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Falta de energia constante gera prejuízos para moradores

ARVORES Alameda Mello Reis Wendell Guiducci

(Foto: Wendell Guiducci)

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Interrupções frequentes no fornecimento de luz, sem causa aparente, têm se tornado parte do cotidiano de moradores da Zona Oeste, em Juiz de Fora. Tendo em vista a realidade de suas casas e bairros sendo afetados pelo problema, aconteceu, na noite desta segunda-feira (4), uma reunião de moradores na sede da Associação dos Moradores dos Bairros da Região Alta (Ambra), que engloba bairros como Marilândia, Aeroporto, Novo Horizonte e Parque Jardim da Serra. O intuito é mobilizar frentes de atuação para chamar atenção dos órgãos responsáveis e construir vias de solução.

Camila Duque, responsável pelo encontro, reside há nove anos no Novo Horizonte. Para ela, a iniciativa emergiu de uma preocupação crescente com o cenário de poucas mudanças efetivas ao longo dos anos. “São muitos momentos em que ocorre falta de luz. Quando chove já é certo da gente ficar sem energia, mas não é apenas quando há uma mudança meteorológica. Muitas vezes, estamos em uma tarde ensolarada ou em uma madrugada, que não está nem ventando e, de repente, não há mais energia.” O episódio mais recente, conta, aconteceu na madrugada do último sábado (2). “Eram 3 horas da manhã e ficamos sem luz. Não estava chovendo, e ela só foi voltar às 9:30h do sábado.”

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A mesma interrupção do fim de semana foi sentida por Letícia Rezende, que mora no Parque Jardim da Serra desde agosto de 2020. Ela relatou à Tribuna que percebeu seu ar-condicionado do quarto parando de operar durante a madrugada. “Neste ano observamos um grande aumento na frequência com que a energia acaba. Normalmente acontece ao final da tarde e só volta tarde da noite, 23h, por aí. Já aconteceu de ficarmos das 15h às 23h sem energia, e os transtornos são grandes. Já perdemos uma cafeteria e algumas lâmpadas. Toda vez que chove ou venta, já ficamos apreensivos – embora a luz também acabe sem a presença desses fatores -, pensando se vamos conseguir fazer o que planejamos em casa”, desabafa.

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Comida estragada

Experimentando circunstâncias parecidas, Sérgio Macedo, morador do condomínio Portal do Aeroporto, no local desde 2018, também avalia que o problema se agravou de forma significativa este ano. “Ao passo que hoje em dia cada vez mais precisamos de energia, sinto que, como cliente, não estamos tendo a contrapartida, e os preços pagos são onerosos.”

Dentro da sua casa, um dos impactos mais sentidos é o prejuízo na qualidade dos alimentos, submetidos a horas sem refrigeração necessária. “Temos um freezer e uma geladeira. Na falta de energia, já ocorreu de derreter tudo e perdemos alguns produtos”, relata. Sérgio faz parte do grupo de condomínio que organiza reclamações pelo canal da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), contudo, o morador alega inconsistência nas respostas recebidas. “Na semana passada, quando ficamos horas sem energia durante à tarde e ao adentrar da noite, cada morador, ao demandar a Cemig, recebeu diferentes horários de previsão do retorno da energia elétrica, e eles divergiam significativamente”, argumenta.

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A imprevisibilidade no fornecimento de energia vai além de queimar aparelhos eletrodomésticos, prejudicar a rotina de trabalho daqueles que usam o home office ou impossibilitar o lazer em assistir a um filme quando quiser. Para Camila Duque, a questão também envolve a garantia de segurança para quem reside nas regiões mais afetadas. “O meu bairro é majoritariamente residencial, possui pouca circulação, quase nenhum comércio, ou seja, só passa quem mora. Transitar na rua sob um breu nos coloca em vulnerabilidade. Às vezes chego à noite em casa com meu filho, que tem 3 anos, e tenho que descer do carro para abrir o portão da garagem, e ele fica dentro do veículo. Se tiver algum ladrão à espreita e quiser entrar, com a rua toda escura, sem as câmeras funcionando, possivelmente eu não vou enxergar.”

Reunião visa diferentes frentes de enfrentamento

Segundo Camila Duque, a reunião ocorrida ontem foi uma primeira mobilização a fim de reunir moradores afetados e que desejam agir coletivamente em prol da solução do problema.

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“Conhecer as pessoas dispostas possibilitará que nos articulemos de forma mais efetiva e organizada. A intenção não é somente a de mover um meio judicial contra a companhia, uma vez que muitos de nós podemos requerer por danos morais ou materiais em vista das perdas que tivemos. Será de grande valor, para além, tentar acionar o Ministério Público, pedindo ajuda para cobrar a Cemig. Pretendemos pensar conjuntamente também como envolver a Prefeitura de Juiz de Fora em nossa ajuda. Embora a Cemig não seja de concessão municipal, nós pagamos IPTU e estamos lidando com falta de luz nas ruas”, pontua.

Ainda de acordo com o posicionamento da associada da Ambra, é preciso salientar que a demanda direcionada à Cemig é mais ampla do que a de recomposição da luz em momentos de falhas. “Nós queremos que seja pensado, de maneira séria, um redimensionamento e reestruturação do fornecimento de energia. É preciso levar em consideração que essa região vem aumentando a quantidade de prédios, consequentemente, de moradores, que precisam do seu direito ao serviço assegurado e com qualidade.”

Readequação da rede

A Tribuna procurou a Cemig a fim de comentar as ponderações feitas pelos moradores da região afetadas. Em nota, a companhia reconhece as ocorrências registradas na Cidade Alta nos últimos dias e diz estar “atuando de forma intensiva na manutenção da rede elétrica local com a finalidade de regularizar o fornecimento de energia para os clientes da região”.

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Além disso, foi informado que equipes responsáveis já se encontram “atuando em podas e limpeza de faixas nos circuitos dos bairros afetados, além de realizar inspeções em equipamentos e componentes da rede elétrica”. Por fim, a Cemig afirmou estar avaliando também a readequação da rede de alimentação local “com o objetivo de equilibrar as cargas entre os circuitos, melhorando a qualidade e a segurança na continuidade do fornecimento de energia”.

*Bruna Furtado, estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci

 

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