Nos primeiros seis dias do ano, Juiz de Fora já teve 56% do total de chuva esperado para todo o mês de janeiro, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Conforme a média histórica, que leva em consideração o comportamento das precipitações nas últimas três décadas, é esperada a ocorrência de 322,1 milímetros de chuvas ao longo dos 31 dias deste mês. Entretanto, em 2021, já foram registrados 184,8 milímetros. Parte deste acumulado atingiu a cidade na tarde desta quarta-feira (6), causando alagamentos, enxurradas e outras ocorrências, como queda de árvores e de postes. Segundo a Cemig, 482 raios atingiram a cidade somente na tarde desta quarta. Entre 14h e 15h, as rajadas de vento chegaram a 53km/h.
Para efeitos de comparação, nos primeiros seis dias de 2020, foram registrados 53,5 milímetros de chuva, quantidade mais que três vezes menor que no mesmo período de 2021. Além disso, somente nesta quarta, conforme o Inmet, choveu 43,8 milímetros em cerca de uma hora, superando até mesmo o alto volume registrado no dia 1º de janeiro, quando o volume foi de 31,4 milímetros em uma hora. Desta forma, a chuva desta quarta equivale a 16% de todo o volume aguardado para todo o mês de janeiro inteiro.
A grande quantidade de água em pouco tempo acabou causando estragos, a exemplo do que já foi visto nos primeiros dias deste ano. Nesta quarta, importantes vias, como as avenidas dos Andradas, Rio Branco, Itamar Franco e Ibitiguaia, ficaram alagadas. Além disso, também houve relatos de chuva de granizo em bairros como Centro, São Mateus e Furtado de Menezes.
Camila Toffoli, que é moradora do centro da cidade, compartilhou um vídeo que mostra o alagamento na Rua Santo Antônio. Ela conta que se assustou com a maneira como a água subiu rapidamente. Segundo ela, nunca tinha visto um volume tão grande de água na via. “A gente não conseguiu sair de casa por causa da quantidade de água. A portaria do prédio ficou completamente alagada. Meu pai estava na rua, foi pego desprevenido e ‘pelejou’ para conseguir chegar ao apartamento. Chegou a chover granizo, e os motoristas que estavam com os carros estacionados nas ruas tiveram que procurar os estacionamentos da região.”
Dados da Defesa Civil, levantados por meio dos pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), apontaram 55,65 milímetros de precipitação no Centro da cidade em apenas uma hora, entre 14h e 15h. Além disso, as regiões com maior acumulado foram: Cidade Universitária (47,56 milímetros); Floresta (33,65 milímetros) e Igrejinha (24,41 milímetros). Neste mesmo período, as rajadas de vento chegaram a 53km/h.
Houve relatos de alagamentos em diversas ruas de grande fluxo, como Padre Café, no Bairro São Mateus; Moraes e Castro, no Bairro Alto dos Passos; Batista de Oliveira e Floriano Peixoto, no Centro; Cesário Alvim, no Bairro São Bernardo; Ambrósio Braga, no Granbery; Dr. Moacyr Siqueira, no Bairro Jardim do Sol; Itamar Soares de Oliveira, no Bairro Cascatinha; na Rua Severino Meireles, no Alto dos Passos; entre outros locais.
Quedas de árvores e de postes
A Defesa Civil informou o registro de seis ocorrências, nos bairros Borboleta, São Mateus, Santa Candida, Santa Cecília, Centro e Caiçaras, até por volta das 15h30. Entre os chamados mais graves estava a queda de uma árvore na Rua João Francisco Monteiro, no Santa Cecília, gerando um desabamento parcial da edificação. O Corpo de Bombeiros também atendeu solicitações relacionadas a quedas de árvores sobre residências. Por volta das 16h, equipes trabalhavam na retirada nos bairros Costa Carvalho e no Linhares. Não houve vítimas.
Na Rua Joaquim Vicente Guedes, no Bairro Graminha, um poste caiu sobre a rede elétrica, deixando os moradores sem luz. De acordo com relatos da população à Tribuna, a qualquer sinal de precipitação mais forte, o bairro sofre com alagamentos em várias ruas. Também por conta disso, o tráfego do ônibus que passa pelo bairro ficou impedido de circular.
Na Rua Moraes e Castro, no Alto dos Passos, uma ambulância também teve que esperar a água abaixar para poder voltar a circular. Conforme a moradora do Bairro Alto dos Passos, Marcia Jurema de Assis Pereira David, que enviou o registro à Tribuna, um paciente estava dentro do veículo.
Sem energia
Segundo a Cemig, os bairros Carlos Chagas, Esplanada, Fábrica, Monte Castelo, Linhares e Granbery também apresentaram problemas no sistema de energia elétrica. O órgão informou que, desde as primeiras ocorrências, as equipes da concessionária estão atuando para restabelecer a normalidade do fornecimento no menor tempo possível.
PJF reforça trabalho
Por meio de suas redes sociais, a prefeita Margarida Salomão tem reforçado o trabalho desempenhado por órgãos como a Cesama, o Demlurb, a Secretaria de Obras, a Empav e a Defesa Civil, em função do período das chuvas. “E como nós tivemos toda a sorte de problemas, entraram também em campo a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Esportes e Secretaria de Assistência Social, porque a gente teve dificuldades não só de infraestrutura urbana, mas também problemas sociais criados pela invasão das águas nas casas. Muita gente perdeu muitas coisas, perdeu mantimentos, perdeu remédios. Então, estamos vendo uma situação bem complexa. Quero dizer que estamos reagindo”, pontuou a prefeita em um vídeo publicado na última segunda (3).
A prefeita também ressaltou algumas das ações que perpassam o enfrentamento das adversidades do período chuvoso, como as que estão previstas dentro do choque de zeladoria do Projeto Boniteza, que esteve em toda a extensão da Avenida Ibitiguaia, no Bairro Santa Luzia nessa terça-feira (5), com equipes da Empav e do Demlurb.
Previsão de mais tempestades
De acordo com boletim emitido pelo Inmet, na tarde desta quarta, as condições atmosféricas seguem favoráveis para ocorrência de tempestades (entre 30 e 60 mm/h ou entre 50 a 100 mm/dia), acompanhadas de ventos fortes (entre 60 a 90 km/h) e possibilidade de queda de granizo em áreas isoladas de Minas Gerais, incluindo Zona da Mata, até a manhã desta quinta-feira.
As condições meteorológicas estão relacionadas a áreas de instabilidade geradas pelo transporte de umidade do ar da Amazônia. Para esta quinta, ao longo do dia, o calor e a alta umidade contribuirão para o aumento das nuvens e mais pancadas, com risco de serem localmente fortes em áreas da Zona da Mata.