Apesar da variante Ômicron estar se mostrando, até o momento, mais branda que as anteriores, o aumento no número de casos em janeiro alarmou os especialistas. De acordo com infectologistas, os não vacinados são os mais atingidos, dentre eles as crianças. Essa faixa etária só começou a receber o imunizante em meados de janeiro e, por isso, deve redobrar os cuidados para evitar o contágio neste momento.
Para o infectologista e pediatra Mário Novaes, “o cenário é o pior em toda a pandemia para as crianças. E, se continuar desse jeito, ainda pode piorar muito”. De acordo com ele, o aumento disparado de casos no mês de janeiro com a variante Ômicron e o relaxamento dos protocolos sanitários estão atingindo de forma mais agressiva esse grupo, que não pôde receber a vacina antes. Novaes explica que apesar de muitas famílias estarem agora se sentindo mais protegidas contra o vírus, não se pode esquecer que a imunização completa é com todas as doses exigidas.
A Prefeitura de Juiz de Fora, em nota técnica sobre o aumento dos casos da Ômicron e recomendou que os responsáveis “evitem levar as crianças em quaisquer espaços e atividades que possam, pela ocorrência de aglomeração ou fragilidade na observação rígida dos protocolos do Programa ‘Juiz de Fora Viva’, expô-las ao risco de contaminação com a variante”.
O infectologista Marcos Moura afirma que, durante a alta de casos, essas saídas devem ser apenas para atividades essenciais. “No momento, é melhor não levar as crianças ao cinema, festas, restaurantes ou espaços com aglomeração recreativa. Até para que outras atividades essenciais, como a volta às aulas, possam acontecer, é preciso aumentar os cuidados neste momento”, diz.
A situação exige ainda mais cuidados das crianças que possuem alguma comorbidade e ainda estão recebendo as doses do imunizante. Até receberem todas as doses e o contágio diminuir, Novaes afirma que é preciso que as famílias se atentem a esse risco e sigam de forma rígida todos os protocolos de segurança.
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Consequências para a saúde ainda são imprevisíveis
Em seu consultório, Novaes já percebe o reflexo do aumento de casos, com quadros graves e sequelas nas crianças, as mesmas que os adultos, ou seja, síndrome respiratória sistêmica, problemas cardíacos e danos à memória.
Mas, como o especialista explica, ainda não há estudos suficientes sobre todos os riscos e as consequências da Covid-19 nessa faixa etária. “A gente ainda não sabe o que pode acontecer no futuro com as crianças. O foco, antes, era como a doença impactava os adultos. É preciso se cuidar ao máximo nesse momento”, diz.
Ômicron: necessidade de máscara correta e adaptável
Estudos já revelam que a variante Ômicron é ainda mais transmissível que a Delta. Por isso, os cuidados para evitar a transmissão devem ser intensificados. Para Novaes, é preciso que os pais realmente reforcem essa necessidade e providenciem máscaras adequadas para as crianças, adaptadas aos seus rostos. Ele destaca que as mais eficazes são a PFF2 e a N-95, mas, considerando que não é acessível para todos, recomenda que seja usada ao menos outros modelos que cubram corretamente nariz e boca.