A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), apresentou, nesta quinta-feira (5), o Plano de Negócios oficial para o Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (Partec) da UFJF, cujo objetivo é a construção de um ambiente de integração entre instituições de ensino e pesquisa, empresas e Governo.
O plano prevê a implementação do parque em três módulos, a serem consolidados de curto a longo prazo. A última etapa, a implantação do terceiro módulo, em estrutura localizada em terreno próximo ao km 790 da BR-040, está prevista para ter início em cinco anos. A consolidação total, no entanto, deve se estender por cerca de 30 anos.
O terreno foi adquirido pela instituição em 2008 e ficará disponível para instalação de empresas de maior porte, dispostas a desenvolver parcerias com o universo acadêmico de Juiz de Fora, sob a supervisão do Partec. Além disso, a longo prazo, o objetivo do projeto é tornar o local uma nova centralidade urbana.
As demais etapas, entretanto, começam a se consolidar a curto prazo. A governança e as atividades que hoje se desenvolvem no Critt permanecem na sede no campus, onde também haverá a construção do edifício sede do Parque. Já o espaço do Centro Integrado de Ensino, Pesquisa, Extensão, Transferência de Tecnologia e Cultura cedido à UFJF em maio de 2020 vai abrigar pesquisas em parceria com empresas, além de iniciativas a serem definidas em todas as demais áreas de atuação da UFJF.
Diretor de Inovação da UFJF e presidente da Comissão de Implantação do Partec, Fabrício Campos destacou que Juiz de Fora já conta com um ecossistema inovador aquecido, além de ser polo de educação e formação de pessoas, o que é fundamental para o desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica. “O Parque vem exatamente com essa pegada, especificamente para atrair empresas que têm base tecnológica, que demandam desenvolvimento, estando próximo de centros de ensino, de pesquisa. Além de ser espaço com capacidade para comportar e receber esse tipo de investimento.” O terreno localizado na BR-040 tem cerca de um milhão de metros quadrados (m²) e possui projeto de engenharia com a lógica de implantação.
Conforme Fabrício, o Plano de Negócios começou a ser construído em 2012, mas foi reconstruído ao longo dos últimos dez anos. “Esse plano foi pensado e elaborado justamente para aumentar a atratividade da nossa região para grande empreendimentos. A implantação do Parque vai ser dividida em fases, de forma sustentável, e cada uma vai gerar valor para as fases seguintes.” O plano foi elaborado pela Fundação CERTI, instituição de base tecnológica do Estado de Santa Catarina.
Para a prefeita Margarida Salomão (PT), que marcou presença na abertura do evento, a inovação é determinante para o desenvolvimento de Juiz de Fora. “Há 27 anos tive a honra de instalar o Critt. Já nesta época, estávamos pensando sobre os parques tecnológicos de primeira geração. Era importante naquele momento que rompêssemos os limites da universidade e abraçássemos a inovação como prática acadêmica. Daí por diante, tanto a universidade quanto o país evolui muitíssimo. Hoje nós vemos a inovação como algo irreversível e necessário. Vai ser uma forma de alavancar o desenvolvimento da cidade de uma forma muito consistente”, disse.
Parque é idealizado há mais de 15 anos
A construção de um espaço que integre empresas e núcleos de pesquisa da UFJF é uma antiga aspiração da universidade, que cita a criação do Critt, em 1995, como uma sinalização nesta direção. Em 2005, o Conselho Superior definiu que o Campus da UFJF era um parque tecnológico e, em 2007, foram iniciadas ações para um projeto distinto, com a construção de uma área para o Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região. Em 2012 foi lançada uma licitação para a obra, com recursos de um empenho do MEC. À época, o Tribunal de Contas da União embargou a licitação e apenas em 2014 foi autorizada a retomada. O atraso, no entanto, afastou a empresa vencedora do processo. À época, não houve avanço por uma nova licitação.
De acordo com a UFJF, a partir de 2016, as pendências relativas ao processo de licenciamento ambiental e demais providências para a obra do Parque foram encaminhadas pela Diretoria de Inovação e por uma Comissão para Acompanhamento da Implantação do Parque Tecnológico da UFJF, designada pelo reitor por meio da Portaria 799, de julho de 2017. Não houve, contudo, apesar de solicitação da UFJF, em 2017, liberação, pelo Governo federal, dos recursos empenhados em 2012 para a obra de infraestrutura. Em 2018, caducou a possibilidade de seu uso. A retomada da implementação aconteceu a partir de setembro de 2020, com recurso liberado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Aproximação entre academia e região
Reitor da UFJF, Marcus David, destacou a importância do projeto não só para a universidade, como para a região. Além do desenvolvimento econômico e tecnológico, a meta é permitir a aproximação da academia com a região. Conforme os idealizadores do plano de negócios, o estudo considerou, além da microrregião de Juiz Fora, mais seis municípios do estado do Rio de Janeiro em um raio de 80 quilômetros.
“Esse projeto sinaliza momento muito especial para Juiz de Fora e para nós pensarmos um projeto de desenvolvimento, com forte aproximação do setor de ciência e tecnologia com o Poder Público e o setor produtivo, que é a base fundamental para que projetos dessa dimensão tenham êxito.”