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Morre Murílio Hingel, ex-ministro da Educação, aos 90 anos

Morre Murílio Hingel, ex-ministro da Educação, aos 90 anos
Murílio Hingel criou o Colégio João XXIII e a Faculdade de Educação em Juiz de Fora (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
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Murílio de Avellar Hingel, ex-ministro da Educação do governo Itamar Franco, morreu na madrugada desta quarta-feira (4), aos 90 anos, na França. A causa da morte ainda não foi divulgada e, conforme apurado pela Tribuna, o corpo será cremado. Murílio estava com a família na cidade de Romorantin-Lanthenay, no Vale do Loire, região central da França, quando morreu.

Nascido no Rio de Janeiro em 5 de abril de 1933, Murílio Hingel construiu sua carreira na área de educação em Juiz de Fora, onde se formou em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia e Letras e exerceu cargos técnicos e administrativos no município. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) decretaram luto oficial de três dias. 

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O educador foi diretor da Faculdade de Filosofia e de Letras em 1964 e criou o Colégio João XXIII e a Faculdade de Educação. Além da sua contribuição no Ministério da Educação, Hingel trabalhou na Secretaria de Educação e Cultura de Juiz de Fora e foi secretário estadual de Educação em Minas Gerais, entre os anos de 1999-2002, quando fundou o projeto “Veredas” de educação superior para professores, no qual mais de 40 mil pessoas ingressaram. Em 1988, Murílio disputou o cargo de prefeito de Juiz de Fora pelo partido PMDB. 

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Durante sua gestão como ministro, o professor convocou todos os segmentos da educação para estabelecerem, de forma democrática, o Plano Nacional da Educação. Em 2018, recebeu a “Medalha Educacional Andifes” dos reitores das universidades federais brasileiras, por sua contribuição ao compromisso global de “Educação para Todos”, assumido perante a Unesco, junto com outros oito países mais populosos do planeta.

De acordo com o jornalista e ex-chefe da Comunicação do MEC, Geraldo Lúcio de Melo (Gerrô), a gestão de Hingel ampliou o apoio da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), já extinta, com a distribuição de gabinetes dentários, ônibus e até barcos escolares para a Amazônia; visitou 130 das 155 instituições federais de ensino (IFES) em apenas pouco mais de dois anos. “O tempo era curto, e a tarefa, gigantesca. Em todos os finais de semana, lá ia o professor verificar in loco o funcionamento das instituições de sua área. O resultado era previsível: semana seguinte, projetos e obras iniciados, reiniciados, retomados, concluídos”, afirma em coluna da Tribuna.

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Autoridades e instituições lamentam a morte de Murílio Hingel

“Professor Murílio Hingel é um monumento da educação pública brasileira. Ele nos deixou hoje de madrugada na França e eu quero dizer da minha experiência pessoal. Em primeiro lugar, o privilégio de ter sido sua aluna de história. Um professor esplêndido, muito culto, muito dedicado, muito carismático, um modelo de professor. Depois, a essa época ele já era secretário de educação no primeiro governo de Itamar, também fez um trabalho muito importante, o Censo Escolar do Município de Juiz de Fora, que naquela época era uma grande novidade. Trabalhou depois, eu tive a oportunidade de ser sua colega, na primeira gestão do prefeito Tarcísio Delgado. Ele era o diretor do IPLAN. Fui sua companheira de chapa quando ele disputou a Prefeitura de Juiz de Fora e depois o reencontrei como Ministro da Educação, como Secretário de Estado de Educação de Minas Gerais, sempre defendendo a educação pública e sempre defendendo o direito das crianças à aprendizagem. Um grande legado que nos devemos reverenciar.”

