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Estrutura despenca de prédio na Itamar, e pista fica bloqueada por quase 2 horas

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Além de atingir a dianteira de um Citroën, estrutura ficou presa ao carrinho de feira, conduzido por mãe e filho (Foto: Sandra Zanella)
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Quatro pessoas escaparam por um triz de não serem atingidas por uma estrutura de ferro, com cerca de três metros de comprimento, que despencou de um prédio em construção de mais de dez andares e caiu entre a calçada e a pista da Avenida Itamar Franco, na manhã desta quarta-feira (5), no trecho entre as ruas Coronel Pacheco e Monsenhor Gustavo Freire, no São Mateus, Zona Sul de Juiz de Fora.

Um engenheiro civil de 50 anos e a mãe idosa, 82, haviam acabado de sair da feira livre do bairro e puxavam um carrinho com as compras pelo passeio, quando foram surpreendidos pela queda do objeto metálico, que caiu às suas costas de uma altura de cerca de dez metros e ficou cravado entre os alimentos. Uma advogada, 47, também estava com a mãe, 68, trafegando em um Citroën C3 pela Itamar em direção ao Centro, quando a parte dianteira do veículo foi atingida pela peça de sustentação de um aparalixo. Coincidentemente, o equipamento é utilizado como uma espécie de bandeja de proteção em obras, exatamente para evitar que materiais caiam sobre a rua. “Foi um estouro muito grande. Fiquei abalada, chorei. Um horror, não desejo isso para ninguém”, resumiu a mãe da motorista do C3, Zumira Oliveira Cardoso. “Ainda estou muito assustada. A senhora que estava com o carrinho de feira ficou em choque, e o filho dela tremia muito. Graças a Deus a vida de todos foi preservada”, desabafou a condutora Sandra Duarte, momentos depois do acidente.

Emocionada e com as mãos geladas, Selme Brigolini Octaviano disse ter pensado que seu filho tinha morrido. “É Deus mesmo que salvou, olha o carrinho como ficou”, comentou a idosa, acrescentando que precisa de auxílio porque não tem mais condições de carregar as compras. “Perdi a feira toda, mas isso é o de menos.” Segundo ela, um destroço caiu em seus pés, e sua cabeça ficou cheia de areia

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O filho dela, Antônio Paulo Brigolini Octaviano, só escutou o barulho ao passar em frente à obra e sentiu um tranco no carrinho. “Foi por um triz. Olha a distância que caiu e onde eu estava. Para mim foi uma tentativa de homicídio, um perfil metálico desse de aparalixo cair a menos de meio metro da cabeça da gente. Se estão mexendo nisso, em uma via movimentada, a pessoa não isola a área para fazer o serviço? Será que havia profissional qualificado?”

Para a advogada, tudo aconteceu muito rápido. Ela seguia de sua casa no Cascatinha para uma padaria no São Mateus. “O trânsito estava lento e, de repente, levei um susto com a pancada. Uma moto foi desviar e bateu do outro lado, o carro foi prensado. O senhor que vinha pela calçada com a mãe abaixou a cabeça por reflexo, e a estrutura pegou no carrinho”, contou a motorista do veículo, com placa de Teófilo Otoni. “Estourou o vidro (para-brisa), a coluna do veículo entortou, e o carro ainda foi resvalado pelo outro lado”, completou.

Ela questionou o fato de o prédio não ter tela de proteção. No entanto, funcionários do local, que preferiram não se identificar, disseram que a construção já havia passado da fase de alvenaria e, por isso, a estrutura de aparalixo estava sendo retirada. De acordo com a condutora, o caso causou comoção. “Vieram nos socorrer e estavam todos indignados. Só depois de uma hora é que eu tive contato com o dono da obra. Eles fecharam os portões, porque juntou muita gente.”

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Vítimas ficam na avenida sem auxílio por quase duas horas

Além do susto de verem uma barra de ferro despencar de um prédio e cair a menos de um metro de suas cabeças, as quatro vítimas envolvidas no acidente na Itamar Franco permaneceram perplexas na avenida por quase duas horas à espera de alguém que pudesse dar uma luz nos procedimentos a serem tomados por elas. Os envolvidos disseram que acionaram a Polícia Militar após o acidente, ocorrido por volta das 9h30, mas foram informados de que não haveria atendimento no local pelo fato de não ter vítimas de ferimentos e por falta de viatura. “E o choque que a gente leva?”, questionou Selme Brigolini Octaviano, 82 anos.

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Sem policiais ou agentes de trânsito para controlar o tráfego, um congestionamento tomou conta da pista sentido São Mateus/Centro, já que o C3 ocupava uma das faixas. Com a feira livre na Rua Coronel Pacheco, também houve tumulto em vias adjacentes. Por volta das 11h15, quando as vítimas já haviam deixado o local para registrar a ocorrência em um posto policial, uma viatura da PM compareceu ao endereço.

Procurada pela Tribuna, a Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) informou, por meio da assessoria, que a construção é licenciada e uma equipe irá ao local “para verificar a regularidade da obra e intimar o responsável a adotar providências para evitar outros acidentes”. Uma equipe da Defesa civil esteve no local e verificou que não houve abalo na parte estrutural da obra. A equipe orientou ao engenheiro e responsável técnico da obra, que estavam presentes no momento da vistoria, a colocação de tela de proteção na construção.

Apesar de o Infotrans, sistema de monitoramento de tráfego da Settra, contar com uma câmera instalada no cruzamento da Itamar Franco com a Rua Monsenhor Gustavo Freire, próximo ao local do acidente, a assessoria da pasta informou que não foram enviados agentes de trânsito na ocorrência porque também não houve acionamento.

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A Tribuna tentou contato com algum responsável pela obra no local, mas a informação de funcionários era de que nenhum deles estava presente. O jornal também ligou durante a tarde para os telefones da construtora disponíveis na fachada do prédio, mas os números não atenderam.

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