Os crimes violentos registrados pela Polícia Militar tiveram queda de 30% em Juiz de Fora em 2017. De acordo com os dados da corporação foram 1.951 ocorrências no ano passado, incluindo homicídios, estupros, roubos, extorsões mediante sequestro, cárceres privados e sequestros. A redução se deu no comparativo com 2016, quando foram registrados 2.768 casos, ano que apresentou o maior número de ações violentas na cidade desde 2000 (ver arte). Os registros em 2017 são menores que os de 2015, quando também houve um salto na criminalidade. A PM garante que vai trabalhar para que os números continuem em declínio e cheguem próximos aos observados em 2014, quando foram registrados 1.829 crimes violentos no município.
O comandante da 4ª Região de Polícia Militar, coronel Alexandre Nocelli, garantiu que, em 2018, os “pontos de honra” da corporação serão a repressão ao tráfico de drogas, que cresceu mais de 40%, e também aos assassinatos, com a elaboração de um plano de enfrentamento que será feito em conjunto com outros órgãos. O oficial destacou ainda que a atuação da Polícia Militar Rodoviária será potencializada em relação à repressão, ajudando assim no combate à criminalidade violenta. “É um balanço positivo, mas ao mesmo tempo é um desafio, já que precisamos continuar nesta curva descendente para chegar a patamares de anos anteriores. É um trabalho que depende da articulação com outros órgãos e também de integração com a comunidade”, asseverou.
Conforme dados repassados pela corporação, os roubos em Juiz de Fora caíram de 2.351 em 2016 para 1.624 em 2017, 30,92% a menos. Entre os assaltos, a modalidade que mais apresentou queda (ver arte), cerca de 50%, foi a de roubo a estabelecimento comercial, que caiu de 569 em 2016 para 288 no ano passado. Dentro deste, a PM destacou a diminuição de 57% nos assaltos a postos de combustíveis, caindo de 120 em 2016 para 59 no ano passado.
Em segundo lugar no ranking de queda, conforme a PM, aparece a redução de cerca de 43% nos roubos a taxistas. No ano passado, foram 59 ocorrências contra 103 em 2016. Em seguida, há diminuição dos assaltos a residência (22,89%), a transeunte (21,66%) e a coletivos (11%). “Vamos continuar nesta batida em 2018. Em 2017 foram apreendidas 359 armas de fogo em Juiz de Fora, precisamos neste ano tirar mais armas de circulação. Faremos policiamento inteligente com estratégia correta nos locais corretos, assim aumenta a possibilidade de prevenção. Também continuaremos focados na prisão de autores contumazes”, comentou.
Coronel Nocelli pontuou ainda que os tipos de armamentos apreendidos na cidade vêm chamando a atenção da corporação. “Estamos preocupados com a quantidade de armas semiautomáticas que estão chegando aos criminosos. Aumentaram as apreensões de pistolas, também localizamos no ano passado três submetralhadoras de fabricação artesanal. Nós sempre recebemos denúncias de que há na cidade armas de grosso calibre, até mesmo fuzis, mas elas ainda não foram encontradas. Vamos continuar em cima”, afirmou.
Infratores na mira da polícia
Ponto considerado crucial para redução nos crimes pelo comandante da 4ª Região da Polícia Militar, é a identificação e prisão de autores contumazes de crimes, principalmente de roubos. “A gente vem fazendo um trabalho de identificar em todas as áreas os “top”10 e 20″ de autores que mais praticam crimes. Em cima deste levantamento, conseguimos monitorar estes alvos e ir para cima deles, fazendo as prisões o mais rápido possível. Algumas delas são cruciais para a queda dos crimes em determinados locais. Vamos continuar com esta estratégia em 2018”, garantiu.
Coronel Alexandre Nocelli comentou também sobre a participação dos adolescentes nos crimes, que para ele é “preocupante”. “Estamos perdendo jovens para a criminalidade. É preciso um envolvimento de outros órgão, das famílias”, comentou.
Nocelli destacou também como “fundamental e eficaz” a participação da sociedade. “Muitas das prisões acontecem por conta de denúncias que chegam da população. Percebemos uma participação bem maior no último ano, muito também devido à maior proximidade entre a polícia, principalmente nas comunidades mais violentas, com os moradores.”
