Os pacientes que esperavam por atendimento médico de urgência na Regional Leste nesta segunda-feira (5) tiveram que aguardar por mais de cinco horas, em alguns casos, para serem socorridos na unidade, que fica no Bairro Costa Carvalho, próximo à região central de Juiz de Fora. Conforme eles relataram à Tribuna, a situação não é incomum para quem depende do Sistema Único de Saúde.
No local, a lotação podia ser percebida tanto pelos assentos todos ocupados quanto também pelas pessoas que se reuniam em pé, inquietas e com dor. Adriana Freitas é uma das pacientes que se encontravam nessa situação. Desde 10h, segundo ela, a mulher aguardava por um atendimento médico que não chegava. Com problema de pressão, dor na coluna, dor no estômago e outros sintomas, ela esperava na fila da Regional.
De acordo com ela, a sensação é de falta de respeito com a população e indignação, principalmente, por depender daquele serviço. “Chamaram até o guarda municipal, porque me exaltei”, conta Adriana, informando que demais providências não foram necessárias, pois ela se conteve. Entretanto, o episódio de insatisfação fez com que o médico que a atendeu posteriormente colocasse em sua ficha, ao lado dos sintomas: “falante e causando confusão na recepção sem motivo”, como consta no documento preenchido por um servidor público.
‘Que tragam nosso salário’
Junto de Adriana havia mais pessoas exaustas pela situação que se estendeu pela manhã até o final da tarde. Michele Machado conta que esperou por cerca de 5h. “Eu não estou conseguindo respirar, a garganta está com dificuldades de engolir e eles alegaram que só tem um médico ali dentro por falta de pagamento. Então resolvemos chamar a reportagem e eles responderam que era para aproveitar e trazer nosso salário junto”, alega a paciente sobre a fala dos profissionais do local.
Procurada pelo jornal, a Prefeitura de Juiz de Fora nega a informação. Por meio de nota, informa que a Regional Leste está funcionando normalmente. “Não procede a informação sobre falta de profissionais ou atraso de salários”, afirma. Carlos André de Freitas, que levou a filha de 19 anos para receber assistência médica, diz que durante a triagem ouviu informação semelhante sobre um possível atraso salarial. “Que tragam nosso salário que está atrasado e médicos, que não tem aqui”, conta ele, reproduzindo a fala de uma pessoa que trabalharia no local.
Outras reclamações
Geraldo Rocha chegou à unidade médica às 9h e só foi atendido às 15h, segundo ele. Com labirintite e asma, o idoso de 75 anos disse ter passado mal por horas até finalmente receber ajuda. No caso de Raiane Lopes, de 20 anos, o problema começou na triagem. Ela conta que esteve no local diversas vezes, a começar pela terça e sexta-feira da última semana, sem sucesso, retornou no domingo e, hoje, novamente, teve de ir até o local. Com dor intensa nas costas, em nenhuma das vezes anteriores ela tinha conseguido ser atendida em tempo hábil, mesmo após cerca de quatro horas de espera, segundo ela. Desta vez, entretanto, a expectativa de Raiane era sair da Regional Leste com uma solução para seu problema.