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Capitão América usa ‘superpoder’ pela inclusão nas escolas

capitao america e seu filho benicio arquivo pessoal
Pai conta que a ideia da fantasia surgiu para mostrar a outras famílias que elas não estão sozinhas (Foto: Arquivo pessoal)
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Quase toda criança já sonhou em ser um super-herói igual aqueles de cinema. Para o menino Benício, de 6 anos, no entanto, a referência vem de casa. Por trás da máscara do Capitão América, está um pai que usa escudo e se esforça para transformar o mundo em um lugar mais inclusivo para acolher crianças como o seu filho. Daniel Gonçalves, 44 anos, encontrou na fantasia de herói uma forma de conscientizar, de maneira lúdica, sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Mobilizado por essa questão que também circunda a sua própria paternidade, Daniel se propôs a visitar escolas e a comparecer em eventos gratuitamente. Nesses encontros, o Capitão América é quem assume a cena para falar diretamente às crianças sobre a importância da alteridade. Segundo ele, os mais novos têm uma maneira única de assimilar o mundo e, por isso, dialogar com crianças é fundamental. “Nenhuma criança nasce preconceituosa, racista e homofóbica”, diz Daniel, ao explicar que o respeito às pessoas com deficiência (PCD) pode ser um valor construído desde cedo.

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Natural de Recreio, Daniel mora há 18 anos em Juiz de Fora e trabalha como cozinheiro em uma rede hoteleira da cidade e voluntário da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Filho de mãe solo, ele encontrou em seu filho Benício a oportunidade de ser um pai que não teve e de oferecer toda a dedicação que uma criança precisa.

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A vontade de fazer a diferença ultrapassou as paredes de sua própria casa, onde junto com a esposa cria o filho autista suporte nível dois e não verbal. O ‘Capitão América juizforano’ surgiu há cerca de quatro anos a partir desse ímpeto de mostrar para outras famílias que elas não estavam sozinhas. Após fazer uma pesquisa e descobrir que já havia um Homem Aranha na cidade, Daniel explorou outras figuras, até se encontrar na armadura do capitão.

Educação inclusiva pode ser divertida

Uma das instituições que o Capitão América visitou foi a Escola Estadual Teodorico Ribeiro de Assis, no Bairro Furtado de Menezes. O convite chegou por meio de uma professora, que soube que Daniel havia ido falar sobre educação inclusiva por meio de brincadeiras na escola da sua filha.

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De acordo com Karen Rosa, professora há onze anos, o momento foi especial para aquelas crianças, que, muitas vezes, não possuem outras possibilidades de diversão senão no local. “Eu sou graduada e pós-graduada em educação especial e aprendi muito com ele, com a presença dele na nossa escola”, elogia a professora.

Na ocasião, Daniel contou sua vivência com o filho e demonstrou como a inclusão pode ser simples e aplicada no cotidiano. A maneira de lidar com o autista em sala e exercitar a paciência foram outros aspectos abordados. Para além disso, foi passado aos alunos como o ato de bater palma pode despertar nervosismo nessas crianças e que existem outras formas de demonstrar animação. “Havia duas ou três crianças autistas durante a visita a essa escola, então foi importante ensinar como mexer a mão em braile, em vez de bater palma”, esclarece Daniel.

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Logo de início, foi possível notar a recepção dos alunos para a atividade com o Capitão América. A professora conta que eles ficaram felizes, emocionados e deslumbrados com a presença do herói, que foi acompanhado do Homem Aranha, para o deleite de todos. “Como qualquer outra pessoa, as PCDs têm direito de estar nos lugares e participar das brincadeiras, mesmo com quaisquer diferenças que elas tenham. A criança pode precisar de apoio e cabe aos coleguinhas criarem essa rede de apoio também”, explica o pai.

Capitão América e Homem Aranha visitam escola no Furtado (Foto: Arquivo pessoal)

Daniel conta que, durante as visitas, acaba sempre lembrando ainda mais do filho. Um dos alunos autistas que ele conversou quis ir em seu colo e até tocou na máscara do herói. Para alguém do espectro isso é um grande passo.

Se olhar um pouco mais de perto é possível ver, inclusive, que a sensibilidade seria o superpoder de Daniel quando se transforma em Capitão América, embora não seja de fato a fantasia que o faça ser visto como herói por tantas crianças, ou até mesmo pelo seu filho, que, particularmente, não é fã de heróis. Contudo, é adorador do pai.

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