A estudante universitária suspeita de atropelar e matar a idosa Maria Áurea de Jesus Pereira, de 78 anos, se apresentou à polícia na tarde desta quarta-feira (4), na 3ª Delegacia de Polícia Civil, em Santa Terezinha. Na parte da manhã, o advogado da jovem compareceu à unidade policial informando que ela iria se apresentar de maneira espontânea para ser ouvida pelo delegado responsável pelo caso, Rafael Gomes. Após prestar depoimento, a universitária, que possui carteira de habilitação, foi liberada por não estar em situação de flagrante. Um inquérito policial foi instaurado para apurar o ocorrido. O acidente ocorreu no início da noite da última terça-feira (3), na Rua Bezerra de Menezes, por volta das 18h30. O veículo era conduzido pela jovem, 20 anos, moradora do Bairro Nova Era, mesmo local onde ocorreu o atropelamento. Conforme o registro policial, Maria Áurea teria sido socorrida pelo Samu, mas não resistiu e morreu ainda no local.
Segundo o delegado Rafael Gomes, em seu relato, a universitária disse que seguia pela via principal e aguardava para fazer uma conversão à esquerda. “A estudante disse que havia saído de uma academia naquela região e estava com o veículo parado esperando para entrar na via. Ela saiu do ponto de inércia e quando acessou a Bezerra de Menezes, sentiu o impacto, percebendo que havia atropelado a senhora. Ela relatou que por medo e por ter ficado nervosa acabou arrancando com o carro, momento em que teria passado por cima do corpo da pedestre”, disse Rafael, acrescentando que a universitária afirmou não ter prestado socorro temendo linchamento.
“No momento do acidente houve grande aglomeração, e a jovem temia a reação de pessoas que passavam pelo local. Ela disse também que tentou parar para prestar socorro, no entanto, diante da presença de muitas pessoas na via, ligou para o pai para pedir ajuda e retornou para sua casa. Minutos depois, teria voltado até o local do acidente acompanhada de seu genitor. Entretanto, o número de curiosos era ainda maior. Neste momento, com medo, ela teria voltado para a casa onde mora com a família”, afirmou o delegado, acrescentando que a jovem chorava e tremia muito durante seu depoimento na delegacia.
Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais localizados nas proximidades do local do fato teriam gravado o momento do acidente. Elas serão solicitadas pela Polícia Civil, bem como as imagens da academia de ginástica, onde a suspeita estaria anteriormente. Testemunhas serão interrogadas para apurar a versão apresentada pela estudante. De acordo com as apurações, no local do acidente não há faixa destinada à travessia de pedestres.
Investigação
Segundo Rafael Gomes, o próximo passo da investigação é solicitar o laudo de levantamento de local, para entender as circunstâncias do acidente, e o laudo de necropsia da vitima, a fim de saber a real causa da morte, além de requisitar perícia no veículo e juntar tais provas aos relatos das testemunhas, que deverão ser ouvidas nos próximos dias. Exames toxicológicos da condutora do veículo também foram pedidos para apurar se ela fez uso de álcool ou drogas. “É um inquérito muito delicado, em que todas as circunstâncias serão apuradas, tanto em respeito à vítima fatal, quanto à condutora do veículo. Vamos ouvir todas as testemunhas e reunir todos os documentos para finalizar este inquérito”, ressaltou Gomes. Caso seja condenada, a estudante poderá responder por homicídio culposo na direção de veículo automotor com agravante de pena por omissão de socorro.