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Familiares e amigos se despedem de Clodesmidt Riani

velório Clodesmidt Riani
Amigos e familiares estiverem no velório de Clodesmidt Riani no Parque da Saudade (Foto: Felipe Couri)
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Familiares, amigos e autoridades estiveram presentes no Cemitério Parque da Saudade nesta sexta-feira (5) para se despedir de Clodesmidt Riani. O sindicalista faleceu nesta quinta (4), aos 103 anos. Seu corpo está sendo velado na capela 4 e o enterro acontece às 16h30 desta sexta, também no Parque da Saudade.

Entre os presentes no velório, Riani foi lembrado, especialmente, por sua luta pelos direitos trabalhistas. Eleito deputado estadual para quatro mandatos (de 1955 a 1967 e de 1983 a 1987), teve o mandato cassado em 1964 pela ditadura militar. Riani contribuiu diretamente para a implementação da Lei Orgânica da Previdência Social, pela garantia do 13º salário e do salário família, entre outras pautas.

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Para o ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado, o sindicalista está entre os principais líderes da história da cidade. “Ele foi um grande exemplo. Durante o seu período de atividade, foi o homem mais importante de Juiz Fora”, diz. “Era um grande líder, um grande companheiro, uma pessoa que merece todo o respeito dos seus filhos e de todos nós.”

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Ex-prefeito Tarcício Delgado sentado ao lado do caixão onde Clodesmidt Riani é velado (Foto: Felipe Couri)

O jornalista Wilson Cid conheceu Clodesmidt Riani durante uma visita do então presidente João Goulart ao município em 1963. Cid destaca a proximidade de Riani com o presidente e também a liderança que exerceu na Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias (CNTI) e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). “Conversei com ele muitas vezes. O sonho que ele sempre teve era de ver o Brasil um pouco menos desigual. Essa foi a grande luta dele e o sonho que ele alimentou durante toda a sua vida. Mesmo doente, às vezes eu fui visitá-lo, ele sempre renovava essa esperança.”

‘Legado de amor ao próximo’

Natural de Rio Casca, Riani foi criado em Juiz de Fora desde os 6 anos de idade. Teve 17 irmãos, dez filhos, 20 netos e 25 bisnetos. Aos familiares, além da saudade, ele deixa também um legado de amor ao próximo, como destacado por uma de suas netas, Rosilene Riani. 

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“Meu avô deixa um legado de muita agregação, de muita união, de muita solidariedade e de muito amor ao próximo. Ele sempre nos mostrou que temos que ter o nosso próximo como uma pessoa da nossa própria família; sempre mostrou que não podíamos ter medo de nada”, diz. “Agora acreditamos que foi descansar. A jornada dele foi muito linda e nós vamos perpetuar tudo isso de bom que ele deixou na nossa vida.”

Mais do que um exemplo de luta pelos direitos dos trabalhadores brasileiros, para a família, Riani se demonstrou “uma grande figura humana”, de acordo com um dos seus netos, Frederico Riani. “Ele nos deixa exemplo de muita humildade, de muita perseverança, de luta incansável pelos ideais e de amor ao próximo”, diz. “Nós sentimos a perda dele nesse sentido de que todo dia era um ensinamento prático desses valores.”

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Levando consigo o nome do pai, Clodesmidt Riani Filho destacou o respeito que todos demonstram pelo sindicalista. “Riani é uma entidade, é outro nível”, conta, sobre os relatos que recebeu durante o velório. Para ele, o sindicalista foi um exemplo de pai e esposo, e que, apesar de todo o sofrimento pelo qual passou, especialmente durante o período da Ditadura Militar no Brasil, ensinou que não se deve guardar mágoas. 

“Ele sofreu perseguição, sofreu na cadeia, sofreu tortura, mas mágoa não fazia parte dele. Isso é um legado pessoal que eu tento absorver dele”, diz. “Ele viveu 103 anos e viveu bem. Às vezes, a pessoa vive muito, mas não vive tão bem. Ele não, ele foi premiado e eu mais ainda, por ser o filho que tem o nome dele. Isso é uma responsabilidade muito grande para mim, de tentar manter esse legado que ele deixa para Juiz de Fora.”

Luta pelos direitos trabalhistas

Para o ex-deputado federal Júlio Delgado (PV), Riani foi um exemplo de resistência, considerando sua trajetória de luta. “Eu tive a honra de conviver com ele, de disputar eleições com ele, então estive com o Riani em plena atividade, logo depois de ele trabalhar pela questão de defesa dos trabalhadores, como o primeiro presidente de Sindicatos dos trabalhadores do Brasil. É muito forte o exemplo dele, o legado para a sua família e para todos nós que temos o princípio democrático, acima de tudo, e o respeito à democracia, aos direitos sociais e dos trabalhadores.”

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O vereador Marlon Siqueira (MDB) também destacou o trabalho de Riani junto à luta dos trabalhadores, além de relembrar que ele foi um dos precursores de políticos da cidade de renome nacional. “A CLT, que é a nossa constituição trabalhista, existe em função de pessoas como o Riani, que deram direitos aos trabalhadores, garantidos através de legislações. Quando deputado, ele fez essa defesa e legislou nesse sentido, e até hoje usufruímos dessa empatia que ele tem com o trabalhador da nossa cidade e do nosso país.”

O trabalho de Riani também foi reconhecido internacionalmente, conforme apontado pelo vereador João Wagner Antoniol (MDB). “Há relatos que Riani esteve na Casa Branca, com o presidente dos Estados Unidos à época, tamanha a representatividade desse homem dentro do sindicalismo, dos direitos trabalhistas e das conquistas que ele trouxe para o povo brasileiro, junto aos ministérios de trabalho. Seu trabalho como líder sindical ficou marcado no Brasil inteiro”, relembra.

Também presente no velório, o vereador Luiz Otávio Coelho (Pardal – União) prestou condolências aos familiares e amigos de Riani. “Por toda a história que ele conseguiu fazer com tanto mérito e com tanta disposição, com vários problemas enfrentados em toda a sua vida, ele deixa um legado fundamental aqui para a nossa cidade. Nós tivemos a honra de ser amigo dele, de conviver parcialmente com ele e lamentar por esse dia que hoje ele nos deixa, mas com o dever cumprido aqui em prol da nossa cidade e da nossa região.”

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