Atualizada às 9h59 de sexta-feira (5)
Em de agosto de 2021, o trecho de cerca de um quilômetro da Rua José Lourenço – no Bairro Borboleta – compreendido entre as ruas Tenente Paulo Maria Delage e Augusto Tielman foi interditado para o trânsito de veículos por tempo indeterminado. Dois anos depois, em setembro de 2023, foi anunciado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) o início das obras de contenção no local. Depois do período, nesta sexta-feira (5), a obra chega ao fim e, na próxima semana, os veículos poderão voltar a passar pelo local.
O motivo da interdição foi o risco de deslizamentos de terra na região, identificados pela Defesa Civil na época. Como consequência, o trânsito de veículos – inclusive das linhas de ônibus que passavam pelo local – precisou ser alterado. Com a finalização das obras, o tráfego no local será liberado a partir da próxima segunda-feira (8), de acordo com a PJF.
O valor da obra de contenção divulgado pela administração municipal foi de R$ 5.841.189. Somado a outras melhorias realizadas, que custaram cerca de R$ 1 milhão, o investimento total da Prefeitura foi de aproximadamente R$ 6,8 milhões. A Tribuna questionou o Executivo sobre o que fez o valor gasto ser maior que o divulgado à época do início das obras, que foi de R$ 4.890.853,82. Na manhã desta sexta (5), a PJF informou à Tribuna que a alteração no valor se deve a um aditivo feito no contrato, devido ao aumento da área construída.
População local comemora
A reportagem da Tribuna esteve na região afetada pelas obras e coletou relatos de moradores sobre a finalização dos trabalhos, após quase três anos de interdição da rua. Efigênia de Paula, de 65 anos, mora imediatamente no trecho final das construções e elogiou o estado da rua. Ela diz ter gostado da diminuição de barulhos no local pelo impedimento da passagem de veículos, mas se mostrou preocupada com a situação do barranco em frente à sua residência.
“Está muito perigoso. Se cair uma chuva mais forte, vai derrubar tudo. A obra ficou focada na parte mais para cima da rua, deveriam estendê-la. Além disso, os ônibus fizeram falta. Precisei pagar carros de aplicativo para chegar até a minha casa, para não precisar encarar a subida. No início das construções, também tive dificuldades com entregas, já que o trecho estava ruim e com a passagem impedida”, relata.
Ronan Luiz, de 32 anos, é sócio-proprietário de uma empresa localizada no trecho interditado. Ele tinha o lote desde antes do fechamento, mas começou a construir a sede de seu negócio durante o período. “Eu tinha a expectativa de que a rua abrisse mais rápido quando comecei a construir, mas acabou durando todo esse tempo”, afirma.
“Aqui é uma rua movimentada, acesso para o São Pedro. Com o tempo e a volta da passagem de veículos, a tendência é conseguir mais serviços e demandas. Já precisei buscar pessoas, tanto na parte de baixo como de cima da rua, para trazer clientes, porque eles não conseguiam fazer esse trajeto. Com a finalização da contenção, a expectativa é de maior volume de interessados e visibilidade. O GPS também precisa ser atualizado, pois dificultava para nossos clientes.”
Outra questão levantada por Ronan é a acessibilidade para moradores, especialmente pessoas idosas. “Como o transporte público precisou desviar o trajeto, quem mora nesse trecho precisava atravessá-lo a pé, tanto na subida como na descida, para chegar ao ponto de ônibus na rua de baixo. É uma dificuldade”, reforça. A coleta de lixo (regular ou seletiva) também foi citada como problemática no período, já que deixou de ser realizada no trecho.
Trânsito em outra rua deve melhorar
A Rua Tenente Paulo Maria Delage também sofreu com problemas de trânsito no período de interdição da José Lourenço. Com o fechamento do trecho, os congestionamentos se tornaram mais frequentes. Moradora do Bairro Borboleta há cerca de 50 anos, Olinda Maria Goretti, de 57, diz ter visto uma grande diferença após o início das obras.
“Ficou infernal. Para sair da garagem é muito difícil. A inauguração vai ser importante para desafogar o congestionamento. Minha casa chega a tremer em horários de pico, de tanto trânsito”, conta.
Olinda explica que não teve tanta dificuldade com a impossibilidade de utilizar o trecho fechado, pois conseguia contornar pelo Morro do Alemão para chegar a outras localidades. “Além disso, acredito que nossa rua deveria ser asfaltada, assim como foram outras do bairro. Pagamos o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) assim como todos.”
A obra
O secretário de Obras, Lincoln Santos Lima, esclarece que foram utilizadas cerca de 90 metros de cortina atirantada, além de obras de pavimentação, instalação de guias de meio-fio e drenagem em alguns pontos.
“Consideramos a obra de contenção uma entrega muito importante pela gestão, aliada à liberação do trânsito – que muito irá facilitar a vida dos moradores da Região Oeste da cidade, que poderão fazer seus trajetos para diversas áreas, inclusive por meio de transporte coletivo”, ressalta o secretário.
*Estagiário sob supervisão do editor Gabriel Silva