“A UFJF recebe com muita tristeza o falecimento do professor Murílio Hingel. O professor tem uma trajetória na educação brasileira de especial destaque. Quando ministro da Educação no governo do presidente Itamar Franco, ele foi responsável por uma profunda transformação no Ministério da Educação quando passa a estabelecer uma prática comprometida com uma educação transformadora no nosso país. O meio acadêmico reconhece o trabalho feito pelo professor Murílio Hingel enquanto ministro da educação, mas gostaria de destacar sua trajetória dentro da universidade. Além de ter sido um professor com papel fundamental na criação da própria universidade, na criação do colégio João XXIII, na criação da nossa faculdade de Educação, é importante destacar também que, quando o ministro da educação, ele foi responsável por permitir que a UFJF passasse a dispor de dois dos maiores equipamentos culturais da nossa cidade: o Cine Theatro Central e o acervo do poeta Murilo Mendes, que hoje está no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). Com essas ações mostrando a sua sensibilidade para a cultura e para a relevância da universidade na gestão de equipamentos culturais, ele colocou a UFJF no cenário nacional também no âmbito cultural. Então a universidade manifesta todo o reconhecimento à belíssima trajetória do professor Murílio Hingel.”

Colégio de Aplicação João XXIII

“O Colégio de Aplicação João XXIII lamenta o falecimento do Professor Murílio de Avellar Hingel, ocorrido na madrugada desta quarta-feira, 4, na França. O Ginásio de Aplicação João XXIII, da Faculdade de Filosofia e Letras de Juiz de Fora, foi criado em 1965, pelo professor Murílio de Avellar Hingel, ex-Ministro da Educação, como “uma escola de experimentação, demonstração e aplicação”, para atender aos licenciandos em termos de pesquisa e realização de estágios supervisionados. Inicialmente, a Escola contava com a 1ª série ginasial (atual 5ª série) e 23 alunos. O Professor Murílio Hingel foi o primeiro Diretor, atuando na Gestão entre os anos de 1965 a 1973.
A Direção do Colégio de Aplicação, em nome de toda nossa Comunidade Acadêmica, reconhece a importância fundamental do Professor Murílio Hingel para nosso Colégio e para a Educação Brasileira, e lamenta profundamente sua perda. Em conjunto com a Prefeitura de Juiz de Fora e a própria Universidade Federal de Juiz de Fora, decretamos luto oficial no Colégio por três dias.

Professor Eloi Teixeira César- Diretor Geral
Professora Giselle Moraes Moreira- Diretora de Ensino

“Rendo minhas homenagens à memória do grande educador Professor Murílio Hingel, a quem tive a honra de sucedê-lo como Secretário Municipal de Educação em Juiz de Fora, passados 45 anos. Foi o Professor Murílio o responsável pela estruturação da Secretaria em 1969, tendo sido seu primeiro Secretário. Vale lembrar que ainda em meados do século XIX, as escolas municipais foram criadas e administradas pela Câmara Municipal. E, durante o século XX, nas várias administrações, a Educação Municipal esteve representada por meio de departamentos e divisões que cuidavam dos assuntos relativos às escolas municipais. Foi com a publicação do Regulamento nº 00898, de 12 de maio de 1969, que foram redefinidos os caminhos da Educação, sob a liderança do entusiasta Professor Murílio, tornando possível o amplo atendimento que atualmente é feito à comunidade juiz-forana. Em 2014, no evento “Memórias da Educação Municipal: 45 Anos de Regulamentação da Secretaria de Educação” tivemos a oportunidade de revisitar esta bela História. Na solenidade, rendemos homenagem a Murílio Hingel, orador oficial do evento, como o primeiro líder da Pasta que pavimentou os caminhos e a atuação do ensino na cidade. Como também Secretário Estadual e ministro da Educação, Hingel deixou um grande legado.”

“O Forum da Cultura, com imenso pesar, lamenta o falecimento do nosso estimado Prof. Murílio de Avellar Hingel. Em 1933, com o apoio de Murílio, Ministro da Educação e Desportos, o teatro Forum passa por uma modernização, possibilitando a reforma da plateia em níveis, melhorando a visibilidade para o espectador. A suspensão da urdidura, com a instalação das varas com deslocamento de maquinaria em contrapeso, ampliou os recursos cenográficos.
Nessa reforma, a boca de cena passa a medir 3,50 metros x 7,50 metros e o espaço a comportar 200 espectadores sentados. Obrigado Murílio.”

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