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Ladrões usam bicicletas para atacar no Mergulhão

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Pedestres se arriscam em trecho no entorno do Mergulhão (leonardo costa/14-10-15)
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Pedestres se arriscam em trecho no entorno do Mergulhão (leonardo costa/14-10-15)

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Uma nova modalidade de assalto tem se tornado constante na região do Mergulhão, no Centro cidade. Batedores de celulares, como forma de surpreender a vítima e ter mais agilidade na fuga, têm utilizado bicicletas para cometer assaltos. Moradores e trabalhadores do entorno contam que presenciaram a situação acontecendo e que, cada vez mais, a região inspira insegurança, principalmente no período da noite e no fim de semana. Além de cenário para assaltos a pedestres, o local, como já foi mostrado outras vezes pela Tribuna, também é ponto de consumo de drogas. O muro erguido pela MRS Logística para dividir a linha férrea do espaço de circulação de pessoas, dificultando que pedestres façam a travessia em locais proibidos; também é citado por quem transita pelo trecho como fator de contribuição para os crimes. Segundo elas, a construção atrapalha a visibilidade e serve para que ladrões escondam-se para abordar suas vítimas.

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Desde 1986 morando em uma casa rente à linha férrea, uma moradora de 66 anos conta que já viu muitos assaltos na região. “O mais comum agora é o assaltante passar de bicicleta e roubar o celular da mão da pessoa, principalmente das moças. Como há muitas instituições de ensino na região, o Mergulhão serve de acesso para muitos estudantes. Às vezes, estamos dentro de casa e ouvimos os gritos: “Socorro, levaram meu celular. A gente sai para ver e depara-se com uma jovem que teve o celular roubado por um rapaz de bicicleta. Aqui não existe segurança. Já perdi a conta de quantas vezes chamei a polícia. Eles até vêm, mas chegam de sirene ligada, espantam os grupinhos e não conseguem prender ninguém”, relata a mulher, lembrando que o marido já foi roubado na porta de casa.

Outro morador, que há 30 anos reside próximo ao Mergulhão, aponta mais um problema, que também foi citado por quem transita pelo trecho. Elas afirmam que a construção do muro deixou o local mais perigoso. “Os assaltantes abordam as vítimas e as levam para trás da parede de concreto. A criminalidade aqui acontece em ciclos. Há épocas em que a situação melhora, mas os assaltos nunca deixaram de acontecer. A polícia dá geral nos grupos suspeitos, mas é só ir embora que eles voltam. Depois das 22h, fica pior e não aconselho ninguém a passar por aqui. O ideal seria ter uma câmera do “Olho vivo”, já que a PM não tem condições de ficar o tempo todo”, ressaltou o morador, lembrando que, no feriado de 12 de outubro, dois assaltos ocorreram no Mergulhão, ambos com homens armados. “A maioria dos casos tem utilização de faca ou tesoura”, observou.

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Trabalhadores mudam rotina

A situação de insegurança na região do Mergulhão foi mostrada pela Tribuna em janeiro de 2014. Naquela ocasião, depois de vários assaltos e furtos, alunos, comerciantes e pessoas que trabalham no entorno resolveram fazer um abaixo-assinado, que recolheu mais de mil assinaturas, para reivindicar um posto fixo da Polícia Militar nas imediações. A PM respondeu a solicitação, alegando que vinha adotando o lançamento da Base Comunitária Móvel (BCM), como estratégia para ampliar a ostensividade e a visibilidade do policiamento, realizando operações preventivas e repressivas. Quase dois anos depois, a comunidade pede que uma base móvel volte a ser instalada no trecho, para devolver mais segurança para a área.

As pessoas que trabalham na redondeza continuam mudando hábitos, como foi mostrado na reportagem passada, para ter mais segurança. Uma secretária escolar, de 42 anos, que trabalha numa instituição de ensino, relatou que, alguns dias da semana, sai às 21h do emprego. “Quando isso acontece, mudo o meu trajeto. Prefiro andar mais um pouco, para ter mais segurança. Depois que aumentaram esse muro, a gente tem ficado mais vulnerável. Ele atrapalha nossa visão e não dá para ver quando tem alguém de tocaia”, reclama a secretária, reivindicando mais policiamento a pé na região.

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Uma atendente de telemarketing, 36, sustenta que diversas pessoas que trabalham na mesma empresa mudaram de turno em razão do medo. “Comigo também não foi diferente. Trabalhava de 16h40 a 23h30 e mudei para o turno das 15h às 19h20, que é um horário que ainda tem certo movimento na rua devido aos estudantes dos cursos”, pontua a trabalhadora, acrescentando os casos de arrombamentos de veículos nos arredores.

Segurança

Segundo a assessoria de comunicação da MRS Logística, o muro citado pelos transeuntes foi erguido no final do ano passado, quando a empresa realizou projeto de revitalização das passagens de pedestres na região central. O objetivo foi aumentar a segurança ferroviária nesses locais, já que a elevação dos muros tem como meta vedar o acesso à ferrovia.

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Sobre a questão da criminalidade na área, a MRS compreende a preocupação da comunidade, mas considera que é uma questão de segurança pública, e uma ação direta só pode ser exercida pelas autoridades públicas de segurança. A MRS ainda esclarece que não tem, por questões éticas, legais e técnicas, poder de polícia.

Já a assessoria de comunicação da 4ª Região de Polícia Militar (4ªRPM) afirmou que a 30ª Companhia da PM, responsável pelo patrulhamento da região do Mergulhão, está aberta à comunidade para ouvir suas demandas e estudar que tipo de providência poderá ser adotada para aumentar a segurança naquela área.

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