Entre os milhares de passageiros que utilizam o transporte coletivo em Juiz de Fora diariamente, é comum encontrar alguém que já esqueceu um pertence no ônibus. Documentos, sombrinhas e bolsas estão entre os objetos pessoais mais esquecidos, segundo o cobrador Anderson dos Santos. Mas nessa terça-feira (4), um acontecimento incomum chamou a atenção dele e do motorista Saulo Gage dos Reis. Os profissionais encontraram uma sacola com R$ 4 mil e um boleto bancário no ônibus em que trabalhavam, que faz a linha 305.
O fato aconteceu por volta das 10h desta terça, no trajeto entre o Bairro Jardim Esperança, na Zona Sudeste, e o Centro. Conforme o cobrador, um passageiro foi até ele e entregou a sacola, dizendo que alguém teria esquecido um documento no banco do ônibus. “A sacola estava amarrada, e o passageiro se sentou e viu. Ele me entregou, e eu coloquei na gaveta, nem conferi.” Quando o ônibus retornou para o ponto final no bairro, os trabalhadores resolveram abrir a sacola para conferir se havia, de fato, algum documento. Ao ler o nome no boleto, o motorista percebeu que conhecia o passageiro que havia perdido o dinheiro.
“Trabalho nessa linha há muito tempo e moro no bairro há 20 anos. Quando meu auxiliar abriu a sacola, vimos que tinha R$ 4 mil e um boleto bancário com o endereço do estabelecimento desse senhor. Em questão de meia hora já entregamos o dinheiro para a filha dele”, completa o motorista. O idoso ainda não tinha voltado para seu estabelecimento, onde o dinheiro foi entregue. Quando o ônibus retornou ao Centro, motorista e cobrador encontraram o idoso na rua. “Parecia que ele nem sabia aonde estava, de tão atordoado. Paramos o ônibus, o Anderson foi até ele e falou que o dinheiro já tinha sido entregue. Ele ficou muito emocionado, estava com dificuldade de falar por ter achado que tinha perdido o dinheiro”, lembra. A quantia, separada em notas de R$ 20 e R$ 50, estaria separada para o idoso pagar o boleto.
Questionado sobre a sensação de entregar o dinheiro ao dono, Saulo conta que não pensou duas vezes. “No momento, ficamos surpresos de ver uma quantia dessa perdida dentro do ônibus. Fiquei paralisado no momento, o valor é alto, mas temos nossos princípios e valores.” Para Anderson, foi um presente poder fazer essa boa ação. “Estamos vivendo uma crise, está tudo muito difícil, e eu tenho dívidas para pagar, mas fiquei muito mais satisfeito em poder devolver.”