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Golpistas usam nome de Padre Pierre para pedir dinheiro

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Padre Pierre Maurício disse que algumas pessoas o procuraram para falar do fato (Foto: Marcelo Ribeiro)
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Um golpe envolvendo o nome do padre Pierre Maurício, pároco da Paróquia de São José, onde, semanalmente, centenas de fiéis se reúnem para a Missa do Impossível, vem sendo aplicado em Juiz de Fora. O alerta foi dado pelo religioso durante a celebração da última terça-feira (2). Um homem, que se identifica como Cláudio, estaria percorrendo diversos bairros e o Centro da cidade, vendendo terços para um suposto tratamento de seu filho, Gabriel, que, segundo o suspeito, teria tido o corpo queimado durante uma tentativa de roubo na saída de uma escola municipal na Zona Norte, em 2011. Para conseguir dar credibilidade à história, o vendedor se apresentava como um dos responsáveis pela organização da Missa do Impossível, realizada pelo padre Pierre. Outra fraude usando o nome do religioso veio à tona nas últimas semanas. Um homem chegou a ser preso depois de se passar pelo religioso para conseguir doação de dinheiro.

O pároco tomou conhecimento da situação da venda dos terços na última segunda-feira (1º), mas o golpe já estava sendo aplicado há mais tempo. Em julho deste ano, o homem percorreu vários estabelecimentos comerciais de Benfica. Em um salão de beleza, ele tentou vender os produtos religiosos. O homem afirmou que seu filho, hoje com 17 anos, havia sido vítima de uma gangue, que ateou fogo em seu corpo durante uma tentativa de roubo na saída da Escola Municipal Cecília Meireles. Por conta das queimaduras, o garoto teria perdido a visão e também parte das orelhas. Ele afirmou aos frequentadores e funcionários do estabelecimento comercial que teria conseguido, apenas com a venda do terço, pagar a cirurgia para o garoto nos Estados Unidos. Mas que agora precisava continuar a comercialização, feita a R$ 20 cada peça, para comprar os remédios.

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Porta a porta

O golpista disse ainda que as peças para a confecção dos terços eram doadas pelo padre Pierre e que ele era um dos ministros da Paróquia de São José. Além das vendas porta a porta, o homem afirmou que, em épocas diferentes, comercializava os artigos religiosos no Calçadão da Rua Halfeld, como uma espécie de campanha. Uma das profissionais do salão e uma cliente compraram o terço. “Fiquei tocada com a história. Ele disse que já tinha passado no salão antes, mas eu não me lembrava, pois muita gente passa aqui todos os dias. Por ele usar o nome do padre, acreditei ser verdade, seria uma história muito séria para ser mentira”, disse a funcionária.

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Um comerciante também de Benfica comprou os terços. “Ele passou aqui na minha padaria em agosto e também contou a história do filho queimado, mas para mim disse que precisava vender os terços para trazê-lo dos Estados Unidos. Sei que vários outros comerciantes e pessoas do bairro compraram também. É triste ver que as pessoas inventam as coisas para ganhar dinheiro fácil. O terço não vale mais que R$ 5, pois é bem simples”, comentou.

Padre Pierre disse que algumas pessoas o procuraram para falar do fato. Além do homem, teriam outras pessoas vendendo artigos religiosos citando o nome dele e da igreja. “Essas pessoas estão agindo de má-fé e vendendo os terços na cidade por um valor exorbitante, alegando que é para ajudar alguma causa da paróquia, como aos dependentes químicos, um trabalho que fazemos. Em uma das tentativas de um golpista, contra uma agropecuária em Benfica, a moça disse que me conhecia e iria me ligar, o que fez o homem fugir correndo. O mesmo aconteceu em um estacionamento no Centro. É um golpe, não existe nada disso. A situação serve como alerta para os fiéis. Nem eu, nem a paróquia fazemos qualquer venda na rua ou pedido de dinheiro. Todas as campanhas que fazemos por alguma causa são feitas na igreja e informadas também por meio de minhas redes sociais. No momento, não temos nenhuma campanha em andamento”, alertou o padre.

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O atual diretor da Escola Municipal Cecília Meireles, Fábio Beraldo, disse que o fato envolvendo a escola é inverídico. “Eu desconheço essa informação e conversei com professores antigos daqui e também ex-diretores. Ninguém tem conhecimento deste atentado contra o menino. É um caso muito grave e não procede. Como não tem o sobrenome do garoto, não é possível nem dizer se ele chegou a estudar aqui”, comentou. A Tribuna também tentou encontrar a suposta ocorrência em que o menino teria sido queimado, mas não achou nenhum registro policial.