Combate ao tráfico para reduzir homicídios
Outro ponto destacado pelo comandante é o combate ao tráfico de drogas, que aumentou 44% em Juiz de Fora em 2017. Foram 898 ocorrências entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2017. Na avaliação do oficial, o tráfico é, na maioria das vezes, o estopim para que ocorram os homicídios. “O tráfico é uma grande questão para nós. É uma dinâmica que começa com o uso de entorpecentes e deságua no homicídio. Realmente é um ponto de honra reprimir esta modalidade criminal. Temos esta diretriz, todos os comandantes estão alinhados neste sentido.”
Segundo dados da Polícia Militar, apesar do crescimento nas ocorrências de tráfico de drogas, houve queda de 14,52% nos assassinatos. O levantamento feito pela PM aponta que 111 pessoas perderam a vida de forma violenta, no ano anterior foram 130 mortes. Já os casos de tentativas de homicídio apresentaram redução de 22,49%, caindo de 209 em 2016 para 162 em 2017. “É uma redução tímida, mas é redução. Temos consciência que precisamos desenvolver uma linha de tendência de queda. Vamos tentar criar um plano de redução de homicídios em Juiz de Fora. A cidade merece isso, e será feito em parceria com outros órgãos. Vamos elaborar uma estratégia contundente para a redução dos homicídios tentados e consumados”, comentou, destacando que foram quase sete mil prisões em 2017, 27,26% a mais que em 2016.
Zonas com atenções redobradas
De acordo com o comandante do 27º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Oterson Nocelli, o policiamento em sua área de responsabilidade, que compreende as regiões Norte, Sul e Cidade Alta, é reforçado em alguns pontos. Entre eles, estão a região Sul, onde há concentração de bares no Alto dos Passos e São Mateus, e Benfica, na Zona Norte, importante centro comercial. Há também dois shoppings centeres na área do 27º BPM. “Há uma preocupação constante, tanto pela grande concentração de pessoas, como pelo grande número de reclamações de perturbação de sossego. Lançamos policiamento diuturnamente, focado na prevenção e repressão de crimes.”
Também, segundo Oterson, merecem atenção especial as regiões onde estão os condomínios populares, como o Parque das Águas e as Vilas Esperança I e II. Nestes locais temos viaturas fazendo policiamento específico o dia todo. Só a prisão não resolve, temos focado na prevenção e na proximidade com a comunidade, para trazer também a sensação de segurança”, disse.
Aumento da criminalidade em Viçosa, Ubá e Muriaé preocupa
Se em Juiz de Fora houve redução nos crimes violentos, outras cidades que têm o policiamento sob responsabilidade da 4ª RPM apresentaram aumentos significativos em algumas modalidades criminais. A que mais chamou a atenção foi Viçosa, que teve um salto de 57% no número de homicídios. Foram 47 casos em 2016 e 74 no ano passado. “É um número muito preocupante, ainda mais se levarmos em conta o número da população de Viçosa, que é de cerca de 80 mil habitantes, sem contar com a população flutuante. Sem dúvidas o tráfico de drogas também é o que contribui para este aumento”, afirmou o coronel Alexandre Nocelli.
Também houve crescimento de assassinatos em Ubá, que subiu de 33 em 2016 para 43 episódios em 2017. Em relação aos roubos, o maior crescimento foi em Muriaé. As atenções da PM também estão voltadas para os crimes de explosões em caixas eletrônicos. Para este combate, o pelotão rodoviário da PM será usado na repressão. Nocelli disse que a luz de alerta voltar a ser acesa nesta semana, diante dos registros de duas agências bancárias completamente destruídas em Dom Cavati, cidade de cerca de seis mil habitantes do Vale do Aço, distante cerca de 200 quilômetros de Muriaé. “Vamos potencializar as ações da Polícia Militar Rodoviária, que vai estar mais focada no combate à violência, principalmente nas quadrilhas especializadas em explosões de caixas que podem cruzar as estradas da região”, finalizou.