz grande diferença é o resultado do exame (sorologia). Normalmente, na chikungunya, o sintoma que chama mais atenção para a diferenciação é dor nas juntas, e não muscular, como se observa nos casos de dengue”, explicou.
Conforme o médico, a fase súbita da doença dura, em média, sete dias. “Essa é a primeira fase da doença. Depois, a dor nas articulações pode se agravar e ser acompanhada de inflamação. Ela pode aparecer em várias partes do corpo, ao mesmo tempo e, geralmente, é simétrica: acontece dos dois lados ao mesmo tempo. Além disso, a dor pode ficar como sequela da doença por anos”, alertou.
Como não há tratamento para a doença em específico, mas para os sintomas, o médico orienta que “a principal maneira de controlar a doença é não contraí-la, ou seja, prevenir a infestação do mosquito. Em raros casos ela pode atingir estágios mais graves e, com isso, pode acontecer mortes relacionadas à doença, do mesmo modo como acontece com a dengue”.