A Cesama pretende iniciar em setembro e concluir até o fim de janeiro a obra que ligará o recurso de Chapéu D’Uvas à Estação de Tratamento de Água (ETA) Marechal Castelo Branco, que fica na Represa João Penido, na Remonta, Zona Norte. A previsão é que o edital para a contratação da empreiteira, responsável pela intervenção, seja publicado esta semana, com abertura das propostas em 30 dias. A medida se faz necessária, conforme a companhia, para garantir maior tranquilidade ao sistema de abastecimento do município já em 2016. Isso porque, devido a rachaduras, a ETA Walfrido Machado de Mendonça (ETA-CDI), instalada no Distrito Industrial e ampliada para receber o recurso de Chapéu D’Uvas, está com parte de sua estrutura comprometida. Isso obriga a Cesama a depender mais de João Penido, embora sua acumulação de água esteja baixa, com risco de atingir, até o próximo período chuvoso, em outubro, níveis entre 10% e 15%.
A água de Chapéu D’Uvas chegará à ETA Marechal Castelo Branco através de um braço da adutora, que é responsável por transportar o recurso para a ETA-CDI (ver mapa). Conforme o diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral, a ideia é construir esta tubulação a partir da Barreira do Triunfo, próximo à Mercedes-Benz, passando por um caminho antigo que coincide com a antiga estrada de acesso à represa, na altura do Náutico. A tubulação, de 6,45 quilômetros, tem valor estimado de R$ 8.876.886,84 e será custeada por meio de revisão tarifária autorizada pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae/MG).
Tal revisão ocorre a cada quatro anos e aconteceria em 2016. A antecipação do aumento foi autorizada em razão da crise hídrica que afeta a cidade, causada pelo baixo volume de chuvas. Desta forma, entre 1º de agosto e 31 de março, os juiz-foranos receberão um adicional temporário de 10,12% na fatura de água e esgoto, com arrecadação prevista de R$ 10 milhões. Por se tratar de recurso carimbado pela agência, a Cesama só poderá usá-lo na obra da adutora. A possível sobra será empregada, de acordo com determinação da própria Arsae/MG, em ações que visam à diminuição da perda técnica, que é aquela água tratada e desperdiçada no caminho entre a ETA e o consumidor.
Em entrevista à Tribuna no mês de maio, o diretor-presidente da Cesama, André Borges de Souza, havia citado a possibilidade de construir este braço futuramente, e não de forma tão rápida. Segundo Marcelo, esta possibilidade é ventilada na companhia há mais de dez anos e se tornou prioritária por causa do baixo volume de chuvas e dos problemas enfrentados na ETA-CDI. “Ficamos mais alertas ao detalhe de que não podemos ficar a mercê de uma única unidade de tratamento.” Sobre a ETA do Distrito Industrial, ele informou que ainda aguarda, na Justiça, posicionamento da empreiteira que a construiu para que a recuperação seja feita, sem ônus aos cofres públicos. Paralelamente, um consultor técnico, contratado pela Cesama, fez avaliações no terreno e irá emitir um laudo conclusivo nos próximos dias. Ainda não se sabe quando a recuperação pode acontecer e nem quanto vai custar.
Período de estiagem
Embora sem poder contar com a parte ampliada da ETA-CDI, a Cesama fez alterações de ordem técnica para otimizar o tratamento de água no local, reduzindo a demanda de João Penido. Desta forma, a estação trata, atualmente, 750 litros de água por segundo, que chegam de Chapéu D’Uvas e do Ribeirão Espírito Santo, que é um manancial de passagem. João Penido, de onde normalmente saem 800 litros de água por segundo, contribui atualmente com 550. Outros 120 litros saem de São Pedro. Esta última está com cerca de 44% de sua capacidade preenchida, e perdeu 27% somente em junho. Mesmo assim, Marcelo informou que medidas têm sido adotadas para evitar que ela chegue a nível zero. João Penido está com 34% e Chapéu D’Uvas com 57%.