Políticos e representantes de entidades empresariais de Minas Gerais denunciaram, nesta quarta-feira (4), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o desmonte de, pelo menos, sete unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) no estado, incluindo o Sesc Pousada em Juiz de Fora. Conforme vereadores de cidades afetadas, a medida estaria ocorrendo por retaliação política. Encabeçado pela deputada Sheila Oliveira (PSL), o assunto foi discutido durante audiência pública da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas. Apesar das alegações dos parlamentares, o Sesc negou questões políticas, informando que o serviço passa por revisão de custos.
Ao fazer uso da palavra, o vereador José Roberto Cajaíba de Oliveira, de Teófilo Otoni, disse que as cidades, cujas instalações fecharam as portas, estariam entre as que mais se manifestaram a favor de uma gestão ética na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), fazendo referência ao fato de a direção anterior ser investigada por improbidade administrativa e desvios de recursos. O Sesc e a Fecomércio são instituições interdependentes, que, juntas, buscam oferecer uma rede de proteção e prestação de serviços no Estado. “Minas está na contramão de outros estados ao reduzir investimentos, enquanto obras do Sesc são inauguradas pelo país”, disse ele, citando investimentos em reformas de unidades de São Paulo, Piauí e Pernambuco. Até agora, as cidades atingidas pelos fechamentos, além de Juiz de Fora, são Teófilo Otoni, Almenara, Bom Despacho, Santos Dumont, Muriaé e Janaúba.
Apesar de o argumento de crise econômica ser o apontado para a suspensão das atividades no Sesc Pousada, o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, avalia como inconsistente, mediante os dados apresentados no encontro. “A explicação foi dada, mas não creio que convenceu”, frisou o dirigente ao cobrar uma “argumentação transparente”. À Tribuna ele reafirmou a perda pelo fechamento da unidade localizada no Bairro Nova Califórnia, na Cidade Alta, uma vez que o local “tem grande importância social, que abrange os trabalhadores do comércio e toda a população”. Beloti destacou também que o Sesc, ainda que seja alimentado pela iniciativa privada, tem interesse público e, por isso, não existe para dar lucro.
O Sesc integra o chamado Sistema S, composto por instituições que oferecem formação profissional, assistência técnica e atividades culturais. Apesar de não ser um sistema público, sendo administrado pelas entidades patronais de cada setor, o Governo faz o repasse das verbas arrecadadas. Também presente na audiência, Grijalva Duarte Júnior, diretor administrativo regional do Sesc, reafirmou que o sistema passa por readequação de sua estrutura, ressaltando que, desde maio, a gestão regional é compartilhada com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Conforme ele, em Minas há 35 unidades do Sesc, grande parte da década de 1970 e, por isso, necessitam de obras de reforma, segurança e acessibilidade. Ele sugeriu aos presentes a criação de grupo de trabalho na ALMG em defesa do Sistema S, para intervir junto ao Governo federal.
Novo encontro
A proponente da audiência, deputada Sheila, ao final do encontro, garantiu que irá agendar uma nova reunião a fim de tratar dos apontamentos feitos na discussão desta quarta, como, por exemplo, a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a situação. A Tribuna não conseguiu contato com a federação nesta quarta-feira (4), em tentativas feitas no final do dia.