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Mamografia a partir dos 40 anos é garantida sob demanda e favorece rastreio precoce em JF

MAMOGRAFIA JOSE CRUZ AGENCIA BRASIL
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O Ministério da Saúde (MS) publicou uma recomendação que indica que a mamografia pode ser feita por mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sinais ou sintomas, desde que a paciente tenha interesse e seja feita uma indicação do profissional de saúde. A decisão está em conformidade com diversas outras sociedades internacionais, que já recomendavam protocolos de exames para o público, mas até então o SUS fazia a mamografia bianual somente a partir dos 50 anos. A mudança é o tema da primeira reportagem da série especial do Outubro Rosa da Tribuna, publicada aos domingos de outubro, que vai discutir diferentes aspectos do câncer de mama.

Em Juiz de Fora, são cerca de 40 mil mulheres nesta faixa etária, de acordo com o último Censo, que podem ser contempladas pela medida e solicitar o exame sob demanda, que tem papel importante na detecção precoce do câncer de mama.

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Essa é uma vitória, porque no Brasil estamos vendo uma taxa importante de mulheres abaixo de 50 com câncer de mama e até uma taxa considerável de mulheres abaixo dos 40″, comenta a médica mastologista Camlila Laporte, da Ascomcer, sobre o público que chega a 23% dos casos de câncer de mama no Brasil, conforme o MS.

Camilla Laporte, mastologista da Ascomcer, destaca que a detecção precoce aumenta as chances de cura do câncer de mama (Foto: Arquivo pessoal)

Antes da medida, o SUS não restringia ou impedia a realização da mamografia fora do público-alvo, mas a proposta é que, com a nova recomendação, as mulheres entre 40 e 50 anos tenham mais incentivo para fazer o exame. Isso porque, como observa a médica, a detecção precoce do câncer de mama é a principal ferramenta para tratamento, e os exames de imagem são mais qualificados para perceber alterações. “Mesmo que a mulher faça o autoexame e tenha uma boa percepção das próprias mamas, para a pessoa sentir o nódulo, ele tem que ter pelo menos 1 cm. Quando fazemos a mamografia regularmente, conseguimos identificar pequenas lesões que não são perceptíveis ao toque”, explica Camilla. Nesses casos, é possível descobrir lesões, por exemplo, de 5mm, que podem ser tratadas com mais facilidade e têm taxa de cura entre 90% e 95%. 

A cirurgia para os casos de tumores em estágios iniciais também costuma ser menos invasiva, outra vantagem apresentada pela médica, o que pode deixar todo o processo de tratamento melhor para as pacientes. Mas para que a recomendação seja efetiva, é preciso que as mulheres saibam de seus direitos e conversem com seus médicos: “O que queremos é que essa informação chegue ao maior número de mulheres possível, porque agora elas mesmas podem fazer essa solicitação para os médicos formalizarem o pedido nos formulários do SUS”, destaca ela. 

Geraldo Vitral, ginecologista e mastologista do HU-UFJF/Ebserh, reforça que é preciso ampliar o acesso e garantir tratamento eficaz após o diagnóstico (Foto: Arquivo pessoal)

Mesmo entre os 50 e 74 anos de idade, faixa de maior risco de câncer de mama na população, no entanto, apenas 35% a 40% das mulheres realizam a mamografia a cada dois anos. Como observa o  Médico Ginecologista, Mastologista e Obstetra do HU-UFJF/Ebserh, Geraldo Vitral, essa porcentagem ainda é muito baixa e precisa ser lembrada. “Para obter redução da mortalidade não basta o aumento da faixa de rastreio. É preciso que ele seja organizado, com facilidade de acesso ao exame pelas pacientes, além da capacidade de se instituírem tratamentos eficazes logo que se tenha o diagnóstico”, explica. 

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Preparo das unidades de saúde

Para atender à demanda dessa faixa etária de pacientes, é preciso preparo nas unidades de saúde, já que há a possibilidade de um aumento significativo do número de exames. Na avaliação de Camilla, no entanto, apesar de haver desigualdades importantes de acesso no país, Juiz de Fora já tem um preparo adequado para isso. “Temos setores do SUS já totalmente equipados e com disponibilidade de realização de todas as mamografias que forem necessárias. (…) Não é um local que temos problemas de equipamento ou equipe”, afirma.

Questionada pela Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que o município já realiza a mamografia de rastreamento em mulheres a partir dos 35 anos, conforme previsto na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP), que orienta os procedimentos do SUS em todo o país.

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“A cidade está preparada para atender a essa faixa etária, com oferta regular de vagas para a realização da mamografia bilateral para rastreamento”, afirmaram através de nota.

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