Alerta

De acordo com o padre Pierre Maurício, há cerca de 15 dias, um homem chegou a ser preso depois de se passar por ele. O golpista, segundo o religioso, ligava para a casa de fiéis e se passava por ele para pedir dinheiro. O alerta também foi feito aos católicos na Missa do Impossível. “Ele dizia que sabia que a pessoa era muito religiosa e perguntava se poderia doar ou emprestar a quantia. Logo em seguida, assim que desligava o telefone, este mesmo homem ia na casa do doador e se passava por colaborador da igreja. Ele alegava que estava indo buscar o dinheiro em meu nome. Soube de pessoas que chegaram a doar R$ 600, o que é uma situação grave. Pelo que soube, ele voltou a agir da mesma forma. Pedimos encarecidamente que as pessoa não deem dinheiro, não vendemos ou pedimos dinheiro na rua ou nas casas”, advertiu.

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Missa do Impossível é celebrada pelo padre Pierre toda terça-feira (Foto: Fernando Priamo)

Homem é preso após se passar por religioso para conseguir dinheiro

A Tribuna teve acesso a um Registro de Evento de Defesa Social (Reds), datado de 10 de setembro deste ano, no qual uma mulher, de 69 anos, moradora do Bairro Santa Luzia, na Zona Sul, foi abordada em casa por um homem, pedindo a contribuição de R$ 25. O dinheiro, segundo o homem, seria usado para dar assistência ao filho dele, que estaria internado num hospital da cidade. No mesmo registro, um comerciante do bairro, 35, relatou que foi procurado por homem com as mesmas características, que teria se passado por pastor e que precisa de R$ 40 para fazer anúncio de um evento de sua igreja. Uma terceira vítima, uma comerciante de 42 anos, também procurou a Polícia Militar, relatando que recebeu a ligação de um homem que se apresentou como sendo o padre Pierre, solicitando a quantia de R$ 30, para fazer panfletos para um evento da Igreja Católica. Conforme a vítima, depois de concordar com a doação, um homem esteve na casa dela para buscar o dinheiro. Todavia, na ocasião, ela ficou desconfiada e não fez a doação, porque o suspeito não teria comprovante de doação para entregar a ela.

Neste dia, o comerciante, de 35 anos, ao caminhar pelo bairro, deparou-se com o suspeito na praça e acionou a PM. Os militares chegaram ao local e abordaram o suspeito, constatando que havia um mandado de prisão em aberto contra ele. O homem, 57 anos, foi conduzido para a Delegacia de Santa Terezinha. Ainda conforme o Reds, durante o registro da ocorrência no plantão da delegacia, apareceram outras vítimas, relatando caso de estelionatos. Uma delas denunciou que doou R$ 20 para ajudar na assistência ao filho, que o homem disse que estava com sarampo. A vítima também ressaltou que uma tia dela, de 84 anos, fez a doação da mesma quantia para o suspeito, que foi reconhecido por elas.

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Em outro Reds que a Tribuna teve acesso, do dia 18 de janeiro deste ano, o homem preso aparece como autor em mais uma tentativa de golpe. No documento, uma mulher, 39, acionou a PM e narrou que o suspeito compareceu à loja dela, na Rua Jarbas de Lery Santos, no Centro, e pediu dinheiro em nome de uma igreja evangélica. Ele contou que seriam realizados diversos eventos religiosos e que precisava de dinheiro para contratar o show da cantora gospel Aline Barros. A vítima fez a doação de R$ 20. Porém, ao ser contatada, a administração da igreja identificada pelo homem afirmou que não tinha conhecimento a respeito de pedidos de doações e que não autorizava esse tipo de prática. O suspeito chegou a ser detido pelos seguranças da loja e entregue à PM, que o conduziu para a delegacia.

Após ter acesso aos Registros de Evento de Defesa Social (Reds), a Tribuna entrou em contato com a Polícia Civil a fim de saber se há em andamento inquérito policial no qual o suspeito é investigado. Em nota, foi informado que o homem foi indiciado pelo crime de estelionato pelo delegado Vitor Fiuza, titular da 7ª delegacia. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que o suspeito está preso no Ceresp desde 11 de setembro.

 

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